São Paulo/Brasília. Diante da notícia de que o governo da presidente Dilma Rousseff resiste a uma fórmula de reajuste automático de preços dos combustíveis, as ações mais negociadas da Petrobras fecharam ontem em forte queda de 6,29%, a R$ 19,08. Foi a maior desvalorização diária desde 25 de junho de 2012, quando os papeis da estatal perderam 8,95%.
Conselho de Administração da Petrobras deve se reunir na próxima sexta-feira (29) para chegar à solução sobre reajuste de combustíveis Foto:Natinho Rodrigues
O desempenho negativo da empresa pressionou o Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, que fechou o dia em baixa de 1,56%, a 51.446 pontos -menor pontuação de fechamento desde 30 de agosto, quando ficou em 50.011 pontos. Já as ações ordinárias da Petrobras, menos negociadas, terminaram o dia com desvalorização de 6,43%.
Preço da gasolina em debate
O Conselho de Administração da Petrobras vai se reunir na sexta-feira (29) para chegar a uma solução sobre o reajuste da gasolina. Atualmente, a estatal é obrigada a comprar derivados de petróleo no exterior por um preço maior do que o valor de venda no Brasil para não ferir a política de controle da inflação do governo.
A proposta da diretoria da empresa de uma nova fórmula para o ajuste da gasolina e do diesel funcionaria como um gatilho que dispararia automaticamente uma ou duas vezes por ano, equalizando os preços internos com externos. Contudo, segundo especialistas, a fala do ministro da Fazenda, Guido Mantega, hoje, afastou a possibilidade que reajustes automáticos nos preços dos combustíveis.
"Os investidores tinham expectativa de que o governo pudesse ceder à proposta de nova metodologia de preços da Petrobras, mas as declarações de Mantega jogaram um balde de água fria sobre esse cenário", diz Marcio Cardoso, sócio-diretor da Easynvest Título Corretora.
O analista Marcelo Torto, da Ativa Corretora, não descarta que pode haver novo reajuste nos preços da gasolina do diesel até o final deste ano, mas a definição sobre a nova metodologia de preços deve ficar para 2014.
Sem indexação econômica
Na fala mencionada pelos analistas, o ministro da Fazenda disse que o reajuste dos combustíveis não pode ser feito de modo a criar uma nova indexação na economia. Ele destacou que o governo vem justamente trabalhando para reduzir as correções automáticas de preços, que são herança dos tempos de hiperinflação.
Apesar de ser presidente do Conselho de Administração da Petrobras, ele voltou a se esquivar de responder se haverá aumento ainda neste ano, argumentando que a decisão cabe a direção da empresa. No entanto, é justamente do governo que parte a resistência em conceder o reajuste pleiteado pela estatal.
"Nós estamos amadurecendo uma modalidade, não vou dizer nem uma fórmula, para eventual reajuste do combustível. Evidentemente, não pode ser uma indexação. Porque nós estamos trabalhando no Brasil para desindexar, para reduzir a inflação", disse Mantega, durante coletiva de imprensa ontem.
Combustível
"Estamos amadurecendo uma modalidade para eventual reajuste Evidentemente, não pode ser uma indexação"
Guido Mantega
Ministro da Fazenda
Fonte: Diário do Nordeste (CE)
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