A presidente Dilma Rousseff recebeu nesta última terça-feira (19) no Palácio do Planalto o primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, e assinou 35 acordos bilaterais nas áreas de planejamento, infraestrutura, comércio, energia, mineração, entre outras, no valor de mais de US$ 53 bilhões, de acordo com o governo brasileiro. Dilma viajará à China em 2016 para estreitar ainda mais o relacionamento entre os países.
Somente com a Petrobras, os acordos que envolvem financiamento de projetos da estatal chegam a pelo menos US$ 7 bilhões.
Segundo noticiou a Folha, o Palácio do Planalto vai apostar nos negócios com a China para evitar uma "paralisia do governo" com o corte do Orçamento de 2015, que deve ficar entre R$ 70 bilhões e R$ 80 bilhões.
Uma das principais apostas do acordo é a Ferrovia Transoceânica, que ligará Brasil e Peru. Em seu discurso durante a assinatura dos atos, Dilma se mostrou animada com a megaferrovia. "Um novo caminho para a Ásia se abrirá pelo Brasil", afirmou.
No entanto, a construção é considerada remota pelo setor. O acordo prevê que os chineses façam o estudo de viabilidade da obra, ainda sem preço final definido. O documento deve ser apresentado ao Brasil até maio do próximo ano.
O preço final ainda não está definido —projeções variam de US$ 5 a US$ 12 bilhões.
OUTROS ACORDOS
Entre os acordos em diversas áreas, está a assinatura de um memorando para a compra de 40 aeronaves da Embraer e outro para a compra de 24 navios de minério de ferro.
Em nota, a Embraer confirmou a venda de um primeiro lote de 22 aeronaves aos chineses. A operação, acertada com a Tianjin Airlines, tem valor estimado em US$ 1,1 bilhão.
A entrega da primeira aeronave está programada para este ano -uma segunda será entregue em 2018. As aeronaves fazem parte de pacote prometido pelo presidente chinês Xi Jinping em visita ao Brasil, no ano passado.
"Os 18 jatos E190-E2 restantes farão parte de uma segunda aprovação das autoridades chinesas em fase posterior", afirma a assessoria de imprensa da Embraer.
Além disso, oito frigoríficos brasileiros foram autorizados a exportar carne bovina para a China, já a partir da próxima semana. O potencial de exportação anual é da ordem de US$ 150 milhões.
Segundo o Ministério da Agricultura, 26 frigoríficos serão habilitados até junho.
O mercado do país asiático estava fechado desde 2012 para o produto nacional. No almoço desta terça-feira (19) servido ao primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, o prato principal foi coração de contrafilé braseado.
PETROBRAS
Dos US$ 53 bilhões de investimento chinês, US$ 7 bilhões podem financiar projetos da Petrobras.
A estatal já havia anunciado, no mês passado, um empréstimo de US$ 3,5 bilhões com o Banco de Desenvolvimento da China, que injetará mais US$ 5 bilhões. Os outros US$ 2 bilhões foram acertados com o China EximBank.
"A cifra evidentemente é significativa, mas a simbologia da contribuição é que acho que tem importância", ponderou o embaixador José Alfredo Graça Lima, em referência ao escândalo de corrupção na estatal, investigado na Operação Lava Jato.
Sobre o pacote anunciado, Graça Lima disse que "são cifras que visam a dar dimensão da grandeza do que pode vir a ser efetivamente alcançado dentro de um prazo de tempo que a gente não sabe hoje até onde vai se estender".
Após encontro com o premiê, a presidente Dilma Rousseff afirmou que fará uma viagem à China em 2016.
Fonte: Valor Econômico/MARINA DIAS/FLÁVIA FOREQUE DE BRASÍLIA
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