A Petrobras adiou pela quarta vez a entrega das propostas comerciais da licitação para a construção de 28 sondas de perfuração que serão construídas no Brasil para atuarem no pré-sal, informaram participantes do processo. O adiamento desta vez é de pouco tempo, para o dia 27 de junho, mas não está descartado um novo adiamento mais longo. A decisão foi tomada a pedido das indústrias que estariam enfrentando dificuldades para compor exatamente os consórcios para a disputa. Além deste adiamento, a licitação poderá sofrer contestação administrativa e até mesmo judicial, afirmaram os participantes. Eles têm até sexta-feira (18) para apresentar sua contestação à decisão da estatal de manter na disputa pelo menos três participantes, que pretendem utilizar um projeto de design desenvolvido pela empresa Gusto, ligada à SBM.
Segundo documentos, e que serão utilizados na contestação, o projeto da Gusto não está alinhado às normas de segurança utilizadas para plataformas e sondas, pondo em risco não somente a embarcação como a vida dos trabalhadores que lá atuarem. O projeto prevê que em caso de tempestades, não somente a tripulação como partes da embarcação sejam removidas.
Em alguns casos, argumentam técnicos do setor, é inviável remover os equipamentos citados durante uma tempestade, por conta de seu peso, que exigiria guindastes especiais para a remoção. Dos nove concorrentes, utilizam o projeto da Gusto o consórcio formado por Alusa e Galvão Engenharia; a construtora Andrade Gutierrez e o estaleiro EISA-Alagoas.
O Keppel Fels utilizou o projeto como base, mas fez as alterações necessárias para minimizar os problemas apresentados. O projeto da Gusto - empresa ligada à SBM, com sede em Mônaco - foi apresentado pela Petrobras como uma das alternativas de design possíveis para as sondas. Outros dois projetos também poderiam ser utilizados alternativamente: da norueguesa LMG Marin e da coreana Samsung. A licitação da Petrobras está dividida em lotes de sete sondas, sendo que cada vencedor poderá levar apenas um lote. Se os preços apresentados pelos concorrentes estiverem dentro do orçamento da estatal, os quatro lotes poderão ser contratados apenas nesta licitação. Caso fujam do previsto pela companhia, seriam contratados apenas dois lotes.
A previsão é de que a encomenda das 28 sondas some um total de US$ 25 bilhões. Dos nove grupos que disputam esta licitação, dois (Engevix e STX) foram desqualificados pela Petrobras em nota técnica enviada aos concorrentes na última segunda-feira. Um deles, o Eisa Alagoas, foi mantido nesta disputa, mas desqualificado em outra para a construção de duas sondas submersíveis, o que também deverá ser levado à diretoria da estatal na contestação.
Sem querer se manifestar sobre o processo licitatório, a Petrobras confirmou a qualificação, além do Eisa-Alagoas, Alusa-Galvão, Andrade Gutierrez e Keppel Fels, o estaleiro Jurong, que construiria as unidades no Espírito Santo, o EAS, de Pernambuco, e o consórcio formado pelas construtoras Odebrecht e OAS, com a UTC. As empresas que utilizam o projeto preferiram não se manifestar sobre o tema.
Além da contestação sobre a utilização do projeto de design, os concorrentes que se mantém na disputa também deverão levar à diretoria da Petrobras o fato de o consórcio formado pela Alusa e pela Galvão ter apresentado a chinesa Cosco, como sendo seu suporte técnico internacional. A Petrobras exigiu na licitação que, devido à inexperiência de todos os grupos na construção de sondas de perfuração, cada um apresentasse suporte de uma empresa estrangeira com vasta experiência na área, com unidades já em operação. A Cosco, no entanto, teria construída apenas uma sonda para tal profundidade exigida pela Petrobras, entregue para a própria estatal brasileira em março, mas ainda sem ter entrado em operação.
Fonte: Monitor Mercantil
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