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Disparada do preço do petróleo estimula retomada de investimentos

RIO - A turbulência política no Oriente Médio acelerou a escalada do preço do barril de petróleo no mercado internacional, cujo tipo Brent já subiu 19,9% desde setembro na esteira de novos cortes na produção global e ultrapassou o patamar dos US$ 60. Bancos e instituições passaram a apostar que há fôlego para que a commodity alcance até US$ 75 nos próximos meses. Para os analistas, a alta é benéfica para as petroleiras, que serão estimuladas a retomarem investimentos. A notícia é particularmente importante para o Brasil, que tem programados para 2018 três leilões de blocos de exploração de petróleo.

— O valor maior do preço do barril do petróleo impulsiona os investimentos, pois as empresas vendem o seu produto mais caro. Mas é importante ressaltar que o câmbio também tem sua importância nessa conta — explica o consultor David Zylbersztajn.


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Nos últimos dois meses, a commodity já vinha reagindo a especulações de que a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) decidirá no fim do mês, em evento em Viena, estender o corte da produção, previsto para acabar em março. A tendência se acentuou nos últimos dias com a turbulência política interna na Arábia Saudita, após a prisão de ao menos 11 príncipes acusados de corrupção, e as acusações do reino saudita contra o Irã. Riad afirmou que Teerã é diretamente responsável por um ataque na capital saudita na semana passada, que classificou de “ato de guerra”.

Bancos veem US$ 60 como piso para o barril

Na quarta-feira, o petróleo deu uma trégua na tendência de alta, e o Brent caiu 0,39%, para US$ 63,44. A commodity reagiu à divulgação de crescimento inesperado dos estoques americanos do produto na semana passada, com avanço de 0,7% na produção. Mas isso não freou as revisões para os preços. O Bank of America Merrill Lynch, por exemplo, afirmou que o Brent pode atingir pico de US$ 75 nos próximos meses.

Já o Barclays aumentou de US$ 54 para US$ 60 sua previsão para o fim do quarto trimestre deste ano, observando que o produto tem fôlego para atingir US$ 70 antes disso. Já o JPMorgan elevou em US$ 11,40 sua estimativa para o valor médio no ano que vem, para US$ 58. O BMI Research, ligado à Fitch, projeta que o Brent pode valer, em média, US$ 63 em 2019 e US$ 70 em 2020.

— A tomada de decisão de investimentos não é feita de um dia para o outro, mas certamente com a alta o setor começa a ficar cada vez mais atraente. É importante se tiver uma indústria de petróleo mostrando capacidade de fazer investimentos — destacou o economista Marcel Caparoz, da RC Consultores.

Tanto Caparoz quanto Zylbersztajn não acreditam que um patamar muito elevado de preços seja sustentável para o petróleo. Para o consultor, apenas se as tensões se acirrarem e houver restrição de oferta o barril continuará subindo. O economista da RC complementa: a Opep não manda hoje sozinha no mercado, que conta com novos entrantes como o Brasil, e quanto maior a cotação, mais estímulo há para o rápido aumento de produção de petróleo e gás não convencional nos EUA.

Pressão sobre preço de derivados

Se injeta ânimo nas petroleiras, a escalada do preço do petróleo é uma dor de cabeça para quem consome seus derivados. Há o peso direto no bolso do consumidor, com aumentos da gasolina e do GLP, o gás de botijão. E, lembra Zylbersztajn, o impacto da alta dos combustíveis se estende por toda a cadeia da economia, por ser particularmente elevado sobre os fretes.

Com a nova política de reajustes da Petrobras, que acompanha de perto a variação internacional da cotação, em base diária dependendo do derivado, faz com que os reflexos sejam sentidos ainda mais rapidamente. Somente de janeiro até ontem, a gasolina teve aumento de 5,6% nas refinarias, enquanto o diesel subiu 11,5%, segundo o Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE). A alta do botijão de gás residencial foi de 55,4% nas refinarias.

O impacto da recente escalada internacional do petróleo é claro sobre os preços no Brasil: no acumulado de janeiro até 30 de outubro, a gasolina tinha redução de 4%, enquanto a alta do diesel era quase a metade, de 5,9%.

— A alta dos preços do petróleo beneficia a Petrobras se a companhia continuar com sua política de preços de variações diárias nos preços dos combustíveis, assim como aumenta suas receitas com exportações de petróleo. Mas o lado negativo é o reflexo em outros setores da economia, como alta nos fretes, pressão na inflação, que provocará alta dos juros, e com isso o país terá maior dificuldades em sua recuperação econômica — alertou Caparoz.

Gasolina subiu muito acima do IPCA

Pelo dados do IPCA, a inflação oficial medida pelo IBGE, para os consumidores o aumento médio da gasolina entre janeiro e setembro é de 4,57%, uma variação duas vezes e meia superior à do índice geral de 1,78% no mesmo período. O diesel subiu 4,52% nos nove primeiros meses deste ano.

Segundo o economista Paulo Bruck, a gasolina é um dos maiores pesos no orçamento familiar, respondendo por 4 pontos percentuais da inflação geral (o IPCA geral é menor porque o item alimentação tem tido seguidas e consideráveis quedas de preço).

— Esse aumento da gasolina é reflexo também do reajuste do PIS/Confins. A alta do petróleo ocorre em um período em que a inflação está baixa. E tem espaço para absorver. Acredito que ainda não vai afetar (o IPCA) num período curto — ponderou Bruck.

Fonte: O Globo






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