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Estratégia carioca

Egressa do mercado financeiro, estreante no mercado offshore quer empresa de excelência com barcos de padrão internacional a custos e preços competitivos. Foco está na gestão

Existe algo de muito novo no cenário do mercado de apoio offshore brasileiro. E se engana quem pensa que a novidade vem das gélidas águas do Mar do Norte. Não, a Asgaard Navegação é 100% carioca e o nome é apenas uma irreverência,  uma brincadeira de sua criadora, a advogada carioca Patrícia Coelho. “Quando eu comecei com a empresa, diziam que era coisa de viking, de norueguês”, brinca ela. 

Sem nenhuma tradição no meio marítimo, Patricia não pretende demorar para mostrar a que veio: partindo do zero,  tem meta de chegar em 2015 com uma frota de cerca de  20 embarcações, entre próprias e afretadas.  Recentemente encomendou ao estaleiro Aliança os dois primeiros OSRVs (Oil Splil Recovery Vessel) de um total de 10 previstos para contratação no curto prazo.  E está finalizando a aquisição de quatro PSVs 3000 de outro armador.  Entre os planos também estão o afretamento de cinco a oito embarcações.
Alvo de natural curiosidade, a presidente da Asgaard  explica que sempre trabalhou como investment banker no mercado financeiro.  Teve uma série de clientes da área de logística e apoio portuário, e se encantou pelo setor marítimo.   “É uma atividade bela, interessante, embora no Brasil não haja uma cultura de shipping tão desenvolvida quanto em outros países com menos mar e sem petroleiras fortes como a Petrobras.  Há cerca de quatro anos decidi me tornar armadora e fui progressivamente amadurecendo a idéia e os processos para tornar isso possível.  Sou absolutamente apaixonada pelo que faço e é desse gostar que vem meu entusiasmo.”, explica ela, que considera a navegação uma atividade difícil pois requer  muito conhecimento e  também muita estratégia.
Inicialmente Patricia julgou que seria mais simples comprar uma empresa já existente.  Chegou a fazer due diligence em duas .  “Mas elas não tinham as características que eu julgava ideais. Então percebi que era melhor começar do zero, para ser exatamente do jeito que eu queria”.  
A outorga foi obtida com a combinação da compra de um crew boat e a capitalização da empresa. E no ano passado conseguiu prioridade para a encomenda dos 10 OSRV.  Segundo ela, o plano de negócios não prevê a operação de embarcações pequenas.  A atual estrutura de gestão da frota é voltada mais para PSVs menores e OSRVs, que são barcos de menor complexidade.   “É preciso seguir uma curva de aprendizagem. Não dá para começar com a operação de um PLSV ou um AHTS. Essa foi uma escolha estratégica de amadurecimento dos sistemas de gestão da companhia”, explica a presidente. 
Outro ponto que ela tem muito claro é que não há intenção de terceirizar a gestão. Tudo está sendo feito dentro de casa. Atualmente estão sendo implantados os sistemas de gestão das embarcações. Cada uma delas será uma unidade de negócio.  “Queremos fazer como as melhores e maiores empresas de navegação internacionais. E as melhores têm compromisso com a excelência. Queremos uma empresa onde tudo é bem feito”, resume.
Patrícia Coelho afirma ainda que outra de suas metas é ajudar na qualificação da cadeia de  fornecedores nacionais. Segundo ela, já recebeu a visita de mais de 150 fornecedores de todo o mundo interessados em equipar suas embarcações. “Estamos encorajando as parcerias, ao menos a representação comercial. Estamos desenvolvendo o asgaard.net um portal para licitações públicas, privadas e convites a fornecedores. Estamos conversando,  entrevistando, identificando os fornecedores para qualificá-los. Esses primeiros terão 64% na fase de projeto e pretendemos chegar a 70% durante as obras.”
Com aço encomendado, itens críticos já pagos, projeto Rolls Royce, motores MTU e classificação DNV, eles têm entrega prevista entre dezembro do próximo ano e junho de 2015. Estão orçados em US$ 40 milhões e tem o Banco do Brasil como agente financeiro.  Como a empresa tem pressa, optou por não concentrar a construção desses quatro primeiros barcos num só estaleiro.  Os dois seguintes serão construídos em paralelo, em outro estaleiro ainda não divulgado e serão entregues praticamente ao mesmo tempo.
Com as obras já iniciadas com recursos próprios, Patrícia explica que segue curso diferente do usual no setor.  “Normalmente os armadores brasileiros primeiro buscam o financiamento para depois captar os recursos.  Mas eu sou banqueira de investimentos, meu modelo de negócios é diferente da prática do mercado. Eu não sou armadora profissional, eu me tornei.  Eu busco primeiro o equity, busco o recurso para iniciar a construção e aí com a prioridade já existente eu solicito  o financiamento com o pacote de garantias.” 
Embora esteja orgulhosa por montar uma frota apta a operar para a Petrobras e seus barcos atenderem as especificações da 4ª rodada da ANP , a presidente da Asgaard  não esconde que conquistar o mercado internacional também faz parte dos seus planos. Ela afirma que os OSRVs terão todas as características e dispositivos de segurança para atender as normas marítimas internacionais.
Os outros seis OSRVs tem a construção pré-contratada ao estaleiro Wilson Sons e terão a capacidade aumentada de 750 para 1.050, para ficarem mais alinhados com as necessidades da Petrobras.
Deixando claro que sabe onde pretende chegar, Patricia Coelho cita outro ponto em que foge dos padrões do segmento marítimo brasileiro. “Além de carioca, sou a única mulher nesse setor. Existem donas ou herdeiras de grupos mas self made sou a primeira”.

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