A plataforma P-74 está a caminho do Litoral de São Paulo, após a conclusão da obra em São José do Norte, no Sul do Rio Grande do Sul. Na cidade gaúcha, o fim das obras e a falta de perspectiva na retomada do setor naval significam o aumento do desemprego e até mesmo a queda na arrecadação da prefeitura.
Com 332m de comprimento, 58m de largura e 50m de altura, a P-74 deixou a cidade no início da manhã. Foi a quinta plataforma da Petrobras construída no estado.
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O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Rio Grande e São José do Norte, Sadi Machado, lamenta que o que deveria ser motivo de orgulho se transformou em preocupação.
"Podíamos esperar uma festa, mais um empreendimento entregue pelos gaúchos, pelo Rio Grande do Sul, mas vemos com muita tristeza essa saída da P-74", lamenta. "Não temos expectativa nenhuma de retomada do setor naval."
Nos últimos anos, mais de 10 mil pessoas trabalharam no Estaleiro EBR, em São José do Norte. No auge da obra, foram pelo menos 3,4 mil funcionários envolvidos no projeto. Com a saída da plataforma, apenas 100 metalúrgicos devem permanecer trabalhando.
Em 2013, 24 mil pessoas trabalhavam no setor naval gaúcho. Com a saída da P-74, apenas 500 seguem atuando nos estaleiros.
O soldador Marcos Pablo viajou de Alegrete, na Fronteira Oeste, para trabalhar na obra. Agora é um dos desempregados. "Minha área é essa, vamos ver o que vai acontecer agora para frente", diz.
O reflexo do desemprego é percebido em outros setores da economia na cidade. "Caiu tudo, muitas pousadas já fecharam", lamenta a atendente Gasparina Reguffe.
No mercado imobiliário, a situação é a mesma. "Caíram bastante os aluguéis, caiu o movimento", lamenta o auxiliar de corretor João Carlos Pinto.
O frentista Zalmiro Gibbon tem a mesma impressão. "E a tendência é piorar cada vez mais, o desemprego", diz.
A construção da plataforma gerava R$ 1 milhão por mês em impostos ao município. A prefeita Fabiany Zogbi Roig espera que novas obras voltem a aquecer a economia. "É uma preocupação bastante grande, e nós ansiamos que no segundo semestre, as expectativas que se tem de novos módulos serem construídos no Estaleiro EBR realmente se consolidem."
Fonte: G1