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Dilma convida Blairo para Ministério dos Transportes

Brasília - O senador Blairo Maggi (PR-MT) é a aposta mais forte do Palácio do Planalto para substituir o ex-ministro e senador Alfredo Nascimento (PR-AM) no Ministério dos Transportes. Chamado para uma conversa com a presidenta Dilma Rousseff, por volta das 21h de quarta-feira, o senador foi informado de que, caso não aceite comandar o ministério, a alternativa do governo será manter o ex-secretário executivo Paulo Sérgio Passos no posto, tirando-o da interinidade para transformá-lo em titular da pasta.
PAULO H. CARVALHO/ASBlairo Maggi fica insatisfeito com demissão do diretor do Dnit, mas é convidado para o ministérioBlairo Maggi fica insatisfeito com demissão do diretor do Dnit, mas é convidado para o ministério

Blairo, de imediato, disse que não vai aceitar o convite, mas seu partido e o Planalto ainda esperam convencê-lo a mudar de ideia. O líder do PR na Câmara, Lincoln Portela (MG), confirmou no fim da tarde de ontem que ele era o primeiro da lista do Planalto e do partido, mas a legenda quer ganhar tempo e só voltará a conversar com a presidenta Dilma na semana que vem. O PR quer que a definição sobre o novo ministro só aconteça depois que o ex-diretor do Departamento Nacional de Infraestrutura em Transporte (Dnit) Luiz Antonio Pagot for ouvido na terça, às 9h, no Senado, e na quarta-feira na Câmara. Os depoimentos são uma tentativa de reabilitá-lo politicamente e assim ganhar força para permanecer no cargo.

A expectativa do partido é de que ele se saia bem nas explicações ao Congresso e não é por acaso que Blairo está pessoalmente empenhado na reabilitação do amigo - ainda que a volta de Pagot não esteja sendo posta como condicionante para aceitar o convite. Ao longo dos oito anos de mandato à frente do governo de Mato Grosso, Pagot esteve sempre com Maggi e em postos relevantes: foi seu secretário de Infraestrutura, chefe da Casa Civil e secretário de Educação.

Isso explica o porquê de, em conversa ontem com a ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, o senador ter protestado com veemência contra o afastamento de Pagot. "Não se pode desonrar um homem daquele jeito", desabafou o senador. Oficialmente, no entanto, o líder Portela informou que Blairo precisa de tempo porque está avaliando a situação.

A dúvida é se há impedimento jurídico por conta do envolvimento de empresas dele com o governo. O líder citou o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a Marinha, já que uma empresa do senador opera na área da navegação e do transporte fluvial para escoar a soja produzida.

Um dirigente do PT admite que a preferência pessoal da presidenta seria por Paulo Sérgio Passos, por se tratar de um quadro técnico eficiente que conhece a fundo a estrutura do ministério. Mas, sabendo das resistências da cúpula do PR, que não vê no ex-subordinado de Nascimento um representante da legenda no ministério, a presidenta decidiu buscar um nome na bancada que pudesse obter o apoio do conjunto do partido.

Além disso, como as denúncias de um suposto esquema de corrupção com pagamento de propina nos Transportes envolvem diretamente o secretário-geral do PR e deputado Valdemar Costa Neto (SP), o Planalto não quer um novo ministro que tenha ligações com o acusado.

Ao contrário, a presidenta deixou claro a mais de um interlocutor que quer "extirpar" a influência de Costa Neto sobre os Transportes. Também pesa em favor de Blairo a conveniência de escolher um senador que possa se compor com o colega Nascimento, agora de volta ao Senado.

Foi de posse dessa informação que Blairo começou a se articular com a bancada do PR ontem mesmo. O primeiro a ser procurado foi Nascimento, com quem o senador teve um encontro reservado no fim da manhã. Apoiado pelo ex-ministro, ele articulou nova conversa no início da tarde com a cúpula do partido. Dali saiu a decisão de que os interlocutores do PR com o Planalto para tratar de sucessão nos Transportes serão Blairo e os dois líderes das bancadas.

CGU recolhe computadores e documentos

O ministro da Controladoria Geral da União, Jorge Hage, afirmou que foram recolhidos documentos e computadores dos envolvidos nas denúncias de superfaturamento de obras no Ministério dos Transportes. Hage afirmou que a saída de Alfredo Nascimento do ministério não vai prejudicar as investigações iniciadas na CGU sobre o episódio.

"[A saída de Alfredo Nascimento] não muda nada. Pelo contrário. No momento em que estava preparando o expediente (portaria publicada no DOU sobre auditoria nas licitações), apresentando à equipe ao ministro Nascimento, tomei conhecimento do seu pedido de demissão. Simplesmente modifiquei o destinatário do ofício, que agora é o ministro em exercício. Comuniquei-me com ele, disse que estava mandando a equipe, a equipe foi apresentada a ele, já entrou no ministério, no Dnit (Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes), na Valec, recolheu os computadores das pessoas envolvidas, começou a coleta dos documentos", afirmou Jorge Hage. O ministro da CGU falou após "Seminário Internacional sobre Transparência e Acesso a Informação: Desafios de Implementação".

