Navalshore 2024

Atendimento é o detalhe

 

Carteira de pedidos abarrotada nos estaleiros, encomendas da Transpetro e exploração do pré-sal. Com o atual momento pelo qual passam os setores naval e offshore, os fornecedores de sistemas de comunicação via satélite acreditam que os próximos anos

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serão de crescimento nas vendas. O aumento, no entanto, poderia ser ainda mais significativo se a carga tributária brasileira não fosse tão elevada.

 

De acordo com o diretor comercial da provedora de soluções telecomunicações via satélite Arycom, Ciro Chudo, os tributos que incidem sobre as importações encarecem o produto final. “Sobre os produtos que vendemos incidem vários tributos. Isso é um entrave para a maior disseminação dos equipamentos”, lamenta. O diretor da Ulstein Belga Marine, André Britto, também concorda que a alta taxa de impostos tem inibido as vendas locais.“Acredito que já está na hora de o governo reavaliar os tributos para estes tipos de equipamentos de comunicação em função da necessidade do mercado”, sugere.

O diretor comercial para a área offshore da Radiomar, Luís Pinho, concorda com o concorrentes. “Impostos sobre produtos importados no Brasil elevam em cerca de 70% o custo de equipamentos”, calcula. Pinho destaca ainda que diversos estaleiros brasileiros são associados a grupos estrangeiros, cujas matrizes fornecem a solução pronta para execução pelos parques brasileiros. Nisso está incluído o fornecimento dos pacotes de equipamentos eletrônicos, ignorando assim a existência de empresas brasileiras na nossa área, a qual está estruturada para prestar todo o suporte na venda, projeto, instalação e serviço pós-venda”, reclama.

Em razão da isenção de impostos, muitas vendas são realizadas diretamente dos fabricantes internacionais para os estaleiros. De acordo com o presidente da Maradi, Edivaldo Motta, a falta de isenção de impostos impossibilita a importação de equipamentos para se ter em depósito. “Não compro equipamentos para colocar em estoque, porque sai muito caro. Só tenho produtos pequenos em estoque, não há como comprar e revender no Brasil, porque o estaleiro ou o armador não vai ter isenção. Então ele importa direto para se beneficiar”, diz, lembrando que as obras de embarcações inscritas no Registro Especial Brasileiro (REB) têm isenção na importação de equipamentos, o que não acontece com as empresas que atuam como representantes de fornecedores internacionais.

A Maradi representa marcas mundialmente reconhecidas e presta suporte integrado do projeto e da seleção de equipamentos até a operação final do navio.

 

Dados. A transmissão de dados e voz em velocidade cada vez maior é um dos principais aspectos das inovações tecnológicas dos sistemas de comunicação via satélite. “Hoje a pessoa quer ter a bordo da embarcação a mesma velocidade que tem em casa, não importa que esteja em alto-mar. O objetivo é dar velocidade sem perder a disponibilidade”, afirma Chudo, da Arycom. Diversas soluções são oferecidas pela companhia. Segundo o diretor, a aplicação mais básica, mas que ainda está se difundindo bastante na área marítima, utiliza o sistema Inmarsat-C. O executivo explica que são pequenos pacotes de dados com aplicação em plataformas de petróleo, embarcações e boias oceanográficas. “Ao instalar o Inmarsat-C, é possível coletar informações de tempo, temperatura, pressão d’água, entre outras, e enviar sinais para um centro de controle.

Aumentando um pouco mais a velocidade, ainda está em funcionamento o Fleep 77 que, além de dados, já permite a comunicação de voz. “É um equipamento em desuso, mas temos muitos instalados ainda. Conseguimos ter acesso de voz e dados a 64 kilobits por segundo (kbit/s), também utilizando a rede Inmarsat”. São oferecidas velocidade e a flexibilidade do serviço de faturamento por pacote de dados, no qual os usuários são cobrados de acordo com o volume de informações transmitidas, independentemente do tempo de conexão. Avançando ainda mais na velocidade, há o Fleet Broad Band (FBB), que é uma aplicação banda larga, cuja velocidade de acesso é de até 450 kbit/s. A procura por este sistema, diz Chudo, tem sido crescente.

No topo da velocidade estão os serviços de tecnologia VSAT (Very Small Aperture Terminals), que atingem 8 Mbit/s. Apesar de mais veloz, este sistema opera nas bandas Ku e C, que são muito suscetíveis à chuva, o que pode comprometer a saúde da conexão. Por isso, em função do ambiente de operação, as aplicações também podem ser combinadas. A Arycom aposta na combinação do Fleet Broad Band com o VSAT. “O Fleet Broad Band resiste mais, é menos suscetível a intempéries, proporciona uma velocidade relativamente aceitável e a instalação é simples e barata. Já o VSAT, embora muito mais veloz, tem mais suscetibilidade a chuvas e a instalação é mais complexa”, compara.

