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CSP ainda depende de parceiro na 2ª fase

Segundo presidente da Vale, siderúrgica começará com metade da produção projetada na criação da empresa
Rio. A Companhia Siderúrgica de Pecém (CSP), que está em fase inicial de obras para a instalação de sua primeira fase, prevendo produção de três milhões de toneladas de placas de aço anuais, ainda precisa garantir um novo investidor parceiro para concretizar sua segunda fase, na qual a produção seria duplicada. Quando anunciada, a siderúrgica planejava uma capacidade produtiva de seis milhões de toneladas de placas em duas fases. A produção seria, por completo, consumida pela sul-coreana Dongkuk Steel Mill Co., sócia do empreendimento, juntamente com a brasileira Vale.
A informação foi dada ontem pelo presidente da Vale, Roger Agneli, em coletiva após a cerimônia de inauguração da Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA), no Rio de Janeiro. "A ideia é que a gente inicie com três milhões (de toneladas de placas de aço) e, com o tempo, e se porventura vier um outro parceiro com interesse em mais produção, a gente pode crescer", esclareceu o empresário.
Segundo ele, a empresa está realizando contatos para conseguir este novo sócio. "Ainda estamos abertos ao BNDES e a outros possíveis sócios", diz. Quando da cerimônia de inauguração da CSP, em dezembro passado, em São Gonçalo do Amarante, Agneli informou que a empresa iria buscar parceria com o banco nacional de fomento.
CSA tem parceria alemã
Na CSA, apresentada como o maior projeto siderúrgico da América Latina e o mais moderno do mundo, a Vale tem como parceira a ThissenKrupp, maior produtora de aço da Alemanha e uma das maiores do mundo. Todo o aço que será produzido na siderúrgica carioca - serão cinco milhões de toneladas de placas anuais - será enviado à parceira, que fará a fase seguinte do processo siderúrgico, que é a laminação. O modelo é semelhante ao cearense, que enviará o aço produzido na usina à Dongkuk. Contudo, Agnelli informou que alguma porção dessa produção pode ter um outro destino. "A principio, no inicio da operação, vai todo pra Dongkuk. Mas também a gente tem planta nos Estados Unidos, que é laminação, que também poderia ir pra lá", diz. No projeto da CSA, a alemã possui 73,13% de participação acionária, ficando o restante com a Vale. No Ceará, diferentemente, a brasileira ocupa uma posição majoritária, com 60% das ações, deixando a Dongkuk com os outros 40%.
Apesar de a ThissenKrupp ter reiterado ontem, através de seu CEO, Ekkehard Schulz, o interesse em expandir seus investimentos no mercado internacional, inclusive no Brasil, Agnelli disse não ter feito nenhum convite à empresa para que esta se agregue à CSP. "São propostas diferentes", resumiu.
Apesar de diferentes, o diretor de desenvolvimento da Agência de Desenvolvimento Econômico do Ceará (Adece), Eduardo Diogo, também presente no evento, afirmou que a CSA é "absolutamente o espelho da siderúrgica cearense". "Fora o parceiro da Vale, o resto é igual. São dois auto fornos, com produção de placas de aço para exportação, é muito semelhante. No Ceará, a CSP exportará para a Dongkuk dentro da ZPE (Zona de Processamento de Exportação) de Pecém", compara.
SETOR SE RECUPERA
CSA abre portas para outros projetos
Inauguração da siderúrgica carioca marca o maior investimento privado realizado nos últimos 15 anos no País
A inauguração da CSA marca o início do processo de renovação da siderurgia brasileira. Desde 1984, nenhum projeto na área foi construído em território nacional, e este já começa sendo o maior investimento privado já realizado no País nos últimos 15 anos. Ele abre as portas para vários outros em andamento, como as usinas do Ceará, Pará e Espírito Santo, todas com parceria da Vale.
Para a construção da CSA, foram 5,2 bilhões de euros investidos, envolvendo um total de 30 mil trabalhadores (70% deles da região onde se localiza), entre diretos e indiretos, em sua construção. Esta é considerada uma das maiores movimentações de mão-de-obra em um único projeto operada na história do Brasil. "A recuperação do setor siderúrgico nacional é uma prova de que o Brasil saiu da crise, e o País deveria servir de exemplo para todo o mundo", destacou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, reforçando que, enquanto os outros países retraíam sua economia, o Brasil intensificava seus investimentos. "Não existe um Estado onde não haja grandes investimentos sendo realizados", apontou. A inauguração do empreendimento, que fica localizado em uma das regiões mais carentes da capital do Rio de Janeiro, o bairro de Santa Cruz, na Zona Oeste da Cidade, foi o mote para que o presidente realizasse um balanço de sua gestão, intercalando informações de projetos com um discurso otimista e nacionalista em relação à Copa.
Contribuição
A CSA também contribuirá fortemente para as reservas nacionais através do comércio exterior. As exportações da siderúrgica representarão uma contribuição de R$ 1 bilhão n balanço de pagamentos do Brasil, aumentando em 40% as vendas externas de aço nacional.
O terreno ocupado pela planta é de 9 km2, o que equivale a duas vezes a área ocupada pelos bairros cariocas de Ipanema e Leblon. E os investidores ainda afirmaram o interesse na ampliação futura da planta. Segundo o CEO da ThyssenKrupp, Ekkehard Schulz, o primeiro dever da empresa é alcançar a sua capacidade máxima de produção, e depois é possível pensar em expandir. "Em três ou quatro anos, a economia mundial volta a crescer como antes da crise e, nesse momento, temos que ter a capacidade máxima. Em vez de cinco, podemos ter seis milhões de toneladas de placas anuais, eu sei que isso é possível", diz.

Fonte: Diário do Nordeste (CE)/SÉRGIO DE SOUSA


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