O estaleiro do rio Tietê, em Araçatuba (SP), aberto em um processo licitatório sob investigação e que deveria construir barcaças para melhorar a logística hidroviária nacional está parado e demitindo funcionários. No fim de semana, 60 pessoas foram dispensadas.
A segunda-feira (7) no estaleiro foi de poucos funcionários e todos parados. Do lado de fora não dava para ver nenhum movimento na linha de produção. Essa não é a primeira demissão em massa feita pelo estaleiro. O local, que começou a operar com aproximadamente 400 funcionários, hoje tem pouco mais de 100.
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De acordo com o Sindicato dos Metalúrgicos o principal motivo das demissões desse fim de semana foi o fim do contrato com a Transpetro, anunciado em junho. “Eles alegam e temos certeza disso, que é por causa do rompimento de contrato com a Transpetro, não tem outro motivo”, afirma Osmar Geraldi, presidente do sindicato.
Na época, por e-mail, a Transpetro informou que decidiu romper o convênio com o estaleiro de Araçatuba por causa da investigação do Ministério Público Federal, que apontou irregularidades no contrato.
O estaleiro do rio Tietê pertence a Estre Ambiental, investigada pela operação Lava Jato, que apura um esquema de corrupção e desvio de recursos da Petrobras. Em dezembro do ano passado, a Polícia Federal apreendeu documentos e computadores do escritório da empresa.
O ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado teria negociado a instalação do empreendimento em Araçatuba, antes mesmo do processo de licitação, segundo a investigação. Nem os representantes do estaleiro nem da Estre quiseram se manifestar.
Com o fim do contrato o número de comboios que seriam construídas caiu de 20 para quatro. A última previsão passada pela empresa era terminar o quarto comboio ainda este ano. Por isso, o presidente do sindicato espera novas demissões. “Se a empresa não encaixar outros projetos, que é o que estão passando para gente, a expectativa é de mandar mais gente embora sim. Todas as informações que temos é que a empresa trabalha com o quadro de funcionário ocioso”, diz o presidente.
Em nota, a Transpetro disse que "já recebeu três comboios (cada um formado por quatro barcaças e um empurrador) e o quarto está previsto para ser entregue esta semana. A contratação dos comboios é objeto de uma ação de improbidade administrativa ajuizada pelo Ministério Público Federal. Esta ação está suspensa, aguardando decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) sobre a competência para julgamento do caso. A companhia, como vítima, vem colaborando com as investigações. Além disso, a Transpetro vem efetuando todos os pagamentos por meio de depósito judicial e, portanto, não possui nenhuma dívida com o Estaleiro Rio Tietê"
Fonte: Do G1 Rio Preto e Araçatuba