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Ciclo virtuoso

Previsão de fabricantes de tintas navais é de que o mercado não parará de crescer pelos próximos anos -- Os fabricantes de tintas para a indústria naval não têm do que reclamar. Com crescimento das vendas bem acima do PIB anêmico, estimam um mercado estável pela próxima década. Os horizontes são promissores não só no segmento offshore, onde plataformas e embarcações de apoio garantem uma boa disputa pelos contratos. A navegação interior também aparece como nicho interessante.


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O diretor da Renner Coatings, Luiz André Ortiz, vai mais longe. Segundo ele, a indústria naval está num ciclo virtuoso, que deve estender-se por mais 10 ou 15 anos. “Estamos muito bem servidos de obras e seguramente, com a quantidade de estaleiros com sócios estrangeiros, o Brasil pode se tornar uma via alternativa nesse segmento mundialmente. Hoje basicamente a construção naval está concentrada na Ásia, China, Coreia e Cingapura. O Brasil pode entrar no circuito”, aposta. Ele evita divulgar o faturamento da empresa, mas diz que trabalha com a previsão de um crescimento do mercado naval vertiginoso. “Vamos ter crescimento de dois dígitos em termos de produtos para indústria naval para os próximos anos. Isso vai na faixa de 20%, pode reduzir para 10% mas vai ficar oscilando por aí.”

Mais econômico nos adjetivos, Claudio Neves, global account manager da Sherwin-Williams, analisa o futuro no segmento naval como promissor, devido as boas perspectivas do petróleo e também pela forte demanda de navegação interior, principalmente de empurradores e barcaças. “Vemos que o mercado de tintas navais no Brasil vive uma excelente fase, com crescimento contínuo que vem se concretizando com a chegada de novos projetos, com a construção de novos estaleiros e com a preocupação na obtenção de novas tecnologias”, diz o executivo.

A Akzo Nobel, líder no mercado naval brasileiro, não diverge dos concorrentes. Juarez Machado, gerente de vendas de Marine Coatings da companhia, diz que a Akzo Nobel vê esse mercado com muitos bons olhos. Não é para menos, já que o faturamento vem crescendo ano a ano. Mas destaca a dependência quase que integral do segmento à indústria do petróleo, com exceção dos negócios relacionados a hidrovias e cabotagem, menos volumosos mas nichos importantes. “O potencial para nós é muito grande. Como líderes entre os fabricantes, temos grande potencial”, diz.

A maior parte dos contratos têm como pano de fundo a Petrobras, direta ou indiretamente. A Akzo Nobel tem contrato de fornecimento para navios tanques no estaleiro Mauá (RJ), no Estaleiro Atlântico Sul e Vard Promar (PE), ambos para a Transpetro. E para navios de apoio offshore em estaleiros do Rio de Janeiro, São Paulo e Santa Catarina, a serem contratados pela Petrobras.

Se o volume de contratos é grande, o mesmo não se pode dizer da velocidade com que as obras deslancham. O tempo de maturação entre a decisão da encomenda, licitação, financiamento e contratação é longo. “Por outro lado, apesar do número de encomendas enfrentamos problemas de produtividade dos estaleiros. Na China os navios-tanque são construídos em oito meses; no Brasil a obra leva de dois a três anos. O número de encomendas chama atenção, mas se olharmos de perto é diluido pelo longo tempo de construção das embarcações”, lamenta Machado.

No chão de fábrica, um problema enfrentado pelos fabricantes é o da qualificação da mão de obra. Este é um fator ressaltado pelo diretor geral da Jotun Brasil, Ferran Bueno, como importante gargalo para o crescimento do segmento. “O rápido crescimento da economia brasileira ao longo destes anos tem sido muito rápida para ser absorvida pelo mercado de trabalho. No nosso caso, para algumas disciplinas específicas, como posições nas áreas de assistência técnica ou vendas, a combinação das habilidades, experiência suficiente e o idioma inglês, por exemplo, é uma demanda difícil de ser atendida. Não existe outra opção do que as empresas treinarem e desenvolverem seus próprios colaboradores, praticamente das posições de trainee até senior. E é isso que estamos fazendo, iniciando um programa de trainee para o Brasil”, diz Bueno.

