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Estaleiros estão cheios de pedidos

Indústria naval: Encomendas de construção e reformas de navios superam R$ 10 bilhões
A construção de petroleiros, gaseiros, embarcações de apoio e plataformas, além de reforma e modernização de navios e estaleiros, serão responsáveis por investimentos vultosos nos próximos anos no Rio de Janeiro. Dez dos principais e maiores estaleiros do Estado estão com uma carteira de pedidos novos e em andamento que somam R$ 10,57 bilhões. Esse montante não é apenas de investimentos de estaleiros em si, mas de armadores, cujas encomendas foram realizadas nos últimos anos.
"A indústria naval do Rio vive um de seus melhores momentos. Não só pelo número de encomendas feitas pela Petrobras e Vale, mas também por pedidos de companhias internacionais", afirma Cristiano Prado, gerente de infraestrutura e novos investimentos da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan). O setor está tão aquecido, diz ele, que deve manter-se assim ao longo das próximas duas décadas, principalmente por causa da exploração dos reservatórios da camada pré-sal.
A Petrobras precisa de 45 novas plataformas de exploração, perfuração e produção de petróleo para atender campos de pré-sal. Cada uma das plataformas exige pelo menos dois navios de apoio, de acordo com o Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore (Sinaval). Isso quer dizer que, nos próximos anos, haverá uma demanda adicional de 90 embarcações desse tipo, além dos 146 já previstos anteriormente pela estatal. Ainda de acordo com o Sinaval, a Petrobras precisa de outros 70 navios petroleiros para atender às necessidades da companhia.
"Este é o momento onde as oportunidades propiciadas pela abertura de novas fronteiras, como os reservatórios de óleo e gás no pré-sal, impõem uma resposta decidida por parte da indústria naval para enfrentar os desafios tecnológicos e econômicos", diz Domingos D'Arco, presidente do estaleiro Mauá, a primeira empresa do setor no Brasil, que iniciou suas atividades em 1846.
Levantamento recente do Centro de Estudos de Gestão Naval (CEGN), da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), aponta que, hoje, existem encomendas anunciadas pela Petrobras e por outros armadores brasileiros de mais de 350 embarcações. Em dezembro de 2009, só o Conselho Diretor do Fundo da Marinha Mercante (FMM) aprovou prioridades para a construção de 253 navios (R$ 8,9 bilhões) e a implantação e modernização de 17 estaleiros (R$ 2,3 bilhões).
Não é só a intensificação da exploração de petróleo que aqueceu o setor no Rio, berço da indústria naval do país. A estabilidade e a expansão da economia e o crescimento do transporte de cabotagem, por exemplo, fizeram com que cerca de 20 estaleiros fossem reabertos no Estado. Essa movimentação significou a criação de milhares de empregos no setor e a geração de oportunidades na cadeia de fornecedores da indústria da construção naval. Cada estaleiro reaberto representa pelo menos 3 mil empregos diretos, de acordo com Prado, da Firjan.
Atualmente, a indústria nacional de construção naval emprega diretamente quase 47 mil pessoas. Considerando os empregos indiretos da "indústria de arraste" (fornecedores de máquinas e equipamentos e de serviços, entre outros), o número de trabalhadores no setor no Brasil passa dos 200 mil. Além disso, os diversos tipos de incentivos disponíveis no momento favorecem a indústria naval. Entre eles, isenções fiscais, financiamentos a estaleiros e armadores e um Fundo de Garantia à Construção Naval (FGCN).
Só o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) tem uma carteira de mais de R$ 18 bilhões entre projetos aprovados, em análise e em perspectiva na área naval ligada à indústria de petróleo e gás. Os recursos do BNDES e de outros agentes financeiros estatais, como o Banco do Brasil e o Banco do Nordeste, para a indústria naval vêm do Fundo da Marinha Mercante (FMM), fonte de financiamento de longo prazo para o setor.
Apesar da efervescência do setor, que fez com que os principais estaleiros do país associados ao Sinaval terminassem 2009 com um faturamento de quase R$ 5 bilhões, existe uma série de obstáculos a serem superados. Entre os problemas, o estudo da CNEG cita a baixa produtividade dos estaleiros, a defasagem tecnológica do país, os problemas relacionados à gestão da produção, a inexistência de uma rede articulada de fornecedores locais e a indefinição de uma estratégia de desenvolvimento para a indústria nacional de transporte aquaviário.
Vários estaleiros, entre eles o Mauá, STX Brazil Offshore, Aliança e o São Miguel têm investimentos previstos para expansão ou construção de novas unidades de produção. O Mauá separou R$ 160 milhões para a expansão e modernização de sua planta industrial. "Estamos investindo cada vez mais na modernização das instalações e na formação de mão de obra para atender futuras encomendas", diz D´Arco, presidente do estaleiro.
O Aliança investirá R$ 69 milhões na ampliação da sua planta industrial e na construção de unidade de processamento de aço em São Gonçalo. No mesmo local, o estaleiro São Miguel erguerá uma nova planta de R$ 47 milhões.
O Eisa segue caminho semelhante. A unidade da Ilha do Governador receberá investimentos para atender à demanda de quatro navios Panamax de 75 mil TPB (toneladas de porte bruto ou capacidade de carga do navio somada ao seu peso) da Transpetro. A encomenda aguarda apenas a aprovação do financiamento do BNDES.
A STX Brazil Offshore, por sua vez, investirá US$ 100 milhões num estaleiro que deve começar a ser erguido este ano no Rio.
Fonte: Valor Econômico/ Vladimir Goitia, para o Valor, de São Paulo






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