A estatal chinesa China Petrochemical Cooperation (Sinopec) poderá ter participação acionária no Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) e também comprar um naco de dois blocos exploratórios da estatal Petrobras na bacia do Pará-Maranhão (PAMA-3 e PAMA-8), uma área considerada nova fronteira.
As parcerias na exploração e produção de petróleo e refino não foram as únicas áreas de interesse mútuo das duas estatais. Ontem, a Petrobras informou que assinou memorandos de entendimento que permitirão às duas companhias analisarem parcerias estratégicas também em negócios em petroquímica, transportes e fertilizantes.
A brasileira fechou acordo de cooperação com o Banco de Desenvolvimento da China para discussão de financiamentos bilaterais no futuro. O CDB emprestou US$ 10 bilhões para a Petrobras no ano passado com a garantia de ter preferência na compra de 200 mil barris diários de petróleo.
José Sergio Gabrielli, presidente da Petrobras, esclareceu ontem que a estatal não fechou nenhuma nova linha de crédito além dos US$ 10 bilhões já liberados pelo banco de fomento chinês, dos quais a Petrobras já sacou entre US$ 7 bilhões e US$ 7,5 bilhões.
Segundo Gabrielli, o memorando de entendimentos também abrange estudos para contratos de serviços entre China e Brasil, incluindo transporte de petróleo e outros produtos. O executivo também disse que não há um prazo para acordo entre as partes.
"As duas empresas vão trabalhar. Vamos chegar a conclusões favoráveis ou não", disse o presidente da Petrobras, reconhecendo, no entanto, a possibilidade de um acordo sobre a venda da fatia nos blocos exploratórios ainda neste ano. "O que vai ser vendido dos blocos será resultado de análise", acrescentou.
Durante o Congresso Brasileiro do Aço, organizado em São Paulo pelo Instituto Aço Brasil, o presidente da Petrobras também reforçou a expectativa de realizar a capitalização da estatal até o fim do semestre, como forma de viabilizar os investimentos da empresa nos próximos anos.
Os recentes acordos com a Sinopec são um bom exemplo do apetite estatal chinês pelo Brasil, que é grande mas com negociações sendo conduzidas muito discretamente.
Os chineses ganharam um contrato para construir parte do Gasene (que interligou as malhas sudeste e nordeste de gasodutos da Petrobras) e estava negociando parceria com a Delba, uma empresa baiana que atua no segmento de aluguel de plataformas, uma associação para construção de sondas de perfuração para águas profundos.
A Delba tem contrato com a Petrobras para construir (e depois alugar para a estatal) cinco sondas que ainda não foram construídas. (Colaborou Claudia Schüffner, do Rio)
Fonte: Valor Econômico/ Eduardo Laguna, de São Paulo
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