O maior destaque no setor, na avaliação de Brito, da Ulstein, é o  Fleet Broad Band pela relação custo-benefício. “Mas não podemos esquecer  também do  sistema VSAT, que é amplamente  utilizado por embarcações que têm contrato com a Petrobras. Recentemente nos tornamos agentes da Iridium USA e Orbit para antenas estabilizadas VSAT”, diz. Para Pinho, da Radiomar, a evolução dos sistemas de comunicação por satélite ao longo dos anos foi significativa. Ele destaca que há poucos anos a comunicação se dava apenas em Banda “C”, o que exigia antenas de grande porte, pesadas, com refletores acima de 2,4 metros, e com um custo elevado.

— A instalação destes sistemas se limitava a pouco mais do que plataformas de petróleo e navios sonda. Dificilmente se encontrava espaço físico adequado, sem bloqueio de mastros ou chaminés, para sua instalação em embarcações de apoio como AHTS, PSVs, LH, ORSVs — lembra Brito. A implantação e disseminação de satélites com comunicação em banda Ku permitiu que as antenas estabilizadoras tivessem dimensão e peso menores. “Desta forma foi resolvido o problema de encontrar espaço adequado para a instalação e o custo tornou-se muito mais acessível”, destaca o executivo.

Dentro deste contexto, afirma Pinho, as empresas offshore começaram a investir em soluções que permitissem melhorar o fluxo de informações de suas bases com unidades marítimas e embarcações. “A Petrobras percebeu a necessidade de expandir seu sistema de comunicação  e investiu na construção de um hub, passando a exigir de suas contratadas a instalação dos equipamentos para serem integrados ao sistema Multsat, que integra comunicação por satélite a uma rede interna, permitindo o acesso remoto a sistemas de CFTV, vídeoconferência, linhas telefônicas VoIP”, explica. Por conta disso, a Radiomar criou um setor de engenharia na companhia para o desenvolvimento de sistemas integrados e suporte à implantação dos sistemas que a Petrobras exige que sejam instalados nas embarcações de apoio marítimo.

A OnixSat também dispõe de tecnologias que atendem à necessidade de comunicação em voz e dados, com possibilidade de internet banda larga e telefonia para as embarcações, além de soluções em rastreamento náutico. “Nossa tecnologia de comunicação via satélite permite que nossos clientes estejam conectados nas regiões mais remotas”, diz o diretor de marketing e vendas da companhia, Wagner Eloy. Atuando no mercado desde 2003, a empresa também trabalha em conjunto com a Inmarsat e espera lançar em breve a integração de produtos com a rede de comunicação IsatData Pro. “Isto representa mais capacidade de tráfego de dados e maior velocidade de comunicação para o nosso cliente”, define Eloy.

 

Competitividade. A maioria dos fornecedores de sistemas de comunicação via satélite é representante dos mesmos fabricantes e por isso apresentam equipamentos semelhantes em seu portfólio. Os provedores precisam, portanto, buscar estratégias para atrair maior fatia de mercado. Para Motta, da Maradi, o diferencial da companhia são o serviço e a integração do sistema. “Não vendemos apenas, também fazemos instalação, comissionamento e assistência técnica. Nós fornecemos um pacote completo de equipamentos de navegação, comunicação interna, externa, ou seja, somos os únicos responsáveis pela interface do sistema e operação”, declara.

Pinho, da Radiomar, destaca que a competitividade com outras empresas é algo normal e o principal fator para estar sempre competitivo no mercado é a oferta de produtos ou sistemas com qualidade e preço compatível. “Um mercado competitivo exige cada vez mais qualidade. Para isso investimos cada vez mais em aperfeiçoamento de nossos quadros técnicos”. Segundo a companhia, seus engenheiros e técnicos estão preparados para planejar, acompanhar e executar o serviço de instalação dos produtos que representam em todos os tipos de embarcação. Além disso, a Radiomar oferece cursos de treinamento para os clientes, capacitando-os nas áreas de operação e manutenção de equipamentos e sistemas.

Britto, da Ulstein, avalia que apesar da grande competitividade no setor, poucas empresas têm know how para atender às necessidades do mercado. “O nosso diferencial é o nosso pós-venda. Temos uma excelente equipe técnica que recebe  treinamento regularmente junto aos fabricantes. Nosso índice de satisfação juntos aos nossos clientes é bastante alto e isso faz com que eles se sintam tranquilos ao adquirir os equipamentos através de nossa empresa”, comenta.

