Enquanto discutem com esses investidores, os novos gestores da petroleira de Eike Batista - Ricardo Knoepfelmacher, da Angra Partners, e executivos de sua confiança - podem avaliar um leque de possibilidades, uma vez que estão desde a semana passada no comando direto da companhia. No atual cenário de urgência, o recurso que puder chegar primeiro tende a ser considerado o melhor, seja investimento, nova dívida, venda de ativos ou até operações pouco lembradas até o presente momento, como adiantamento de contratos de câmbio (ACC).
O Valor apurou que dentro da OGX há ainda uma força tarefa em andamento na tentativa de tentar diminuir a necessidade de recursos e os contratos que devem continuar sendo pagos em dia. Praticamente só salários e os gastos relacionados ao campo de Tubarão Martelo merecem a classificação de essenciais.
Quanto menos dinheiro a empresa precisar até o fim deste ano, tanto melhor para conversas com todos os tipos de interlocutores. Quando a crise piorou, a companhia pensava em obter, junto aos credores ou novos acionistas, US$ 500 milhões. Mais recentemente, baixou essa quantia para números mais modestos, entre US$ 150 milhões e US$ 200 milhões, pensando apenas em garantir o fim do ano e o início da extração de óleo em Tubarão Martelo. Agora, a gestão quer ver se é possível demandar ainda menos.
Na semana passada, dentro do debate sobre os potenciais investidores, a OGX tornou-se protagonista, mais uma vez, de uma outra situação inédita do mercado. Em conversas com alguns fundos para levantar cerca de US$ 200 milhões, a empresa viu-se envolvida com rumores de que a Vinci Partners seria a investidora principal da empresa. A gestora negou qualquer negócio e a OGX disse que não havia nada fechado. Tudo isso na quarta-feira. Até aí, parecia um trivial vazamento de informações.
Na sexta-feira, porém, depois de a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) ser específica em seus questionamentos, a OGX disse em comunicado oficial que a Vinci era, sim, um dos potenciais investidores com quem vinha conversando. A gestora, então, foi além de negar. "No que se refere à OGX, este tipo de contato (contatos regulares com todo espectro corporativo brasileiro) nem sequer se aproximou de algo que possa ser interpretado como uma negociação." A Vinci conclui a nota dizendo que é "indevida e inapropriada" qualquer abordagem neste sentido.
Diante do tom, acionistas e credores terão de satisfazer suas curiosidades com apenas uma certeza, a de que a Vinci não deve investir na OGX. Pessoas próximas à petroleira não veem mais quase nenhuma perspectiva de acordo.
Os credores acreditam que, se algo estivesse prestes a ser concluído, eles teriam sido envolvidos nas conversas previamente. O Valor apurou que os representantes dos donos dos bônus nada sabiam sobre a Vinci ou qualquer outro interessado específico. Sabiam apenas que existiam conversas com fundos estrangeiros e, mais recentemente, nacionais também - mas desconheciam nomes.
A bagunça na comunicação, porém, não surpreende os detentores dos bônus e seus representantes. Segundo fonte próxima a essas conversas, desde que o contato se estreitou, após o vencimento de US$ 45 milhões, no começo deste mês, houve muita informação truncada. Ditos negados e vice-versa. Tudo isso prejudica de forma relevante um acordo. O valor de face dos bônus emitidos é de US$ 3,6 bilhões. Entretanto, hoje esses papéis valem no mercado cerca de 10% desse total.
Fonte: Valor Econômico/Graziella Valenti | De São Paulo
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