OSX prometeu que reagirá ao parecer negativo do Instituto Chico Mendes
O entrave ambiental criado em torno do estaleiro OSX em Biguaçu, na Grande Florianópolis, dificilmente deixará de afetar o cronograma de implantação do projeto. A coreana Hyundai Heavy Industries (HHI), dona de 10% do empreendimento, estima um atraso de três meses no processo de licenciamento.
Por conta disso, a expectativa atual da HHI é de início das operações apenas no primeiro trimestre de 2012. A informação foi dada ao Diário Catarinense por e-mail por um porta-voz da empresa, líder mundial de construção naval com 15% do mercado global. O prospecto distribuído pela OSX Brasil, do grupo do bilionário Eike Batista, para apresentar o projeto de Biguaçu a investidores falava em operação ainda no segundo semestre de 2011.
Na quarta-feira, a OSX prometeu que irá reagir ao parecer negativo do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) ao projeto. O aval do órgão federal, que administra as três unidades de conservação próximas à área onde o estaleiro será erguido, é necessário para a Fundação do Meio Ambiente de SC (Fatma) liberar o empreendimento.
"Tal decisão regional não tem caráter definitivo e a companhia apresentará, de imediato, o correspondente recurso à sede do ICMBio em Brasília, que confiamos será finalmente provido, frente à robustez e consistência dos estudos ambientais apresentados", afirmou a OSX em nota.
Engenheiros coreanos
A HHI ainda confirmou que o acordo de cooperação técnica firmado com a OSX prevê o envio, no prazo de cinco anos, de 40 dos seus engenheiros coreanos — no auge da obra, poderia chegar a 50 — para trabalhar na implantação do estaleiro. Cada engenheiro vem com o visto de trabalho de um ano. O número total deles pode ser ampliado se a OSX solicitar.
O primeiro grupo de coreanos deve chegar ao país nos próximos dias, disse, na semana passada, o presidente e diretor de operações da OSX, Luiz Eduardo Guimarães Carneiro. Eles trabalharão, a princípio, em Belo Horizonte, sede da empresa de engenharia que venceu a licitação para elaborar o projeto. Quando as obras começarem, eles ficarão na Grande Florianópolis.
A parceira com a HHI foi firmada porque a empresa coreana é dona do "estado da arte" da tecnologia do setor, segundo definição do Grupo EBX. A transferência desta tecnologia é fundamental para os planos de Eike Batista de construir a "Embraer dos Mares".
Segundo a HHI, isso ocorrerá em duas etapas. A primeira é a documentação que está sendo preparada para a OSX. A segunda envolve treinamento prático e teórico. Juntamente com a OSX, a HHI criou um programa que inclui Coreia do Sul e Brasil. Entre outras coisas, uma equipe de 20 a 30 técnicos brasileiros passará um período em Ulsan, onde fica a sede da empresa coreana.
Estaleiro OSX
Números do projeto
Investimento: R$ 2,5 bilhões
Localização: Biguaçu, na Grande Florianópolis
Área total: 3,2 milhões de metros quadrados
Área construída: 1,6 milhão de metros quadrados
Empregos: 3,5 mil vagas na construção e geração de 4 mil empregos diretos na operação do estaleiro
Cronologia
— Dezembro de 2009: A consultoria de estudos ambientais e engenharia Caruso Júnior conclui o Estudo de Impacto Ambiental e o Relatório de Impacto ao Meio Ambiente (EIA/Rima) do estaleiro da OSX. A empresa faz parte do Grupo EBX, do empresário Eike Batista, o homem mais rico do Brasil.
— Março de 2010: A empresa OSX promove uma oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) na Bolsa de Valores de São Paulo.
— Abril: O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), órgão responsável pelas unidades de conservação federais, apresenta parecer contrário à instalação do estaleiro em Biguaçu. Devido ao IPO, a empresa OSX precisa respeitar um período de silêncio e não se manifesta sobre o assunto
— Maio: A OSX protocola na Fundação do Meio Ambiente (Fatma) um novo relatório, que apresenta alternativas para os problemas apontados pelo ICMBio.
— Junho: O ICMBio conclui a avaliação do documento apresentado pela OSX e mantém o parecer contrário à instalação do estaleiro em Biguaçu. A Fatma ainda avalia o relatório e busca um acordo com o ICMBio. A OSX diz que vai recorrer a Brasília para aprovar o projeto.
Fonte: Diário Catarinense/Eduardo Kormives
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