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Em bom ritmo

Demanda por embarcações mantém o setor aquecido e agentes financeiros do FMM devem fechar o ano com números expressivos

 

O Conselho Diretor do Fundo da Marinha Mercante (CDFMM) já aprovou nas reuniões de março e de julho desse ano cerca de R$ 4 bilhões em projetos de embarcações e estaleiros. Outro encontro está previsto para acontecer neste mês de outubro e novas prioridades também devem ser concedidas.

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Com uma maior periodicidade das reuniões do FMM — têm acontecido trimestralmente —, os projetos aprovados também aumentam e os agentes financeiros do Fundo da Marinha Mercante (FMM) estão na busca por novos contratos.

Dos encontros realizados este ano pelo CDFMM, o Banco do Brasil, por exemplo, tem mais de 15 projetos em fase final de análise, os quais a instituição tem expectativa de contratar até o início do mês de novembro. Os projetos incluem a construção de estaleiros e embarcações para apoio marítimo e portuário, porta-contêineres e barcaças.

De acordo com o gerente executivo da Diretoria Comercial do Banco do Brasil, Renato Lopes, no primeiro semestre deste ano a instituição financeira desembolsou cerca de R$ 500 milhões, quase o mesmo montante liberado em todo o ano passado. “Esperamos desembolsar até o final do ano o mesmo valor do primeiro semestre, gerando aumento de 100% em relação a 2011”, estima Lopes.

Já o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) tem apenas um projeto de embarcação em análise proveniente das reuniões desse ano, especificamente do encontro de julho. Como ainda está em tramitação interna, o banco não pode informar detalhes sobre a consulta. Quatro projetos relativos às prioridades da reunião de novembro do ano passado também ainda tramitam no BNDES. “Como pelo regulamento do Ministério dos Transportes, temos um ano para contratar a operação, teremos um prazo até o final de novembro”, lembra o gerente do Departamento de Óleo e Gás do BNDES, Vinicius Figueiredo. A previsão de liberações de desembolso desse ano do banco é de R$ 2,3 bilhões, valor um pouco acima do de 2011, quando foi liberado R$2,1 bilhões.

A Caixa tem em análise hoje cerca de 45 projetos provenientes das três últimas reuniões, que somam mais de R$ 13 bilhões. “Nossa expectativa é de fechar ainda este ano contratos priorizados em todas estas reuniões”, estima a superintendente executiva da Caixa, Eugenia de Melo, destacando que a Caixa criou uma superintendência específica para atendimento aos clientes dos setores de petróleo, gás e indústria naval, bem como as suas cadeias produtivas em 2010. A unidade é responsável pela negociação e estruturação das operações pleiteadas pelos clientes destes mercados. Desde o final do ano passado, a instituição já contratou R$ 1,7 bilhão em financiamentos.

Com o setor em expansão, os bancos têm montado estruturas especializadas. No BNDES, três gerências trabalham com o Fundo da Marinha Mercante, das quais duas focam em embarcação e uma em estaleiro. Já o atendimento do Banco do Brasil é segmentado para compreender as necessidades e atender às expectativas de empresas de todos os portes. Especificamente para a cadeia de petróleo e naval, a instituição mantém dois escritórios, ambos localizados no Rio de Janeiro. Um deles é focado no middle market e o outro em grandes empresas, além de equipes técnicas especializadas em estruturar soluções de crédito.

Para atrair novos clientes, o Banco do Brasil tem oferecido portfólio completo de produtos e serviços para empresas do segmento de óleo e gás, com destaque para operações de capital de giro no portal Progredir, financiamento de projetos através do Fundo da Marinha Mercante e emissões de títulos no mercado de capitais local e internacional.

O BNDES trabalha com duas frentes básicas. A primeira delas reforça as ações de fomento na busca de novas empresas em função do aumento da concorrência. O BNDES foi o primeiro agente financeiro do Fundo da Marinha Mercante. Outra estratégia é a redução das taxas de juros, que hoje o banco as entende como competitivas. “É difícil dizer quanto diminuímos porque a taxa de juros varia de acordo com o rating que determinamos para cada empresa, mas foi uma redução significativa”, diz Figueiredo.

Outra alternativa do banco, segundo Figueiredo, tem sido o compartilhamento de riscos, já que os valores e riscos envolvidos na implantação de um estaleiro são maiores que os de uma embarcação. “Fazemos cofinanciamento. Temos tido bastante contato tanto com o Banco do Brasil quanto com a Caixa e dividido projetos com eles. Para estaleiros, adotamos essa estratégia com mais frequência”, afirma ele, lembrando que o BNDES registrou apenas um compartilhamento com o Banco do Brasil para financiamento de embarcação.

