O desenvolvimento da produção de petróleo e gás na área do pré-sal, a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016 foram três fatores decisivos para que a IBM decidisse instalar no Brasil o seu 9º laboratório de pesquisas, o primeiro no Hemisfério Sul. O laboratório foi inaugurado ontem, no Rio de Janeiro, juntamente com um Centro de Soluções para Recursos Naturais, mas futuramente ficará dividido entre o Rio e São Paulo. A IBM pretende contratar até 130 cientistas brasileiros para trabalhar no laboratório, que iniciou as atividades com dez pesquisadores, incluindo três brasileiros repatriados.
Segundo Fabio Gandour, cientista-chefe da IBM no Brasil, a decisão de fazer o laboratório e o centro de soluções no país teve por base quatro eixos: o primeiro, que tem o pré-sal como carro-chefe, está ligado à abundância de recursos naturais no Brasil. O segundo decorreu da demanda que o país terá nos próximos anos por softwares destinados à gestão de "sistemas humanos complexos, com ênfase em megaeventos". A empresa quer desenvolver para a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos soluções para a organização adequada das grandes massas humanas que os dois eventos irão movimentar.
Outro aspecto que motivou a IBM, segundo Gandour, foi a necessidade que o país tem de desenvolver microeletrônica, "com foco em conceitos de baixa complexidade", como a produção de pacotes tecnológicos para automóveis e eletrodomésticos da linha branca.
O quarto fator foi a demanda por "ciências de serviços, com ênfase em qualidade". O cientista-chefe da IBM disse que o Brasil, assim como todo o mundo, é cada vez mais uma economia de serviços, da mesma forma que a IBM é cada vez mais uma empresa com receitas oriundas do setor de serviços (55% do total).
A escolha do Brasil para montar o laboratório passou por dois filtros. No primeiro, a concorrência foi com mais de 70 países, o que levou a uma disputa direta entre Brasil, Emirados Árabes e Austrália. Atualmente a IBM tem três laboratórios nos EUA, mantendo apenas uma instalação em outros países: China, Suíça, Israel, Índia, Japão e agora uma no Brasil.
A empresa emprega cerca de 3 mil cientistas em todo o mundo, o que levou o ministro da Ciência e Tecnologia brasileiro, Aloizio Mercadante, a dizer durante a cerimônia de inauguração que o país quer ter uma fatia maior desse total do que a prevista.
Gandour disse que a fase atual do laboratório é a de "identificação de cérebros" a serem contratados dentro do universo de 10 mil doutores que, segundo ele, o Brasil forma por ano. De acordo com o cientista, esses cérebros brasileiros têm um custo de produção baixo em relação aos EUA e têm experiência de vanguarda (com equipamentos de ponta) pequena, compensada com alto grau de abstração e de formação intelectual.
Ao contrário de outras empresas internacionais que estão construindo seus laboratórios de pesquisas voltados para o pré-sal no Parque Tecnológico da UFRJ, Ilha do Fundão (zona norte do Rio), a IBM preferiu utilizar suas instalações existentes no bairro da Urca (zona Sul do Rio) e, futuramente, em São Paulo.
Fonte: valor Econômico/Chico Santos | Do Rio
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