O presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), José Velloso Dias Cardoso, avalia como positivo o convite enviado pela Petrobras a 30 empresas estrangeiras para participar de licitação para a retomada da unidade de processamento de gás natural do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), mas pondera que a estatal não pode deixar de resolver a questão dos fornecedores contratados por epecistas (empresas responsáveis pela construção e montagem da unidade) que já entregaram equipamentos para a unidade na gestão anterior da companhia, mas não receberam por isso.
"Muitas empresas que foram contratadas para fornecer para o Comperj, para (a refinaria) Abreu e Lima e para as plantas de fertilizantes entregaram os equipamentos que estão nas dependências da Petrobras sem pagamento", afirmou Cardoso. A Abimaq tem 1.500 associados, sendo que metade deles tem alguma relação com a Petrobras e 400 vivem diretamente da empresa, segundo o presidente da entidade.
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Cardoso disse que as empresas fornecedoras foram procuradas por então diretores e pela ex-presidente da Petrobras, Graça Foster, porque não queriam entregar os equipamentos. "Só entregamos porque diretores da Petrobras pediram, reuniões foram feitas dentro da Petrobras com diretores e a presidente à época (Graça Foster) e a companhia se comprometeu a resolver o problema. Então o Pedro Parente (atual presidente) não pode falar que o que aconteceu antes dele não é problema dele."
Segundo o presidente da Abimaq, a Petrobras tem se posicionado como se o problema fosse exclusivamente dos fornecedores com as epecistas - estimadas entre 25 a 30 empresas. "Tem que resolver os problemas que a Petrobras causou para os fornecedores dos clientes que a companhia elegeu", afirmou.
Cardoso, por outro lado, acredita que a retomada das obras no Comperj resolve parte do problema da indústria nacional de equipamentos. A estatal enviou cartas-convite a fornecedores estrangeiros do segmento de engenharia na semana passada para que apresentem propostas para a instalação da Unidade de Processamento de Gás Natural (UPGN) do Comperj, onde será tratado o gás natural que será produzido no pré-sal no início da próxima década.
"É positivo porque vamos vender para novos players do mercado. Se trouxer novas (empreiteiras) e começar a desengavetar projetos que estavam parados por falta de fornecedores, será ótimo. Parte do problema estará resolvido. Mas não pode esquecer os problemas anteriores", afirmou. Ele destaca que a maioria das empresas que fornecem para a cadeia de óleo e gás está sem atividade desde 2013.
O presidente da Abimaq não vê problemas na busca por empresas estrangeiras, sendo que parte delas são multinacionais. "Empresa estabelecida no Brasil, que produz no País, é nacional e gera emprego e renda no País."
Procurada, a Petrobras informou que não pode assumir compromissos no lugar de fornecedores contratados inadimplentes e que, no caso da UPGN, os valores previstos contratualmente já foram pagos pela companhia. "A Petrobras, assim como a Constituição, considera que são empresas brasileiras aquelas constituídas sob a legislação nacional, independentemente da origem de capital. A companhia observa ainda que para executar as obras na UPGN em Itaboraí (RJ) é necessário que a ganhadora da licitação invista e gere empregos no Brasil", disse em seu posicionamento.
Fonte: Tribuna online