Acionistas de suas empresas avaliam que empréstimos com BNDES e Marinha Mercante seriam "impedimentos legais" para o cargo
DE BRASÍLIA/DE CUIABÁ - O senador Blairo Maggi (PR-MT) resolveu não aceitar o convite do Palácio do Planalto para assumir o Ministério dos Transportes.
Ele ainda não informou oficialmente a presidente Dilma Rousseff da sua decisão, mas vai formalizá-la no início da semana que vem.
Dilma avisou que, independentemente do titular, fará uma intervenção na pasta.
Com a recusa, o nome do secretário-executivo Paulo Sérgio Passos, que ocupa interinamente o cargo, ganha força para ser oficializado. O PR, porém, prefere um nome mais ligado às bancadas do partido no Congresso.
A decisão de Blairo foi tomada ontem após reunião com os sócios de suas empresas em Mato Grosso. O grupo argumentou que há "impedimentos legais", pois suas empresas têm empréstimos firmados com BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e Fundo da Marinha Mercante.
Empresário com ligações no setor de transportes, Blairo não poderia controlar a pasta, na visão de seu grupo empresarial. Ele foi sondado por Dilma para o cargo nesta semana, depois que Alfredo Nascimento deixou o posto por acusações de corrupção.
Além dos negócios, o senador teria recusado o pedido por temer a exposição pública. "Ele é um empresário bem sucedido, um cara que ninguém na vida quebrou a vidraça. Mas fica exposto [ao assumir o cargo]", disse o líder do PR no Senado, Magno Malta (ES).
A orientação da presidente é que as ministras Gleisi Hoffmann (Casa Civil) e Miriam Belchior (Planejamento) fiscalizem os atos do novo ministro. Dilma teme que as acusações de irregularidades nos Transportes e órgãos vinculados não seja interrompido com a troca de comando.
A cúpula do PR vai se reunir na terça-feira para discutir novas indicações. Os nomes dos deputados Milton Monti (PR-SP) e Edson Giroto (PR-MS) surgiram na cúpula da sigla como possíveis substitutos de Nascimento.
Monti é ligado ao deputado Valdemar Costa Neto (PR-SP), suspeito de comandar o suposto esquema de corrupção -por isso não tem a simpatia do Planalto. Além deles, os deputados Luciano Castro (PR-RR) e Jaime Martins (PR-MG) já foram cogitados pela sigla para o cargo.
"Temos de resolver [o substituto] sem pressa, deixar esfriar um pouco", disse o líder do PR na Câmara, Lincoln Portela (MG).
Com a recusa de Blairo, Dilma trabalhará para efetivar Passos. Contra ele, além de não ter o apoio de seu partido, pesa o fato de, aos olhos do próprio governo, não controlar o ministério.
(Fonte: Folha de São Paulo/CLAUDIO ANGELO, GABRIELA GUERREIRO, MARIA CLARA CABRAL, NATUZA NERY e RODRIGO VARGAS)
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