Mas a Jotun Brasil prevê um cenário “muito positivo” até 2017. O executivo estima que os segmentos de novas obras e de manutenção terão crescimento consistente pelos próximos três anos. A partir daí, avalia, as construções começarão a diminuir, enquanto a manutenção ganhará musculatura. “Nós vemos uma tendência muito positiva para o mercado marítimo no Brasil”, resume. A empresa conquistou ou renovou contratos em 2013 e início de 2014, tanto para novas obras quanto para manutenção. “Apenas como um exemplo, em termos de manutenção e reparo nós aumentamos em 75% o número de contratos assinados”, afirma Bueno.

Para manter o ritmo de crescimento no país, a Jotun adota uma estratégia global. “Não há grande diferença dos pilares da nossa estratégia no Brasil que do resto do mundo, que é baseado em nossos valores corporativos (Lealdade, Cuidado, Respeito e Ousadia) aplicados em nossos negócios. Continuar sendo um dos impulsionadores do mercado na tecnologia de anti-incrustantes também será muito relevante para o nosso futuro no país. Para ser um pouco mais específico para o Brasil, nós gostaríamos de aumentar nossas vendas tanto em manutenção como em obra nova, utilizando tecnologias de anti-incrustantes de fácil aplicação. Treinamentos para clientes serão também o centro de nossa estratégia para mantermos o nosso crescimento no Brasil”, resume Bueno.

Na Renner Coatings, com o momento positivo, Ortiz destaca que o mercado está bom para todos. “Todos estarão felizes”, faz a aposta para os próximos anos. Particularmente a partir do ano que vem, quando novos estaleiros entram em operação no país. “Alguns já estão fazendo alguma coisa, outros dependem de parceiros no estrangeiro. Mas estamos chegando ao ponto máximo. Em 2015 todos esses estaleiros estarão concluídos e operando em plena carga”, diz ele, apostando em 20 anos de encomendas.

A Jotun Brasil conclui até o final do ano sua primeira fábrica na América Latina, localizada em Itaboraí (RJ). Ela estará capacitada a produzir 10 milhões de litros de tinta para os segmentos marítimo e de proteção anticorrosiva industrial em um turno. O investimento, de R$ 69 milhões, tem recursos do BNDES. Com a planta, a Jotun poderá tornar-se autossuficiente na fabricação de tintas no país e aumentar o conteúdo local.

A AkzoNobel anunciou há tempos a ampliação da unidade de tintas marítimas, localizada em São Gonçalo (RJ). Basicamente, a ampliação se deu com a compra de novos equipamentos, o que aumentou a capacidade instalada em 30%. Por conta do polo naval pernambucano, a empresa instalou em Recife um centro de distribuição. Outra cidade a ganhar uma base foi Blumenau, cidade localizada perto do polo naval de Santa Catarina. “Temos investimentos em curso em outros lugares, mas não posso ainda informar”, segreda Machado.

Dispondo de uma planta eficiente e bem dimensionada, a empresa não pretende aumentar a área construída. Os investimentos são focados no aumento da produtividade, menor perda de energia, de matéria-prima e aumento da sustentabilidade.

Com duas fábricas na América Latina produzindo produtos para o segmento marítimo, a Renner Coatings não tem necessidade em curto prazo de novos investimentos. Uma das fábricas está localizada no Chile, a outra em Curitiba (PR). “Nossa decisão de investir no Chile levou em consideração ser um país modelo na América do Sul, com economia estável e sustentável, com alianças na América do Norte e do Sul. País bastante estável para instalação de empresas estrangeiras. Foi a razão de escolher o Chile. Base de relacionamento direto com os EUA e a Ásia pelo Pacífico. Temos aqui uma capacidade que beira 12 milhões de galões por ano em Curitiba. Não usamos tudo ainda. Trabalhamos com um turno só”, diz Ortiz.

