O presidente da Petrobras, Pedro Parente, admitiu que um dos motivos que fez a estatal, em parceria com a gigante ExxonMobil, dar o maior lance do leilão são as chances de ele ter reservatórios na área do pré-sal
Mais do que o resultado da 14ª rodada de licitações de blocos para exploração de petróleo e gás, o governo comemorou a retomada de investimentos no setor, após o envolvimento da Petrobras na Operação Lava-Jato. A Agência Nacional do Petróleo (ANP) destacou que o ágio de 1.556% e o bônus de assinatura de R$ 3,84 bilhões marcam o melhor resultado da história e prenunciam um aporte de R$ 344 bilhões no país nos próximos 10 anos. Ao todo, 20 empresas participaram dos leilões. Delas, 17 arremataram blocos, sendo 10 nacionais e sete estrangeiras.
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Dos 287 blocos ofertados, apenas 37 foram arrematados, a maioria com proposta única. Além de representar a retomada dos investimentos do setor, o leilão é uma pequena mostra do que está por vir, com as próximas rodadas que envolvem áreas do pré-sal.
Para o diretor geral da ANP, Décio Oddone, os certames “atrairão centenas de bilhões de reais em investimentos e riquezas para a sociedade brasileira”. A área total arrematada foi de 25 mil quilômetros quadrados, em blocos distribuídos por 16 setores de oito bacias: Parnaíba, Potiguar, Santos, Recôncavo, Paraná, Espírito Santo, Sergipe-Alagoas e Campos.
O presidente da Petrobras, Pedro Parente, admitiu que um dos motivos que fez a estatal, em parceria com a gigante ExxonMobil, dar o maior lance do leilão, de R$ 2,2 bilhões, por um dos blocos da Bacia de Campos, são as chances de ele ter reservatórios na área do pré-sal. “A área é vizinha e vamos aprofundar as explorações”, disse. “Fomos realmente seletivos, nós não ganhamos todas, perdemos uma, isso comprova que estamos pagando por aquilo que achamos que vale”, explicou.
Em comunicado, a Exxon Mobil do Brasil afirmou estar ansiosa “para trabalhar com o governo brasileiro”. “Estamos aqui há mais de 100 anos (desde 1912) e com muita disposição para escrever mais um capítulo desta rica história”, diz a nota. A empresa arrematou 10 setores, dos quais dois sozinha e oito em parceria. Do total de R$ 3,8 bilhões em bônus de assinatura, a Exxon participa de R$ 3,76 bilhões, a maior parte em sociedade com outras empresas.
Para Livia Amorim, sócia do escritório Souto Correia Advogados, o Brasil está empenhado em reconstruir a confiança na indústria do petróleo. “O governo fez um esforço para equilibrar as regras, com mudanças que o setor demandava há algum tempo. E houve interesse de grandes empresas estrangeiras”, avaliou. Sobre apenas 13% dos blocos terem sido arrematados, ela explicou que a baixa atratividade na exploração em terra é uma questão histórica. “Os blocos marítimos tiveram maior competição e valores mais altos”, acrescentou.
Fonte: Correio Braziliense