Após uma das maiores polêmicas da gestão passada, envolvendo um conflito de ideias entre a Prefeitura de Fortaleza e o Governo do Estado, o Ceará negou o projeto de instalação de um estaleiro na costa da Capital. O empreendimento, então chamado de Promar Ceará, acabou indo para Pernambuco, mas a busca por uma indústria de navios de médio ou grande porte no Ceará não foi interrompida. Investidores, tanto brasileiros quanto estrangeiros continuam na mira do governo.
Em 2008, Cid Gomes encontrou-se, na Coreia do Sul, com empresários da Daewoo, um dos maiores estaleiros do mundo. Os asiáticos são, hoje, os líderes mundiais nesta indústria, e a Daewoo se mostrava ainda mais atrativa por ser uma das principais compradoras da Dongkuk, siderúrgica também sul-coreana e que é sócia da Companhia Siderúrgica de Pecém (CSP). Depois do encontro, o chefe do executivo estadual disse que os investidores estariam estudando a proposta.
"Eles sabem do potencial (Do Brasil). A Petrobras tem essas novas descobertas de petróleo, e vai certamente ter que encomendar novos navios. Vai ser mais barato encomendar daqui que no estrangeiro", afirmou na época, destacando a importância de reforçar esse setor no Ceará, que já conta com um estaleiro, mas focado em outro tipo de encomendas, que é o caso da Indústria Naval do Ceará S.A. (Inace).
"Estamos falando de grandes navios. Vamos procurar atrair investidores nacionais e estrangeiros para começar a pensar nessa alternativa", completou.
Outra localidade
De lá pra cá, não houve nenhuma confirmação do interesse da Daewoo em um estaleiro no Ceará. Após o descarte da costa de Fortaleza como alternativa para receber este tipo de empreendimento, o Estado teve que encontrar outras localidades que pudessem receber um estaleiro como pretendido.
Estudo é aguardado
Este trabalho de investigação foi assumido, a pedido do ex-presidente Lula, pela Transpetro. Antes previsto para ser divulgado em dezembro passado, o estudo, até agora, não tem data para ser apresentado.
Ação estratégica
A entrada do Ceará na indústria naval é considerada uma ação estratégia, visto a enorme carteira de encomendas futuras da Petrobras, com a exploração do petróleo do pré-sal.
Á frente do Ceará, o Estado de Pernambuco já se inseriu neste mercado e tem hoje no Estaleiro Atlântico Sul (EAS), atualmente, o seu maior empreendimento estruturante em operação no País.
O EAS é ainda o estaleiro mais competitivo em território nacional, e emprega 10 mil pessoas no Complexo Industrial e Suape.
PRODUÇÃO FOTOVOLTAICA
Governo também quer cadeia de energia solar
De acordo com a Adece, existem, hoje, 20 empresas interessadas no Ceará em busca de oportunidades no setor
O Ceará inaugurará, em breve, a primeira usina solar com produção comercial do País. A planta, instalada no município de Tauá, através de investimentos da MPX de Eike Batista, trazia o potencial de agregar, ao redor de si, a instalação de toda a cadeia de produção solar. Era este o plano do governo, desde 2008. A fornecedora de painéis solares da usina, Yingli, já visitada pelo governo em sua sede, ma China, chegou a demonstrar interesse em construir uma unidade de produção de placas fotovoltaicas por lá, mas o projeto não se concretizou. O governo, entretanto, continua otimista com a criação desse polo.
20 analisam o Ceará
De acordo com o presidente da Agência de Desenvolvimento Econômico do Estado (Adece), Zuza de Oliveira, existem, hoje, 20 empresas, entre nacionais e estrangeiras, interessadas no Ceará, e que já visitaram o Estado para ver as oportunidades de negócio no setor. Destas, duas já estão em fase mais avançada, já se instalando em território cearense: a Sky Solar e a Braener. Ambas estariam interessadas em construir novos parques solares no Estado.
"A Sky Solar, da China, já está no Ceará, se instalando em Sobral", informa Zuza. "Eles já estão fechando o entendimento com o município. Vão fazer ainda uma pesquisa junto com o Instituto Federal do Ceará sobre a energia solar do Estado", acrescenta. O presidente da Adece informa ainda que a empresa também estaria interessada em instalar aqui toda a matriz solar.
Fundo de incentivo
Ele defende que a concretização de empreendimentos na área, agora, deve deslanchar. Um dos grandes motivos é o Fundo de Incentivo à Energia Solar (Fies), que vai ser implantado este ano, e que dará subsídios para que empresas desse tipo de energia se instalem e se mantenham no Estado.
Além disso, tem o Atlas Solarimétrico do Ceará, lançado semana passada, que mapeou as manifestações climáticas locais, entre os anos de 1963 e 2008, com o foco específico na variação da radiação solar. O documento pode nortear a realização de projetos na área.
Outro encaminhamento para induzir os investimentos no setor é o estudo qualitativo e quantitativo do potencial de quartzo no Estado, mineral que é matéria-prima para a fabricação dos painéis solares. Um pré-estudo, adianta, acaba de ser concluído. "Nós temos mais de um milhão de toneladas de quartzo no Ceará. Temos um estudo ainda generalista, não detalhado, mas a gente já sabe quais são os municípios, pra mostrar aos empresários que estão chegando que existe a oportunidade".
Fonte: Diário do Nordeste (CE)/SÉRGIO DE SOUSA
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