Rio de Janeiro - É mais vantajoso para o Brasil ter várias empresas explorando o petróleo e gás da camada pré-sal do que um operador único. A conclusão é de um estudo realizado pela Fundação Getulio Vargas (FGV) para o Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (IBP).
“O que se percebeu foi que existem vantagens perceptíveis em você ter múltiplos operadores”, disse nesta terça-feira (4/5) à Agência Brasil o superintendente de Projetos da FGV, Marcio Lago Couto, economista responsável pelo trabalho. Os efeitos positivos são observados do ponto de vista de inovação tecnológica, eficiência operacional, atratividade da exploração, entre outras variáveis.
Ter um único operador no setor representaria um atraso no cronograma de exploração do pré-sal, disse Couto. “A gente chegou à conclusão de que isso tem um impacto em torno de R$ 53 bilhões a valores presentes na arrecadação do governo”. Isso significa que a cada ano que a exploração é atrasada, o governo deixaria de arrecadar cerca de R$ 53 bilhões.
Em termos de eficiência operacional, se um operador único apresentasse uma perda de 10% nos custos de desenvolvimento e operação da área, isso teria também como efeito uma perda de arrecadação estimada de R$ 50 bilhões.
O estudo verificou que cada R$ 1 bilhão investidos no pré-sal seriam capazes de gerar 33 mil empregos para a indústria como um todo. “Isso demonstra a importância do pré-sal em termos econômicos e as consequências do atraso do cronograma sobre o setor”.
Os cenários traçados pelos economistas da FGV consideraram que os campos do pré-sal teriam reservas de 40 bilhões de barris equivalentes de petróleo em um período de 40 anos. O valor do barril atingiria US$ 75. “A gente procurou fazer um cenário o mais conservador possível”. Couto revelou que, nesse cenário, o custo de operação seria de US$ 8 e o de investimento de US$ 14 por barril.
O superintendente de Projetos da FGV acredita que a multiplicidade de operadores pode aumentar o valor econômico dos blocos do pré-sal. O estudo tomou por base a experiência dos campos de Pelegrino e Polvo e constatou que as diferentes empresas enxergavam as potencialidades dos campos de maneira diferente. “Ter várias operadoras permite que aquilo que uma enxergue como pouco atrativo, outras enxerguem como muito rentável”.
De acordo com o estudo da FGV, o impacto macroeconômico dos investimentos necessários ao desenvolvimento da produção é também significativo: a cada R$ 1 bilhão de dispêndio, há um aumento na produção da economia brasileira em cerca de R$ 2,45 bilhões, considerando-se os efeitos ocasionados pelo aumento de renda da população.
Fonte: Correio Braziliense/Agência Brasil
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