A Sherwin-Williams vem concentrando seus investimentos no exterior, onde adquiriu as empresas Euronavy, especializada em tintas navais, e Leigh’s Paints, uma empresa líder em revestimentos intumescentes na Europa. No Brasil, os investimentos estão direcionados às equipes técnica e comercial para atendimentos de grandes projetos na área naval.

No mercado de tintas, pesquisa e tecnologia fazem a diferença. A Renner Coatings inaugurou, no ano passado, laboratório de pesquisa e desenvolvimento e inovação, com condições de suprir toda a demanda brasileira, segundo a empresa. “Firmamos licenciamento com a empresa japonesa Chugoku Marine Paints, líder mundial do segmento naval; hoje produzimos e temos licenciamento para a América do Sul. Isso nos promoveu acesso a tecnologia de última geração”, diz Ortiz. O laboratório está direcionando suas pesquisas para sustentabilidade, já que as exigências ambientais são cada vez maiores. “Estamos procurando eliminar componentes tóxicos, solventes, derivados do petróleo. Produtos sem solventes, baixo teor de solventes, à base água”, ressalta o executivo.

Machado, da Akzo Nobel, destaca a tecnologia dos produtos da companhia como contribuição para a produtividade do Estaleiro Atlântico Sul. “Depois que pintavam a chapa, tinham de esmerilhar para depois soldar. Com o nosso produto, pularam etapa. A solda era um gargalo. Antes eram trabalhadas 20 a 30 chapas por dia, hoje são 70”, exulta ele. “Atualmente, estamos dando um passo à frente na concorrência, retirando cobre dos anti-incrustantes. É nosso compromisso de cada vez menos trabalhar com metais que causem qualquer dano ao trabalhador.”

O cobre é um metal pesado não tão danoso quanto o chumbo, mas a tendência é que a indústria marítima interfira no seu uso em médio prazo. Na Califórnia (EUA), há um movimento para que não se use biocidas com base de cobre em embarcações de recreio. Como alternativa, a Akzo Nobel desenvolveu uma nova linha à base de silicone. O produto, isento de biocida, evita a aderência no casco do navio. Como tem baixa tensão superficial, também diminui o atrito da água com o casco, proporcionando aumento da velocidade e diminuindo o consumo de combustível em até 10%. O produto foi desenvolvido na década de 70, mas naquela época o petróleo era barato e não havia restrições ambientais. Hoje o produto é competitivo.

A Jotun possui um programa chamado de “Innovation Process” para introduzir produtos ou soluções que irão agregar valor aos clientes e para a própria Jotun. O processo em si é um guia para trabalho em conjunto entre funcões e regiões com foco na inovação. Desde uma nova ideia que é gerada até um novo produto ou solução a ser implementada no mercado. “Nós acreditamos que a inovação é uma das forças-chaves para desenvolver e crescer nos nossos negócios. A nossa ambição é ser um fabricante de tinta global inovador, focado nas necessidades dos nossos clientes, agregando valor”, afirma Rosileia Mantovani, diretora técnica da Jotun Brasil.

A empresa completou com sucesso todos os protocolos de testes dos nossos vários sistemas de pintura em atendimento às novas regras da IMO PSPC para tanques de óleo cru (COT), focadas na manutenção a longo prazo da integridade dos tanques promovendo proteção prolongada contra os efeitos corrosivos.

A Akzo Nobel aposta também em um sistema que utiliza informações de cada navio transmitidas via GPS. Com base no perfil de operação, auxilia os clientes na escolha de anti-incrustante. O projeto foi desenvolvido na matriz da empresa na Inglaterra, lançado no ano passado de maneira restrita e para o mercado em 2014.