O tempo levado entre o período compreendido para a aprovação da prioridade do FMM e a liberação do financiamento varia de acordo com diversos fatores, como por exemplo a qualidade das informações disponibilizadas pelas empresas. Mas segundo Lopes, do BB, a  obrigação de entregar o projeto em até 90 dias da data de sua priorização ao banco repassador deve acelerar o processo de liberação dos recursos, que também depende do andamento físico das obras do projeto.

O primeiro contrato assinado pela Caixa no ano passado levou quatro meses entre a entrada do projeto priorizado e a assinatura do contrato. Mas por outro lado, diz Eugenia, existem outros contratos que levarão quase a totalidade da vigência da priorização para chegarem a ser contratados— o prazo é de um ano.  “Acreditamos que 180 dias entre a entrada do projeto e a efetiva contratação, para projetos que se demonstrem viáveis, é uma meta de prazo factível de ser atingida”, afirma ela, destacando que a análise de uma grande gama de projetos exigiu da Caixa uma especialização em informações do setor para as áreas de análise de projetos, jurídica e engenharia, fazendo a instituição levar mais tempo do que o considerado ideal. A Caixa é credenciada no FMM desde setembro de 2010.

Esse tempo de seis meses também tem sido o necessário para o BNDES iniciar a liberação do financiamento para embarcações. No caso de estaleiros, é difícil precisar por estarem envolvidas questões que independem das empresas e dos bancos, como licenciamento ambiental. Essa inclusive tem sido uma das principais dificuldades vivenciadas pelo BNDES para agilizar o trâmite dos pedidos de financiamento. Outro imbróglio comum, segundo Figueiredo, é a necessidade de dragagem no local, já que para se ter autorização muitas vezes o processo é lento. “Alguns projetos ficam realmente parados esperando algum tipo de autorização”, diz. Questões jurídicas, relacionadas aos terrenos onde serão construídos os estaleiros, normalmente à beira-mar e pertencentes à União, também dificultam o andamento do processo.

Mas também há dificuldades no financiamento a embarcações relacionadas a prazos do estaleiro. Dependendo da capacidade de processamento, a produção de um atrasa a obra do próximo navio. A opinião é compartilhada por Lopes, do Banco do Brasil. “Estamos no meio do processo de renascimento da nossa indústria naval. Diante disso, os desafios que se apresentam já eram esperados, como o excesso de demanda por construção de embarcações diante da oferta atual de estaleiros. E há ainda a curva de aprendizado dos novos estaleiros para entrega das encomendas”, acrescenta.

Para a Caixa, outro desafio a ser superado é a necessidade de uma maior profissionalização e governança na administração das empresas proponentes. Segundo Eugenia, há excelentes projetos que esbarram na capacidade de gestão do empreendedor, bem como ótimos empreendedores, cujos projetos carecem de informações. “Quando falamos das cadeias produtivas, vemos na pouca formalização de contratos entre fornecedores e subfornecedores um entrave relevante”, declara ela.

O financiamento do FMM vai sendo liberado de acordo com o andamento da obra. Além do próprio banco, o Ministério dos Transportes, através do departamento do Fundo, também acompanha de perto o projeto. Um dos financiamentos expressivos mais recentes foi o do estaleiro OSX, que contratou com o BNDES e com a Caixa R$ 1,35 bilhão cada, totalizando cerca de R$ 2,7 bilhões.

Segundo dados divulgados pela OSX, o prazo do financiamento é de 252 meses, equivalentes a 21 anos, para ambas as instituições financeiras, com 42/36 meses de carência para amortização de principal e 36/30 meses de carência para pagamento de juros junto ao BNDES e CEF, respectivamente. A taxa média de juros prevista é de US$ + 3,38% ao ano, com pagamentos mensais junto às amortizações do principal após a carência. A prioridade do apoio financeiro contratado pela OSX junto ao BNDES e CEF foi aprovada pelo Conselho Diretor do Fundo da Marinha Mercante (CDFMM) em junho do ano passado. O BNDES já realizou um empréstimo ponte de US$ 227,9 milhões à companhia.

As metas de participação dos principais bancos no mercado naval, segundo as instituições, têm sido atingidas ano a ano. De acordo com Lopes, o Banco do Brasil vem apresentando crescimentos sucessivos tanto em volume liberado quanto em número de projetos contratados. A meta do BB é continuar em trajetória de crescimento no repasse de recursos do FMM, bem como em outras linhas que são utilizadas para financiar o segmento de óleo e gás. A instituição deve fechar o ano, segundo o executivo, com uma carteira de contratos da ordem de R$ 7 bilhões.