Eloy, da Onixsat, analisa que no mercado nacional existem outras duas empresas que trabalham com sistemas similares ao da companhia, mas o fato torna o mercado mais competitivo e permite que a empresa amplie sua capacidade de inovação e diferenciação. “Em relação à concorrência estrangeira, nossas parcerias com empresas líderes mundiais em comunicação via satélite nos permitem atuar com diferenciais, oferecendo uma tecnologia com custo muito mais atrativo, inclusive em relação à concorrência nacional”, diz. O executivo destaca ainda que a relação custo-benefício dos sistemas de comunicação via satélite é o que mais deve ser avaliado para se fazer a aquisição de um sistema. “Não se trata de produtos comuns, são tecnologias que transcendem anos de pesquisa e desenvolvimento, até serem disponibilizadas ao consumidor final. Ou seja, o cliente deve avaliar o retorno que a aquisição dessas soluções lhe entregará com determinado tempo, não considerando apenas o custo de compra ou ativação dos produtos”, explica.

Além de provedora de equipamentos, a Arycom também é operadora do satélite, autorizada pela Anatel tanto para comercializar o hardware como para vender os serviços. Ao mesmo tempo em que fornece o serviço de comunicação via satélite, a companhia também tem ferramentas que monitoram o seu consumo. A empresa mede o tráfego, o consumo do terminal e emite uma fatura mensal, como uma conta telefônica. “Quando damos uma consultoria para fazer um projeto, ajudamos a definir não só a melhor tecnologia, mas também auxiliamos o cliente, se precisará de mais voz ou dados, em função do perfil do tráfego, ou do barco, ou da natureza do trabalho”, diz Chudo.

O executivo afirma que as empresas do ramo competem em um ambiente saudável e essa competição traz benefícios aos usuários, como a queda de preço. O diferencial, diz o executivo, é o atendimento oferecido aos clientes pelas companhias. “Se houver um problema no link, temos que ter condições de enviar um engenheiro de campo ao mar — porque normalmente os trabalhos são feitos a bordo da embarcação — municiado de peças sobressalentes”, conta ele, ressaltando que o setor marítimo representa cerca de 30% dos negócios da companhia.

E para garantir recursos humanos e estruturais para os estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo e atender ao mercado offshore, a Arycom vai abrir até o final do ano um escritório no Rio de Janeiro e uma warehouse, onde a companhia terá uma lista de peças sobressalentes e equipamentos para novas instalações, tanto de FBB como de VSAT, além de dar suporte local com engenheiros de campo. “Vamos montar um estoque composto de mais de uma centena de peças, entre placas, antenas, consumíveis, para que o nosso engenheiro, ao receber o chamado, compareça ao local munido de todas as ferramentas e possa restabelecer o link”. A sede da companhia, em São Paulo, continuará atendendo às operações na cidade de Santos.

 

Perspectivas. Fundada em 2002, a Maradi foi integrante do Grupo Radiomar e tornou-se independente em 2009. Motta destaca que com exceção das embarcações pequenas todo o mercado offshore utiliza sistemas de comunicação por satélite. Com o aumento do número de navios, não só no offshore, diz o presidente da Maradi, também aumentam-se as vendas. “Percebemos um crescimento justamente por conta do aumento do número de embarcações que estão em construção. Está havendo um aumento na demanda nos últimos quatro ou cinco anos. A tendência é que esse crescimento seja contínuo”, diz ele, destacando que a maior demanda por este tipo de equipamento vem de embarcações de apoio marítimo.

No mercado desde 2003, a OnixSat acredita que este é um mercado muito promissor, que apresenta sutis especificidades que podem gerar enorme disparate, quando algumas empresas são comparadas. “O Brasil possui um potencial de exploração de petróleo e gás que é incrível, sendo que as empresas que atuam oferecendo serviços para este setor precisam estar in loco e, na maioria das vezes, isto representa estar em regiões remotas. Este é o nosso ponto chave, pois podemos oferecer comunicação de voz e dados para esses operadores do mercado offshore”, avalia Eloy.

Entre os clientes da empresa que utilizam sistemas da companhia para assegurar o tráfego de informações entre suas bases e embarcações estão a Transpetro, a Marinha do Brasil, a Maersk Supply Service, o Grupo Edison Chouest e a Astromarítima Navegação. Apesar do destaque para a área offshore, a companhia tem uma forte atuação nos segmentos de barcos de luxo, turismo e demais embarcações náuticas voltadas para operações de serviços, como empurradores, rebocadores, dragas, balsas, navios de cabotagem e de passageiros.