O Brasil não possui legislação desenvolvida no país para regular o uso de tintas para navios. As regulamentações europeias e norte-americanas, cada dia mais rígidas, são o parâmetro para as autoridades brasileiras. Chumbo e cromo foram banidos na Europa, mas no Brasil não há proibição nem para emissão na atmosfera. A Renner Coatings destaca que no país um parâmetro é a Petrobras, que tem centro de pesquisa no Rio de Janeiro e estabelece limites para qualquer produto que entra em plataformas. Para fornecer para esse mercado, tem que estar qualificado, senão fica fora.

Rosileia destaca que um novo regulamento na área química da Europa é o Reach (Registration, Evaluation, Authorisation of Chemicals), que atualmente está sendo considerada com força máxima em toda a área econômica da Europa. Um dos principais objetivos desta nova regulamentação é a melhoria da proteção da saúde humana e do meio ambiente. Outros importantes objetivos do Reach são melhorar o conhecimento de produtos químicos perigosos; aumentar a disponibilidade de informação ao público; melhorar o gerenciamento de riscos asociados ao uso de produtos químicos; limitar e substituir o uso de produtos químicos perigosos que promovem risco; encorajar a inovação e desenvolvimento de produtos menos tóxicos.

A Akzo Nobel recebeu importante premiação este ano por seu produto Intersleek 1100SR, que possui tecnologia anti-incrustante pioneira. O produto venceu a categoria Clean Shipping ou Transporte Marítimo Limpo, durante o Seatrade Awards 2014, concedido a soluções inovadoras que promovem operações mais seguras, eficientes e ecológicas, e que vão ao encontro das metas e objetivos da Organização Marítima Internacional. Desenvolvido pela unidade de tintas marítimas e de proteção da AkzoNobel, e comercializado sob a marca International, o produto, que é referência no mercado marítimo, é o primeiro a usar tecnologia fluoropolímero sem biocidas para lidar com a importante questão do limo que incrusta cascos de navios.

A Sherwin-Williams destaca, dentre seus novos produtos de alto desempenho, o Fast Clad ER Epoxi que possui como principais características a multifuncionalidade. Aceita hidrojateamento de altos sólidos, atinge altas espessuras, permite aplicação como revestimento único e secagem ultrarrápida. Outro destaque é o Duraplate301 W, que cura em temperaturas abaixo de 0º C, possuindo uma tecnologia inédita no mercado de tintas sem solvente. Entre os antifoulings de alta performance, a empresa criou, em parceria tecnológica com a Nippon Paint a linha SeaVoyage que atende às necessidades específicas de cada perfil de embarcação, podendo ser de operação costeira, de águas profundas, mais rápidas, lentas, de alta, média ou baixa atividade e, inclusive, estática.

Já a Jotun menciona sua linha SeaQuantum e SeaLion, com destaque para o SeaQuantum X200 e o SeaQuantum Static. “Apresentamos o conceito do Jotun Hull Performance Solutions (HPS), que no caso de obras novas, possibilita a entrega de navios com eco-design e máxima eficiência energética tanto em velocidade quanto em operação.”, diz Mantovani. A base do HPS é o SeaQuantum X200, o anti-incrustante top da Jotun com comprovadas propriedades de baixa fricção, desenvolvido para miximizar o desempenho inicial e ao longo da operação.

A Jotun também desenvolveu o SeaQuantum Static para atender às necessidades do mercado marítimo em promover propriedades anti-incrustantes especialmente adptadas à situação de lay-up. Há algum tempo atrás, as obras novas iam diretamente para a operação. Atualmante, há situações onde algumas obras novas vão diretamente para longos períodos de lay-up. O SeaQuantum Static promove proteção anti-incrustante durante o período de lay-up através de uma maior erosão do filme e um pacote otimizado de biocida.






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