A Queiroz Galvão Exploração e Produção (QGEP) mantém o interesse por áreas do pré-sal, mesmo após a venda da concessão BM-S-8 (Carcará) no pré-sal da Bacia de Santos, para a norueguesa Equinor, ex-Statoil, sustentou o presidente da companhia, Lincoln Guardado.
“Apesar da venda que fizemos de Carcará, continuamos interessados no pré-sal, sempre cotejados pela nossa capacidade de participar das licitações”, afirmou o executivo.
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No caso do pós-sal da bacia de Santos, a QGEP estuda algumas medidas para elevar a produção do campo de Atlanta, como destacou Guardado durante teleconferência com analistas para comentar desempenho da empresa no segundo trimestre, com alta de 39,6% no lucro líquido perante um ano antes, para R$ 85,1 milhões.
Na quarta-feira, a petroleira informou uma nova redução nas estimativas de produção do ativo, para uma média de 13 mil barris/dia, com uma margem de variação de 10% para mais ou para menos — quando considerada a média diária.
A estimativa é válida até a entrada em operação do terceiro poço do sistema de produção antecipada de Atlanta no segundo trimestre de 2019. Segundo Guardado, o início da produção do terceiro poço poderá aumentar em cerca de 10 mil barris/dia o volume em Atlanta.
Inicialmente a QGEP previa uma produção de 20 mil barris/dia nos dois primeiros poços. Em maio, a petroleira já havia informado que a produção ficaria entre 10% e 20%, abaixo da estimativa inicial, devido a falhas nas bombas do sistema produtivo.
“Gostaria de reforçar que o principal mérito do sistema de produção antecipada de Atlanta é para dar elementos sobre o fluxo de produção e o comportamento do reservatório. E as produções já observadas vieram em plena consonância [com as expectativas]”, disse o executivo.
A QGEP atribui a redução as estimativas de produção de Atlanta à falha das bombas de fundo dos dois primeiros poços logo após o início da produção, o que reduziu a eficiência operacional do ativo. Os poços estão operando por meio das bombas no leito marinho, o que reduziu os níveis de produção anteriormente previstos. Segundo Guardado, as falhas estão em avaliação.
“Estamos estudando medidas para aumentar a produção [de Atlanta], fazendo uma avaliação técnica econômica para substituição das bombas após a perfuração do terceiro poço”, afirmou o executivo.
Com a perfuração desse poço e a troca das bombas, a QGEP espera elevar para entre 27 mil e 30 mil barris/dia a produção do campo de Atlanta a partir do segundo trimestre do próximo ano.
Ao ser questionado sobre o interesse da empresa pelos ativos colocados à venda pela Petrobras na Bacia Sergipe-Alagoas, o presidente da QGEP disse que, a princípio, vê dificuldades para que a companhia compre, sozinha, os ativos. A Petrobras colocou à venda fatias minoritárias de 20% a 50% em quatro concessões. “Vemos alguma dificuldade de participar isoladamente”, afirmou.
Na 13ª Rodada de Licitações da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), a Queiroz adquiriu 100% de participação e operação em duas concessões na Bacia de Sergipe-Alagoas. Na 14ª Rodada, o mesmo consórcio adquiriu mais dois blocos nessa Bacia, sendo que a Exxon Mobil tornou-se operadora dessas concessões. Na rodada seguinte, a Queiroz adquiriu participações em mais dois blocos, em parceria com a Exxon-Mobil, operadora com 50% de participação, e a Murphy Oil, com 20%.
Dividendos
Internamente, a QGEP avalia a possibilidade de nova distribuição extraordinária de dividendos a seus acionistas. A diretora financeira e de relações com investidores da companhia, Paula Corte-Real, observou, contudo, que o foco da alocação do caixa da empresa hoje está voltado para o financiamento da expansão da petroleira.
“Não queremos comprometer a ‘financiabilidade’ da companhia no longo prazo. O foco inicial é o crescimento da companhia, mas, quando houver excesso de caixa, vamos considerar [a distribuição extraordinária]”, afirmou.
Ela lembrou, contudo, que a empresa possui uma política de dividendos que prevê uma remuneração de R$ 0,15 por ação, e que ela continua valendo.
A QGEP encerrou o segundo trimestre com um saldo de caixa da ordem de R$ 1,8 bilhão. A companhia anunciou neste ano uma distribuição extraordinária de R$ 400 milhões, porque identificou um excesso de caixa devido ao recebimento das duas primeiras parcelas pela venda da concessão de Carcará para a norueguesa Equinor.
Segundo Paula, a expectativa é receber a terceira e última parcela, no valor de US$ 144 milhões, em 2020.
Fonte: Valor