Nos livros de história ele é conhecido como um herói negro. Filho de escravos, em novembro de 1910, João Cândido Felisberto liderou um motim de marinheiros negros, que ficaria conhecido no País como a Revolta da Chibata. O levante dos 2 mil revolucionários, no Rio de Janeiro (então capital federal), era para extinguir os maus-tratos da Marinha contra os soldados e acabar com punições severas, como as chicotadas. O personagem que dá nome ao primeiro navio da nova frota brasileira é homenageado no centenário da Revolta da Chibata.
Assim como outros protagonista da história, João Cândido morreu pobre, aos 89 anos. Depois de ser expulso da Marinha, sustentou a família com o que ganhava como pescador. Até hoje, a família do almirante-negro tenta conseguir o pagamento de indenização do governo federal, depois que em 2008 uma lei concedeu anistia póstuma a ele e a outros marinheiros.
Essa será a segunda homenagem prestada pelo presidente Lula ao almirante. A primeira foi em 2008, quando inaugurou uma estátua com seu nome, na Praça XV, no Rio. A deferência do presidente com o personagem não é vista com bons olhos pelos oficiais da Marinha. No episódio da estátua, chegaram a pedir que o monumento não ficasse em frente à sede da Escola Naval, localizada na mesma praça. Dessa vez, a repercussão pode ser ainda maior, porque o personagem vai batizar um navio.
Pai de 12 filhos, João Cândido nasceu no dia 24 de junho de 1880. Aos 13 anos entrou para Escola de Aprendizes Marinheiros. O personagem virou roteiro de filme e letra de música. Aldir Blanc e João Bosco compuseram para ele a música “O mestre-sala dos mares.”
Fonte: Jornal do Commercio (PE)
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