Este ano, avalia Eloy, tem sido de excelente aproveitamento em vendas pela OnixSat. Para os próximos anos, a companhia espera aumentar ainda mais o faturamento. “Com a iminência dos eventos esportivos que ocorrerão no Brasil nos próximos anos, nossa perspectiva só pode ser de avanço nas encomendas e ativações de serviços. Afinal, a demanda do mercado deve aumentar, assim como a exigência”, acredita.

Log-In, Maersk, Statoil, Ensco e CBO estão entre os principais clientes da Ulstein na área marítima e as perspectivas para os próximos anos também são favoráveis, na avaliação de Britto. “Através da nossa matriz na Noruega fizemos o fornecimento dos equipamentos de comunicação para os próximos navios da CBO e estamos trabalhando em outros fornecimentos para diversos armadores locais. Acreditamos  que  teremos um aumento entre 10% e 15% nas vendas, que ainda poderiam ser maiores se as cargas tributárias  fossem melhores”, lamenta.

Para Pinho, da Radiomar, apesar da grande interferência de grupos estrangeiros, a companhia tem conseguido contornar a situação, mantendo o nível de participação estável desde o ano passado. “Este ano nossa projeção é de um crescimento de mais de 10% em relação ao ano anterior”, estima. Pinho acrescenta que a empresa está atenta às tendências de mercado e espera que esse crescimento seja contínuo. “O pré-sal está dando um bom impulso à garantia de crescimentos para, pelo menos, os próximos cinco anos”, calcula ele, destacando que o mercado marítimo da Radiomar, fundada em 1974, é bastante diverso, passando pela navegação costeira, fluvial, rebocadores, navios de apoio offshore a embarcações de lazer e pesca profissional.

A Arycom também tem penetrado em outros mercados além das embarcações de apoio marítimo,  como a navegação interior e hidroviária. Atualmente, três embarcações de grande porte da Secretaria de Assistência Social do governo do Amazonas utilizam equipamentos fornecidos pela companhia. “Esses barcos têm o sistema Fleet Broad Band e percorrem o rio Amazonas e seus efluentes levando serviços de saúde e bancários para populações ribeirinhas”, conta. Sem citar nomes, o diretor destaca que os clientes que mais procuram a Arycom são aqueles que prestam serviços para a Petrobras. “Desses operadores navais offshore que trabalham com a estatal, pelo menos 20 destas empresas são clientes nossos”, contabiliza.

A companhia notou um crescimento de, pelo menos, 50% nas vendas este ano na área marítima em relação ao ano passado. “O Brasil é o país ideal para aplicação de satélite devido à extensão territorial; é o único meio que realmente integra, a única tecnologia que realmente faz o barco falar com a terra é o satélite”, diz ele, ressaltando que a companhia busca alcançar um aumento de 50% nas vendas a cada ano.

Para isso, a empresa está investindo R$ 3 milhões em uma parceria com a empresa norueguesa Marlink para atender à demanda do setor offshore, principalmente embarcações que dão suporte às plataformas de extração de petróleo. Por meio do acordo entre as provedoras de soluções de comunicação via satélite, a Arycom passará a oferecer também as soluções da Marlink localmente, com serviços agregados e regulamentados de venda, instalação, logística e pós-venda. Entre os produtos do novo portfólio está o Sealink, que oferece serviços de voz e dados, com taxas de transmissão de até 8 Mbp/s. Outra novidade será o WaveCall, indicado para embarcações como iates e navios comerciais, que exigem menor largura de banda, com capacidade de até 1Mbp/s.

Como as embarcações estrangeiras que prestam serviços para uma empresa brasileira precisam ativar os seus sistemas com uma empresa brasileira, a companhia decidiu se unir à Marlink, que possui diversos clientes globais que têm deslocado embarcações para o país. “Essa fusão vai permitir que a Marlink possa atender aos seus clientes no Brasil estritamente dentro da lei, que ela possa ter, através da Arycom, engenheiros brasileiros atendendo às necessidades das embarcações e também ter as peças e componentes disponíveis para um pronto atendimento”, explica Chudo. Para o executivo, investir no segmento marítimo no Brasil hoje é garantia de crescimento, principalmente no setor de telecomunicações. “Estamos sentindo que o pré-sal é uma necessidade e uma realidade. A Transpetro tem encomendas de 49 navios nos estaleiros e estas embarcações vão precisar ter comunicação, que é fundamental para se gerenciar a frota”, conclui.

 



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