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Casco de plataforma deixa polo naval e amplia preocupação em Rio Grande

O casco da plataforma de petróleo P-68 deixou o porto de Rio Grande, no sul do Estado, na manhã da última quinta-feira, e ampliou a preocupação em torno da iminência de demissões no polo naval. O Sindicato dos Metalúrgicos da cidade teme que a entrega da estrutura resulte na dispensa de funcionários.

Este é o terceiro casco montado pela Engevix Construções Oceânicas (Ecovix) entregue para a Petrobras. Levada por 10 rebocadores, segue para o Estaleiro Jurong, no Espírito Santo, onde a plataforma será concluída. Depois, a P-68 entrará em operação na Bacia de Santos, no litoral paulista.


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Diante da entrega do casco, o sindicato da categoria pediu uma reunião com a direção da empresa — a segunda em dois dias. Na quarta-feira, com a especulação de que a Ecovix entraria com processo de recuperação judicial, houve um encontro em razão da apreensão estabelecida na cidade. A companhia não confirmou a informação e disse que negocia com a Petrobras propostas para manter a produção. A recuperação judicial seria a última alternativa de sobrevivência.

Nesta quinta-feira, porém, a Ecovix sinalizou que as negociações com a petroleira pouco avançaram. Há a possibilidade de que a Petrobras cancele os contratos para a construção de dois cascos pendentes. Rio Grande ainda abriga a montagem de uma estrutura que está em andamento. Outras duas unidades tiveram a construção transferida para a China em 2015 em razão de atrasos na entrega.

— A empresa não quis dar detalhes, mas disse que está muito dificil a negociação com a Petrobras e não tem certeza do que vai acontecer. A Ecovix pediu até segunda-feira (para marcar nova reunião) para aguardar uma decisão da Petrobras sobre a continuidade ou não (dos contratos) — disse o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Rio Grande, Benito Gonçalves.

No polo naval, circula a dúvida sobre a continuidade dos projetos. O coordenador do Comitê de Competitividade de Petróleo, Gás e Energia da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs), Marcus Coester, ressalta que a crise não se restringe à Ecovix, mas atinge toda a indústria de óleo e gás em decorrência da queda no preço do barril do petróleo nos últimos anos e dos desdobramentos da Lava-Jato. Assim como a empresa, grande parte dos estaleiros brasileiros não tem perspectivas de novos contratos.

— A Ecovix sofreu múltiplas trocas societárias e está envolvida na Lava-Jato. Certamente, as encomendas estão fora do andamento normal. Nessas situações, a Petrobras tem total controle de suas encomendas. É um cliente muito exigente e tem contratos normalmente muito bem estruturados — observa Coester.

A Ecovix é um braço de construção naval da empreiteira Engevix, investigada na Operação Lava-Jato e que teve um dos sócios preso preventivamente. A origem da empresa está relacionada à encomenda dos oito cascos para plataformas de petróleo pela Petrobras. O contrato somava US$ 3,5 bilhões e previa a entrega das unidades até este ano. Trata-se da empresa com o maior volume de trabalho no polo naval de Rio Grande, com cerca de 3,8 mil funcionários. Somente no último mês, segundo o sindicato, houve em torno de 800 demissões.

Nesta quinta-feira, a Ecovix não se manifestou, assim como a Petrobras.

Fonte: Zero Hor/Débora Ely






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