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´Proposta é inadequada´, conclui IAB-CE

27/03 Os maiores impactos da localização apontados são sobre a malha urbana e a paisagem litorânea da cidade de Fortaleza
"É inadequada a proposta de instalação do estaleiro Promar na Praia do Titanzinho, no bairro do Serviluz, em Fortaleza". Essa é a conclusão do Instituto de Arquitetos do Brasil - Departamento Ceará (IAB-CE) que espera por fim a polêmica em torno da implantação do empreendimento naquela região. O posicionamento foi revelado ontem pela manhã à imprensa, acompanhado de relatório contendo os pontos chaves que respaldam o parecer da instituição.
Os maiores impactos da localização apontados pelo IAB-CE são sobre a malha urbana e a paisagem litorânea da cidade. O documento será encaminhado ao governo do Estado e autoridades envolvidas na questão.
Longo prazo
De acordo com o presidente do IAB-CE, Odilo Almeida Filho, num primeiro momento o Promar até pode gerar emprego e renda para a comunidade do Serviluz, mas dentro de uma visão de longo prazo e considerando as vocações naturais daquela área, ela é mais adequada ao turismo, serviço, comércio e habitação. Segundo ele, o maior impacto da instalação do estaleiro na praia do Titanzinho seria sobre a malha urbana e a paisagem litorânea. "Será difícil remover os impactos de um estaleiro naquela região, retirando dela outras possibilidades de utilização", argumenta.
Odilo Almeida chama a atenção para a extensão que pode vir a ter o projeto e seus reflexos na urbanização da zona litorânea da Capital. "Todo empreendimento urbanístico tem área de influência. Não tem sido estudado isso em relação ao estaleiro. Ele pode se estender a uma área mais nobre, como a Praia do Futuro", alerta.
O técnico destacou a inexistência de um plano concreto de acesso a área do estaleiro. "O projeto de acesso não está feito. O que existe é só uma imagem virtual do empreendimento. Haverá impacto sobre o trânsito, mas isso não foi avaliado. Estão discutindo sobre um projeto que ainda não foi feito. O que o Estado apresentou foi um estudo de impacto feito em 1990 e uma licença ambiental de 1995, que não correspondem a realidade atual", frisa. Quanto a malha urbana, o presidente do IAB-CE diz que a questão também não foi estudada, nem foram apontadas soluções para o problema.
No documento, que resultou de seis semanas de análises e debates envolvendo 21 técnicos do Instituto de Arquitetos do Brasil - Departamento Ceará, a entidade explica que seu parecer foi norteado, inicialmente, pelo fato de a proposta do estaleiro não ser parte integrante de qualquer recomendação, diretriz ou política do planejamento urbano indicada para aquele setor da cidade, com base nos vários diagnósticos e planos realizados pelo município de Fortaleza nos últimos anos.
CONTRA O PROJETO
Comunidade realiza manifesto na Lubnor
Moradores do bairro Serviluz e movimentos sociais realizaram, ontem, um ato público contra a construção do Estaleiro Promar Ceará na praia do Titanzinho. De 8 às 11h30, os manifestantes se concentraram em frente ao acesso principal da Unidade de Lubrificantes e Derivados de Petróleo do Nordeste (Lubnor), mini-refinaria da Petrobras localizada na região. No local, realizaram panfletagem e pronunciaram-se contra a iniciativa perante à Transpetro - braço da estatal brasileira que realiza o transporte de petróleo e seus derivados -, licitante dos oito gaseiros que podem ser construídos pelo Promar Ceará, caso este saia vencedor do certame.
Os moradores aproveitaram o ato público para entregar um documento a ser encaminhado ao presidente da Transpetro, Sérgio Machado, cujo conteúdo mostra a posição contrária da comunidade com relação ao empreendimento na região, além de conter questionamentos sobre a licença prévia para o projeto. De acordo com Pedro Paulo, membro do Conselho Gestor da ONG Serviluz Sem Fronteiras, os manifestantes foram recebidos por dois dirigentes da companhia, que ficaram de enviar o documento, assinado por representantes de entidades que se opõem à instalação do estaleiro. Além disso, os dirigentes ficaram de agendar uma reunião entre a direção da Transpetro e a comunidade.
Entretanto, segundo a assessoria de imprensa da estatal, não ficou acertado nenhum encontro com dirigentes da companhia, mas que a carta entregue pelos moradores seria encaminhada a Sérgio Machado. De acordo com os organizadores, o ato reuniu cerca de 300 manifestantes. Já a Polícia Militar, que foi mobilizada para inibir invasões e bloqueio da avenida, estimou em pouco mais de 150.
O professor de surfe João Carlos Sobrinho, conhecido por Fera, aproveitou o protesto para criticar a "cruel prática de desocupação das famílias de seus lugares de origem, ação que acarreta em perda dos laços afetivos com a comunidade".

Fonte: Diário do Nordeste


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