Adiamento da entrega do navio João Cândido afetou todo cronograma do estaleiro. Construções da plataforma P-55 e do 2º navio também foram retardadas
RIO - Depois de consolidar sua implantação, no Complexo de Suape, o desafio do Estaleiro Atlântico Sul (EAS) será alcançar padrões internacionais de custo e prazo para se tornar competitivo. O atraso na entrega do navio João Cândido – o primeiro construído pelo EAS – comprometeu, a reboque, o cronograma do casco da plataforma P-55, encomendada pela Petrobras.
A previsão era que a unidade iniciasse a produção no Campo de Roncador, na Bacia de Campos (RJ), no segundo semestre de 2011, mas o prazo será esticado em pelo menos um ano. A revisão do cronograma foi comentada, ontem, no Rio, por representantes da Petrobras, durante coletiva de imprensa sobre os eventos de batismo da P-57 e inauguração da expansão do Centro de Pesquisas e Desenvolvimento da companhia (Cenpes), que serão realizados hoje.
Após cancelar duas licitações, a Petrobras decidiu desmembrar a construção da plataforma P-55. Nessa divisão, o EAS ficou responsável pelo casco e Estaleiro Rio Grande (RS) pela montagem do casco e construção das tubulações e estruturas auxiliares. O Atlântico Sul assinou contrato com a Petrobras, em dezembro de 2007, no valor de US$ 392,6 milhões e começou o corte das primeiras chapas de aço em setembro de 2008, junto com as do navio número um. “Os atrasos aconteceram nos dois estaleiros. No EAS, por conta de outras encomendas, como a da Transpetro (que demandou um pacote inicial de 10 navios petroleiros) e também por causa de atrasos em equipamentos. Mas a situação já foi equacionada e o cronograma revisto”, minimiza o gerente-executivo de engenharia da Petrobras, Pedro José Barusco Filho, dizendo que o novo prazo será 2012, mas sem precisar o mês.
O presidente do Atlântico Sul, Angelo Bellelis, tem observado que o EAS vive a sua curva de aprendizado e enfrentou o desafio de construir o estaleiro e a primeira embarcação ao mesmo tempo. Na avaliação do professor de engenharia naval da Coppe/UFRJ, Floriano Pires Júnior, já era esperado que a retomada da indústria naval levasse algum tempo para amadurecer. “Por enquanto não dá para comparar o tempo de produção das embarcações no Brasil com os prazos asiáticos. Quem demanda os navios sabe do risco de atraso. O que não só o EAS mas todo o setor precisa ter em mente é a necessidade de estabelecer metas de eficiência”, alerta, apostando que esse amadurecimento deve acontecer ao longo dos próximos 5 anos.
Atualmente, os estaleiros asiáticos conseguem entregar um petroleiro suezmax num prazo de 8 a 9 meses. No caso das plataformas, o padrão internacional é de 28 a 36 meses, enquanto no Brasil se espera conseguir entre 44 e 50 meses. No dia 7 de maio deste ano, quando o João Cândido foi lançado ao mar, o presidente Lula foi convidado a fazer a primeira viagem no navio, no dia 15 de setembro, e a vir batizar o petroleiro Zumbi (segundo do EAS) até o final do ano. A entrega do primogênito vai ficar para março de 2011 e o segundo para mais adiante. Um dos impactos desses atrasos é a elevação dos custos. O João Cândido, por exemplo, deverá custar US$ 182 milhões. O valor está 51,6% acima da média de preço prevista, que era de US$ 120 milhões por embarcação.
Fonte: Jornal dl Commercio (PE)/Adriana Guarda
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