Royal Haskoning, referência em diques, quer ampliar presença no mercado brasileiro e apresenta equipamento sem similar no Brasil
Buscando maior participação na indústria naval brasileira, a companhia britânica Royal Haskoning apresentou na Navalshore 2009 um equipamento inédito no Brasil para estaleiros, o Hydrolift, sistema que substitui o dique seco e as carreiras. Atualmente em uso em Dubai, o Hydrolift permite que embarcações sejam construídas em terra e levadas em um
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suporte, por meio de rampas, até um tanque, de onde são lançadas ao mar.
“O projeto usa a água para movimentar o casco semissubmersível. O navio é construído em terra firme e, por um sistema de bacias interligadas, em vários níveis, é lançado na água. É possível fazer o caminho de volta, também, do mar para o estaleiro. Com isso, você pode construir mais de uma embarcação em terra firme, depois movê-las até o tanque e lançá-las ao mar. Com o dique seco, você só pode construir uma de cada vez. O sistema tem uma limitação, não comporta embarcações muito pesadas, porque a flutuação é de até cinco metros”, explicou o diretor de Desenvolvimento de Negócios, David Greenhalg.
O tanque para onde a estrutura é movida, inicialmente seco, é inundado com água do mar por meio de bombas até um nível de cinco metros acima do solo e nove metros acima do nível do mar. Com o tanque inundado, a embarcação é movida por cordas até uma área adjacente, também inundada com água do mar, porém mais profunda. Em seguida, as válvulas do portão são abertas, para nivelar a água no tanque ao mar, e o portão é retirado, para que o navio deixe o estaleiro. O Hydrolift pode ser usado para mover navios de até 120 metros de comprimento.
Além do novo sistema de lançamento, a Royal Haskoning também faz o planejamento da construção de estaleiros e diques secos; planejamento e design da parte de produção de aço; projetos de terminais e consultoria ambiental, entre outras atividades. “A Royal ajuda o cliente a adaptar soluções e sistemas à sua necessidade, ao tipo e porte do estaleiro que ele pretende construir. Fazemos uma investigação prévia antes da construção, com análise do solo ao redor da área que receberá o dique. O custo do dique é muito influenciado pela qualidade do solo em que é construído e pela drenagem”, explicou Greenhalg.
A empresa tem hoje 92 escritórios em 39 países e emprega cerca de quatro mil pessoas. No Brasil atua desde a década de 1970, quando substituiu a porta-batel original do estaleiro Mauá, de 1890, também de fabricação inglesa. A companhia também participou das obras do Estaleiro Atlântico Sul (EAS), no porto de Suape, em Pernambuco, e do estaleiro Rio Grande. “Fizemos os projetos das portas-batel dos dois estaleiros e prestamos assistência técnica à empresa responsável pelo projeto em Suape, a EPC”, contou o executivo. Segundo ele, a Royal Haskoning já se envolveu em 15 projetos de diques secos em todo o mundo.
Greenhalg se disse surpreso pelo interesse brasileiro em ampliar seu parque industrial, com a construção de novos estaleiros e conta com a possibilidade de crescimento das atividades offshore, com a exploração da camada pré-sal, para realizar negócios no país.
“Algo aconteceu por aqui, foi repentino. Há quatro anos, visitamos o país e havia pouca atividade na indústria naval. Hoje, há várias oportunidades. Já recebemos sondagens de grupos brasileiros para alguns projetos”, revelou.