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Braskem inova para disputar mercado do pré-sal

Fibra de altíssima resistência pode ser usada em plataformas e petroquímica espera que linha de produção entre em operação em 2013

SÃO PAULO - A Braskem dá nesta terça-feira, 7, um importante passo para se firmar entre as grandes fornecedoras de empresas que vão explorar petróleo na camada do pré-sal. A companhia assina com o governo baiano convênio de estímulo à inovação tecnológica que inclui a instalação, em Camaçari, de planta-piloto para a fabricação de produto inédito no País, fruto de quatro anos de pesquisa da petroquímica: uma fibra de altíssima resistência, batizada de Utec.

Com a unidade piloto, a Braskem terá capacidade de produzir material suficiente para ser testado pela Petrobrás e outras empresas interessadas no pré-sal. A ideia da petroquímica é, no futuro, construir uma fábrica de fibra Utec no País. Além do pré-sal, o material tem potencial para ser usado também pelas forças armadas e pela polícia, por quem a fibra seria utilizada em proteções balísticas de coletes e veículos blindados.

O desenvolvimento da fibra Utec representa mais uma etapa dos avanços tecnológicos que cercam a exploração do pré-sal na costa brasileira. De acordo com o diretor de Inovação e Tecnologia da Braskem, Luís Cassinelli, o produto desenvolvido com base no polietileno de ultra-alto peso molecular (chamado de Utec) será utilizado na fabricação de cordas usadas na ancoragem de plataformas. "Decidimos fazer o processo para a fabricação de um fio que é trançado e então utilizado como corda."

Por ser um produto de alta resistência e confiabilidade, a fibra Utec deverá ser usada principalmente em plataformas para o pré-sal, área de ultra profundidade que exigirá tecnologias específicas para sua exploração. "O pré-sal trouxe necessidades diferentes que nos obrigam a customizar esse produto", destaca o gerente de Projetos Especiais da Braskem, Claudio Villas Boas.

Além da atividade de exploração do pré-sal, a tecnologia deverá ser incorporada ao segmento de proteção balística. Atualmente todas as soluções de blindagem e colete existentes no País são importadas dos Estados Unidos e da Europa, onde o produto é feito especificamente para as condições locais. "O Brasil, por exemplo, tem um clima mais quente do que essas regiões, por isso o material precisa ser mais leve", diz Villas Boas. "Buscamos desenvolver o produto especificamente para as necessidades brasileiras", explica.

Fábrica. Com base na unidade-piloto na Bahia, cuja operação terá início ainda este mês, a Braskem pretende dar andamento às etapas de testes até que o desenvolvimento da aplicação seja alcançado e viabilize a construção de uma linha de produção comercial. A capacidade dessa fábrica ainda é tratada como um número em análise, possivelmente entre 1 mil e 1,5 mil toneladas anuais. O valor do investimento também não está definido, mas nesse momento a Braskem trabalha com uma projeção entre US$ 60 milhões e US$ 70 milhões.

Com essa linha de produção prevista preliminarmente para entrar em operação em 2013, a Braskem deverá ser capaz de atender à demanda do mercado nacional, um segmento que movimenta aproximadamente US$ 100 milhões por ano. Além do aspecto econômico, o projeto representa o fim da dependência externa brasileira de um produto estratégico do ponto de vista bélico, completa Villas Boas.

O teste da fibra Utec na ancoragem de plataformas e em proteções balísticas deverá ter início assim que a unidade-piloto produza as primeiras toneladas do produto, antes do Natal. A unidade terá capacidade para produzir 50 toneladas por ano. "Esse é um volume necessário para a realização de testes complementares. Já fomos contatados por interessados, mas eles ainda não tiveram conteúdo suficiente para fazer testes", afirmou Villas Boas. Entre os interessados, está a Petrobrás que, além de principal produtora, é uma das controladoras da petroquímica, ao lado do grupo Odebrecht.

O desenvolvimento do produto demandará investimentos totais de US$ 10 milhões, sendo parte desse montante destinado à instalação do piloto. A pesquisa contou com o apoio do governo da Bahia e da Financiadora de Estudos e Projetos , que juntos destinaram aproximadamente R$ 15 milhões em recursos para as pesquisas.

PARA ENTENDER

O desenvolvimento do produto conhecido como fibra Utec representará um avanço importante da Braskem no segmento de petróleo e gás. Fabricada a partir do polietileno de ultra-alto peso molecular (Utec), a fibra tem características técnicas que permitem o uso em cabos de ancoragem de plataformas, hoje produzidos com aço ou poliéster.

O produto também poderá substituir a aramida utilizada na confecção de coletes e veículos à prova de balas. O Utec, explica a Braskem, tem peso molecular 10 vezes superior ao da resina de polietileno de alta densidade (Pead), que por sua vez é utilizada na fabricação de frascos plásticos.

Fonte:O Estado de S.Paulo/André Magnabosco


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