Receba notícias em seu email

MSC

Crise é produto de conteúdo ‘100% nacional’, afirma Rubens Ricupero

SÃO PAULO  -  A crise pela qual passa o país tem raízes majoritariamente internas, afirmou o embaixador Rubens Ricupero em evento em São Paulo. “A crise é produto de um conteúdo senão 100% nacional, altamente nacional”, disse. “Claro que há uma parte externa, pois a crise afeta também o Peru, o Chile, os produtores de petróleo, mas no caso brasileiro há muitos outros componentes. Não se vê neste momento a possibilidade que o mundo nos salve de nós mesmos”, disse o embaixador na Fundação iFHC.

Segundo ele, a saída da crise dependeria, dentre outros fatores, de encontrar um melhor sistema eleitoral, além da realização de um necessário ajuste fiscal. “A política externa não vai nos salvar da crise, embora possa ajudar com aumento de exportações e melhor inserção global”.

Ricupero lembrou que o Brasil assistiu a um violento ajuste das contas externas recentemente, de mais de 30% em pouco tempo, algo que ocorreu por meio de descontrole cambial. “Não vejo possibilidade de uma agenda muito construtiva porque estamos no meio de crise interna que ninguém sabe como vai terminar”, disse.

Em meio à profunda crise, afirmou, é difícil ter uma diplomacia ativa, com alguma projeção no exterior, mas não impossível. Ele lembrou da política externa “brilhante” conduzida em 1964, mesmo com o cenário de crise no país. “Reatamos relações diplomáticas com a União Soviética, embora isso tenha sido encarado no Brasil como um sentimento ideológico. Foi política inteligente. Com exceção dos excessos, mas ninguém contesta”, disse.

Abertura da economia

A abertura gradual da economia é necessária, assim como os esforços para aumentar a competição e a imposição de limites temporais para subsídios concedidos a determinados setores, mas isso não pode ser feito com choques, afirmou Ricupero. “As coisas são mais complexas do que parecem”, disse ele em debate com o empresário Pedro Passos, presidente do conselho de administração da Natura e defensor da queda de tarifas de importações e abertura da economia.

Segundo Ricupero, nas discussões sobre abertura comercial, os países — com algumas exceções como Cingapura — foram graduais nas reduções das tarifas. “Os asiáticos são notáveis pela parcimônia com que avançam, e isso se aplica, sobretudo, à China, bastante habilidosa. Para quem é negociador comercial, isso [a abertura irrestrita] soa como ingenuidade. Não se dá nada sem ter alguma coisa”, enfatizou.

Ricupero afirmou ainda que, no esforço de abertura comercial, algumas medidas são “irrealizáveis” e significam liquidar alguns setores, como a siderurgia e a petroquímica brasileiras. “Temos 80 anos de história. Não dá para dizer que a indústria automobilística foi um grande equívoco, vamos começar tudo de novo”.

Durante o debate, Passos, da Natura, que também é ex-presidente do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), defendeu que a inserção do Brasil no mercado internacional é parte de uma solução mais ampla e não pode depender da resolução das questões macroeconômicas. "Estamos a todo o momento tentando resolver todos os problemas para depois resolver a inserção", disse.

Para ele, a inserção externa do país vai contra a lógica empresarial porque se apresenta como ameaça. "O que é uma balela. É urgente a mudança de orientação. Temos grupos empresariais muito competentes que sabem operar fora do país em condições de igualdade. É uma agenda dura e há um certo temor de avançar nessa direção. Mas não há muitas outras alternativas".

Fonte: Valor Econômico/Flavia Lima e Fernando Taquari






PUBLICIDADE




   Zmax Group    ICN    Antaq
       

NN Logística

 

 

Anuncie na Portos e Navios

 

  Sinaval   Syndarma
       
       

© Portos e Navios. Todos os direitos reservados. Editora Quebra-Mar Ltda.
Rua Leandro Martins, 10/6º andar - Centro - Rio de Janeiro - RJ - CEP 20080-070 - Tel. +55 21 2283-1407
Diretores - Marcos Godoy Perez e Rosângela Vieira