A Engevix Construções Oceânicas (Ecovix) entrou com pedido de recuperação judicial na última sexta-feira (16) na 2ª Vara Federal de Rio Grande, no Rio Grande do Sul. Desde o início da semana, a companhia dava sinais de que precisaria da proteção da Justiça para evitar a falência. Na última segunda-feira (12), a Ecovix já havia demitido 3,2 mil dos 3,7 mil trabalhadores do estaleiro que opera em Rio Grande.
Em nota, a Ecovix esclareceu que, depois de desenvolver uma "forte reestruturação financeira e operacional" ao longo de 2016, avaliou que a recuperação judicial seria a medida mais apropriada para viabilizar uma retomada da operação no futuro. De acordo com a nota, a companhia tem uma dívida de R$ 8 bilhões e uma "situação de caixa residual".
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A Ecovix - que é o braço de construção naval da empreiteira Engevix - entregou no último dia 8 o casco da plataforma de petróleo P-68 à Petrobras. Esta foi a terceira unidade feita para a estatal. Originalmente, o contrato assinado entre as partes em 2010, no valor de US$ 3,5 bilhões, previa a produção de oito cascos. Duas encomendas já haviam sido transferidas para a China devido aos atrasos das obras no Brasil. As últimas três foram canceladas pela Petrobras após a entrega da P-68, no início desta semana.
"Foram realizadas negociações com a fornecedora com o objetivo de concluir os contratos, contudo, devido à grave situação financeira enfrentada pela Ecovix, e a situação deficitária dos contratos, a negociação culminou com um distrato amigável", disse a Petrobras, ao confirmar a decisão de suspender as encomendas. A expectativa é de que a Ecovix pague à vista, antes do Natal, as rescisões dos funcionários que ficaram sem trabalho com o fim das operações no estaleiro.
A Ecovix informou, na nota divulgada nesta sexta-feira, que aguardará a decisão da 2ª Vara Federal de Rio Grande para desenvolver as próximas etapas da recuperação judicial. Se o pedido for aprovado, a empresa conta com um período de 180 dias sem que os credores executem suas dívidas. Durante esse período, vai apresentar um plano para viabilizar a continuidade do estaleiro.
As dificuldades financeiras da Ecovix começaram há dois anos, quando a empresa foi alvo de denúncias de corrupção na Operação Lava Jato. A crise econômica do País só contribuiu para piorar o cenário. A Ecovix tentou reestruturar sua dívida e vender ativos para algum investidor estrangeiro, mas não obteve sucesso. A empresa chegou a ter sócios japoneses, liderados pela Mitsubishi, porém eles venderam a fatia que detinham no início deste ano.
Sem a Ecovix, o número de vagas na indústria naval gaúcha cai praticamente pela metade. Sindicatos e autoridades locais pedirão socorro a Brasília. Eles querem que a encomenda dos três cascos que foi suspensa permaneça no Rio Grande do Sul, podendo ser assumida por outra empresa.
Fonte: Jornal do Comercio