“Não medimos nosso desempenho por número de contratos, porque um projeto de expansão de uma empresa de navegação, por exemplo, pode gerar um número grande de contratos, considerando que a empresa pode estar adquirindo 10, 20 ou 60 embarcações. Por outro lado, um projeto de construção de um estaleiro, cujos valores podem ser bem superiores, gera um único contrato”, explica ele.

As perspectivas para o segmento nos próximos anos, na avaliação do BB, são favoráveis e estão apoiadas na premissa de que o setor de petróleo e gás manterá aquecida a demanda pelos vários tipos de embarcações. Atualmente, no âmbito do Fundo de Marinha Mercante, ressalta Lopes, existem projetos que superam R$ 30 bilhões em novos financiamentos. Essa produção engloba desde embarcações para cabotagem, apoio portuário e marítimo, até navios de grande porte para longo curso. Estima-se, continua ele, que até 2014 o volume das operações deverá mais do que triplicar.

Por isso, o BB tem como meta continuar acompanhando o crescimento do setor, provendo, além de crédito, soluções aderentes aos projetos apresentados pelos clientes. “O Banco do Brasil, com sua equipe especializada para atuar em petróleo e gás, está focada na estratégia que visa ao desenvolvimento de longo prazo, buscando percorrer toda a cadeia produtiva deste importante segmento, contribuindo para fortalecer ainda mais nosso compromisso com o desenvolvimento econômico e social do Brasil.”

Quem também busca apoiar todos os elos da cadeia do setor é o BNDES. Segundo Figueiredo, o banco tem bastante interesse na expansão do mercado naval, não só no que se refere a estaleiros e embarcações, mas também com foco em fornecedores de navipeças. O executivo acredita que o ano de 2013 deve seguir os padrões de contratação desse ano, com projetos de valor razoável e não mais tão expressivos como ocorrido há alguns anos, principalmente devido à frequência dos encontros do Fundo. “Na época em que as reuniões ficaram mais raras, houve um movimento em que as empresas pegaram todo o plano de investimentos de cinco anos e pediram prioridades, o que gerou contratações milionárias, porque eram de 12 a 20 embarcações. Isso não deve voltar a acontecer, até pelo fato de termos reuniões mais próximas”, acredita.

Para a Caixa, atuar neste segmento, além das oportunidades de negócios, é uma forma palpável de cumprir sua missão de banco público, gerando emprego, renda e desenvolvimento regional sustentável. Segundo Eugenia, o mercado recebeu a instituição muito bem na prospecção de projetos para análise. Para ela, a estruturação das equipes especializadas na análise de crédito, jurídica, de engenharia, entre outras, fará esta confiança ser revertida em números nas próximas demonstrações financeiras. “Já contratamos neste ano R$1,35 bilhão. Temos em análise mais de R$ 8 bilhões cujas prioridades vencem ainda em 2012. Nosso objetivo é contratá-las no prazo. Estamos estruturados e não mediremos esforços para tanto. Queremos ser reconhecidos como o banco da indústria naval”, conclui ela.

Se a meta de participação dos três principais agentes repassadores do Fundo tem sido atingida, o mesmo não se pode dizer do Banco do Nordeste (BNB) que, de acordo com o diretor financeiro e de mercado de capitais da instituição, Fernando Passos, está abaixo das expectativas.

“O banco tem meta de aplicação com o FMM no montante de R$ 50 milhões, mas como não há demandas em aberto, possivelmente esta meta não vai ser alcançada”, lamenta ele.

Neste ano, o banco ainda não registrou operações de contratação com recursos do Fundo da Marinha Mercante e também não há propostas em carteira. “No corrente ano, há conhecimento de que dois clientes procuraram o banco para financiamento de estaleiros com recursos do FMM. Seria um no Nordeste e outro fora da região, mas que não prosperaram principalmente por conta da composição de garantias ofertada pelo proponente ao crédito”, explica.

Desde 2007, quando se tornou um dos agentes financeiros do FMM, diz Passos, o banco contratou apenas duas operações. Uma em 2007 para a TWB Bahia e outra em 2009 para a Marimar. “Este tipo de operação também pode ser realizada com recursos do FNE,  que tem programas específicos para atender a este mesmo público. Dessa forma, temos uma concorrência de fontes e a aplicação dos recursos obedecerá as prioridades determinadas pelo banco”, conta. Provido de recursos federais, o FNE financia investimentos de longo prazo e, complementarmente, capital de giro ou custeio. Além dos setores agropecuário, industrial e agroindustrial, também são contemplados com financiamentos o turismo, comércio, serviços, cultura e a infraestrutura econômica da região.

Procurado pela Portos e Navios, o Banco da Amazônia (Basa) não se pronunciou até o fechamento da edição.



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