PSOL pede investigações sobre quebra de decoro

O PSOL pediu ao Conselho de Ética do Senado que abra um processo disciplinar contra o ex-ministro dos Transportes, senador Alfredo Nascimento (PR-AM), por suspeita de quebra de decoro. O PSOL acusa o ministro e seus assessores de suposto envolvimento em "práticas criminosas" como improbidade administrativa, formação de quadrilha e fraude à licitação.

A senadora Marinor Brito (PSOL-PA) afirma que a intenção da iniciativa é "defender o interesse público" e ressaltar que "se Nascimento não serve para ser ministro, tampouco serve para ser senador". Eleito em 2006, Alfredo Nascimento reassumiu automaticamente o mandato no momento que foi exonerado da pasta. "Ele não serve para ser o fiscalizador dos atos do Executivo, portanto nós não aceitamos que uma pessoa com esse curriculum, com todas essas acusações, com as denúncias existentes contra ele, assuma uma vaga no Senado", alegou Marinor.

No entender do senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), as denúncias existentes contra Nascimento "são gravíssimas". "A sociedade brasileira necessidade de respostas convincentes por parte do ministro", defendeu. "Ele não deixou de ser senador, mesmo na conduta de atos como ministros de Estados. Esperamos, portanto, que o Conselho de Ética cumpra a missão de fiscalizar o decoro parlamentar", defendeu.

A julgar pelo que disse Marinor Brito, o conselho do Senado vai se eximir mais uma vez. Ela revelou que na última quarta-feira, durante a sessão plenária, o presidente do Conselho de Ética, senador João Alberto Souza (PMDB-MA), lhe sugeriu que não representasse contra o ministro. A senadora disse que João Alberto chegou a tentar chantageá-la, dizendo que ela também era alvo de uma representação no conselho, de iniciativa do deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ), e que a tendência do órgão era a de aceitar o pedido. "Não foi uma ameaça, foi uma tentativa de constrangimento e intimidação", avalia.

A senadora disse, ainda, ter ouvido dele a sugestão para que indicasse "alguém próximo" para relatar o processo contra ela. "Eu disse que não tenho nenhum próximo aqui (Senado) e se tivermos de denunciar quem quer que seja, vamos fazê-lo", disse Marinor.

Ministro avisa que Dilma não vai tolerar erros

Brasília (AE) - O ministro Gilberto Carvalho (secretaria geral da Presidência) foi ontem porta voz de dois recados da presidenta Dilma Rousseff para a base aliada do governo. "Aliados não podem ser mantidos a qualquer preço", disse ele em entrevista ao Estado. E acrescentou: "Num governo, quem cometer erro cai.".

Avaliando o caso da suspeita de corrupção no Ministério dos Transportes, o que levou à queda do ministro e agora senador Alfredo Nascimento (PR-AM), Gilberto Carvalho disse que a presidenta não tomou decisões precipitadas durante todo o processo. "Ela conversou com todos, não tomou nenhuma atitude intempestiva", afirmou.

O ministro disse, ainda, que não há nenhum desentendimento entre Dilma e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "De jeito nenhum", afirmou. Amigo pessoal de Lula, o ministro confidenciou que, numa conversa hoje, por telefone, o ex-presidente apenas lamentou o afastamento de representantes do PR dos Transportes. "Fazer o quê, né Gilbertinho. As pessoas acabam cometendo isso, a gente lamenta, mas é isso mesmo", relatou o ministro.

Segundo o ministro, Lula se manteve afastado ao longo da crise. "Ele não se envolveu nisso. A presidenta Dilma não consultou o presidente Lula e nem precisava consultar."

Na entrevista, Gilberto Carvalho disse que a presidenta Dilma Rousseff não tem um nome de preferência no PR para chefiar os Transportes e está aberta para conversar. Ele afirmou que citar nomes agora é se precipitar ao diálogo que ainda vai ocorrer com o partido, em especial com senadores como Blairo Maggi (PR-MT) e Alfredo Nascimento.

O ministro revelou que a presidenta se reuniu com sua equipe de governo no último sábado para fazer uma avaliação do quadro político. Durante a reunião, ficou definido que a melhor saída para o problema de suspeitas de irregularidades na pasta dos Transportes era o afastamento provisório de dirigentes do Departamento Nacional de Infraestrutura (Dnit) e assessores da pasta. Para a presidenta e equipe de assessores, a reportagem da revista Veja do fim de semana que apontava um esquema de pagamento de propina no setor era "forte".

(Fonte: Tribuna do Norte (RN) Natal/AE)


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