Instalação de porto em São Francisco do Sul não é vista com bons olhos por ambientalistas, pescadores e portuários
Manifestações contra a instalação do Terminal Marítimo Mar Azul, na baía da Babitonga, marcaram a audiência pública promovida ontem pela Comissão de Turismo e Meio Ambiente da Assembleia Legislativa de SC, no salão paroquial da igreja matriz de São Francisco do Sul. Mais de 400 pessoas participaram do evento, a maioria trabalhadores portuários que temem ser prejudicados pelo empreendimento privado.
Ambientalistas da Associação Movimento Ecológico Carijós (Ameca) abriram o debate. Segundo a presidente Ana Paula Cortez, há controvérsias nos projetos apresentados pelo terminal Mar Azul em 2007, o que invalidaria os estudos de impacto ambiental. Nem a empresa Arcelor Mittal (ex-Vega do Sul) escapou das críticas, já que o porto privado irá servir quase exclusivamente para a descarga de bobinas de aço que abastecem a empresa.
As bobinas representam mais da metade da movimentação no Porto de São Francisco do Sul. Segundo o presidente do Sindicato dos Estivadores, Vander Luiz da Silva, o transporte das bobinas hoje gera R$ 900 mil só em empregos indiretos. A crítica da categoria é de que o porto privado iria absorver apenas 120 funcionários, já que a maioria das atividades será automatizada. Mesmo assim, uma pequena parcela de portuários, principalmente desempregados, além de políticos e práticos, acredita que o novo porto significa desenvolvimento.
O diretor dos empreendimentos Mar Azul, Herbert Markenson, argumenta que já foram feitas quatro audiências em 2007, como exigia a preparação para o licenciamento ambiental, e que não entende as novas preocupações.
O porto privado já tem licença da Fatma para construção de um centro de distribuição e aguarda licença do Ibama para começar a construir o terminal portuário. A empresa diz que deve começar as obras assim que o órgão federal der sinal verde. Ambientalistas e pescadores que serão afetados pelo empreendimentos e portuários Sul prometem continuar lutando contra a obra.

Fonte: A Notícia - Jornal de Joinville/ROGÉRIO KREIDLOW