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Calote coloca Lupatech na berlinda

O calote em uma dívida de R$ 13,6 milhões evidenciou a situação financeira crítica da fabricante de equipamentos para petróleo e gás Lupatech e trouxe um grande problema para o BNDESPar e para o fundo de previdência dos funcionários da Petrobras (Petros), seus dois principais acionistas. Sem acesso ao mercado de dívida, um novo amparo dos dois sócios aparece como a única solução para o problema de solvência da companhia.

Na quarta-feira, a Lupatech anunciou que não conseguiu cumprir o pagamento dos juros de US$ 6,9 milhões de uma emissão de bônus perpétuos, em só há pagamento de remuneração, sem amortização do principal. Com o movimento, a agência de classificação de risco Standard & Poor's rebaixou a nota de crédito da companhia para "D", o nível de calote, e ressaltou que só retomará a cobertura "quando e se" houver uma solução para o problema de solvência.

Nos balanços de 2011 e 2012, os auditores já alertavam sobre o risco de "continuidade operacional" caso os projetos de reestruturação não surtam efeito. A empresa encerrou o ano passado com apenas R$ 33,5 milhões em caixa, equivalente ao valor que teria que desembolsar por mês para quitar os empréstimos de R$ 333 milhões que vencem em 2013.

O quadro de liquidez apertada ocorre pouco meses após a companhia ter concluído uma capitalização emergencial de R$ 357 milhões, capitaneada por BNDESPar e Petros, que injetaram R$ 300 milhões. Os R$ 50 milhões restantes vieram da GP Investimentos, controladora da fornecedora de serviços para exploração de petróleo e gás San Antonio Brasil (SABR), que foi incorporada à Lupatech na operação.

Além de maior acionista, com 31% do capital, o BNDES é ainda o maior credor da companhia. O banco de fomento é o principal detentor de uma emissão de debêntures de R$ 320 milhões realizada em 2009, cujo pagamento de juros têm sido rolado há mais de um ano. Em um acordo de cavalheiros, a inadimplência desses títulos têm sido perdoada sem a necessidade de pagamento de prêmio ou resgate antecipado - situação improvável caso os debenturistas não fizessem parte do bloco de controle.

No ano passado, a Lupatech chegou a anunciar que buscava mais um financiamento de R$ 400 milhões junto ao banco de fomento. Até agora, no entanto, o valor não foi liberado. Procurado, o BNDES não quis se manifestar sobre o assunto. Executivos da Lupatech também não responderam ao pedido de entrevista.

Em um comunicado arquivado na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a empresa afirmou que contratou o Bank of America Merrill Lynch para reestruturar sua dívida. E afirmou que seguirá com a estratégia de venda de ativos não estratégicos para reforçar o caixa. No ano passado, com a venda de três unidades de metalurgia, foram captados R$ 90 milhões.

Um analista de mercado que acompanha a empresa vê o risco de a empresa estar chegando a um beco sem saída. "Os principais acionistas já colocaram dinheiro via capitalização, mas há um limite do que eles podem fazer sem destruir valor", ressaltou.

O problema respinga também sobre a Petrobras, que tem compromisso de utilização de conteúdo nacional em seus projetos e tem a Lupatech como uma de suas principais fornecedoras. No primeiro semestre de 2012, a petrolífera representou 37% das receitas da fabricante de equipamentos. Em meio à crise financeira, no ano passado, a Lupatech cancelou um contrato de R$ 1,3 bilhão com a Petrobras, alegando que não tinha recursos suficientes para os investimentos necessários para a entrega dos produtos. O valor correspondia a mais de metade dos R$ 2,3 bilhões que tinha em carteira ao fim de 2011.

Segundo fontes do mercado, a companhia tem atrasado entregas e tem dificuldade em atender encomendas com alto grau de especialização, de custo mais elevado. Questionada pela reportagem sobre a situação da fornecedora, a Petrobras também preferiu não se manifestar.

A Lupatech fechou o ano passado com prejuízo de R$ 560 milhões, mais que o dobro do resultado negativo em R$ 240 milhões que teve em 2011. O resultado operacional, antes do pagamento de juros e impostos, ficou negativo em R$ 320 milhões em 2012, contra perdas de R$ 12,9 milhões um ano antes.

Fonte: Valor Econômico/Natalia Viri e Ana Fernandes | De São Paulo






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