Eike Batista, controlador do grupo EBX, voltou ontem a surpreender o mercado ao anunciar negociação para venda de 11% da empresa de mineração MMX para o conglomerado coreano SK Networks por US$ 700 milhões.
As informações que corriam davam conta de conversas com ArcelorMittal. A entrada da coreana na MMX se dará via aumento de capital de US$ 2,2 bilhões, no qual o controlador da mineradora, Batista, vai abrir mão de seu direito de preferência para dar espaço para a coreana entrar na composição acionária da companhia. O preço por ação da OPA será de R$ 13,963 e todos os acionistas da MMX terão direito a acompanhar o aumento de capital. Se isso acontecer, a composição acionária da MMX passa a ser de 35% da EBX, mais 20% da chinesa Wuhan, 11% da coreana SK e 34% em circulação.
O dinheiro arrebanhado no aumento de capital vai ser usado para a MMX comprar o Superporto Sudeste da LLX Logística, abrigado na LLX Sudeste, da qual a LLX tem 70% e a Centennial, empresa de Batista, outros 30%. Será feita uma cisão parcial dos ativos da LLX com a MMX incorporando a LLX Sudeste, que passará a se chamar PortX. O acionista da LLX Logística vai receber nessa transação uma ação da PortX e continuar com as ações da LLX Logística negociadas no mercado.
A composição acionária do PortX, cujo único ativo será o superporto Sudeste, será basicamente 68% de Batista e 32% em circulação com minoritários.
Para adquirir 100% das ações da PortX a MMX vai fazer uma oferta pública de permuta aos acionistas da Port, sendo US$ 1,79 bilhões em royalties da MMX (debêntures remuneradas por US$ 5 por tonelada de minério de ferro embarcada no superporto Sudeste, valor que será corrigido anualmente pelo Ìndice de Preços ao Produtos dos EUA-PPI) e mais US$ 504 milhões em novas ações de emissão da MMX ao preço de R$ 13,963 por ação ou então em dinheiro. Os 68% do Eike na PortX já garantem o sucesso da oferta de permuta, mesmo que os minoritários não aceitem a troca. As duas tranches de valores somam os US$ 2,3 bilhões que a MMX vai pagar para adquirir o superporto Sudeste.
As ações da LLX caíram ontem mais de 6%, depois de subir 8% na sexta. "Hoje estão devolvendo os 6%", comentou um operador do mercado de capitais.
Considerada a capacidade do porto que está sendo vendido, de 50 milhões de toneladas/ano, os acionistas da LLX terão direito a US$ 212,5 milhões anuais ano com as debêntures (líquidos de Imposto de Renda de 15%), número que pode dobrar com a previsão de se elevar a capacidade do projeto a 100 milhões de toneladas.
Para os analistas, o negócio anunciado será bom para a MMX, cuja ação subiu ontem para R$ 13,14, ou 1,6%, pois reforça o caixa da companhia para financiar o investimento nas minas ao lhe garantir comprador para seu minério. O grupo coreano está acertando também um contrato de compra de 11% do minério a ser produzido pela MMX Sudeste, hoje na faixa de 8,7 milhões de toneladas (que deve aumentar para 34 milhões de toneladas a partir de 2015) e de 50% da produção de 10 milhões de toneladas anuais esperada para as minas da MMX no Chile nos próximos cinco anos.
Os US$ 700 milhões que serão pagos pela SK por 11% da MMX - ou R$ 13,963 por ação - correspondem, na conta dos analistas, a algo como US$ 170 a tonelada futura do minério em 2014. Na ultima transação nesta área de mineração, que foi a venda de 30% da empresa de mineração da Usiminas (mina de JMendes) para a Sumitomo, por US$ 1,9 bilhão, o preço equivaleu a US$ 230 por tonelada futura de minério. "Se o Eike conseguir entregar o minério, o preço pago pela SK é atrativo. A dúvida do mercado é se a MMX vai conseguir produzir 46 milhões de toneladas de minério em suas minas da MMX Sudeste (34 milhões de toneladas), Corumbá (2 milhões de toneladas) e Chile (10 milhões de toneladas) até 2015. Ou então vai ter que comprar mais minas. Aí, a conta fica mais cara", comentou uma fonte do setor de mineração.
Ontem, em conferência telefônica, Eike Batista garantiu que a MMX será a grande consolidadora do quadrilátero ferrífero de Minas, se tornando uma "quase Vale". E disse que vai anunciar novos negócios em breve. Mas ainda falta muito para a empresa alcançar a Vale, que em 2015 vai produzir 450 milhões de toneladas de minério, ante 46 milhões de toneladas previstas para a MMX. Até agora, a direção da MMX não revelou quanto vai investir para ampliar a produção da companhia. O último número de despesa de capital projetada pela MMX era da ordem de US$ 1 bilhão a US$ 1,5 bilhão.
Fonte: Valor Econômico/Vera Saavedra Durão | Do Rio
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