O presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, admitiu ontem que as plataformas da empresa que se aproximam das paradas obrigatórias para manutenção apresentam "problemas de conservação", embora essas questões, segundo ele, não afetem a segurança operacional das unidades, nem representem risco para os trabalhadores. Na semana passada, a Agência Nacional do Petróleo (ANP) pediu a parada cautelar das operações da P-33, enquanto a P-35 sofreu um princípio de incêndio, rapidamente controlado pelos funcionários. As duas unidades operam no campo de Marlim, na bacia de Campos.
"As plataformas estavam em fase final pré parada programada. Então elas estavam feias e estavam com alguns problemas conservação. Admito que tem problema de conservação", frisou Gabrielli, que participou de evento promovido pela Organização Nacional da Indústria do Petróleo (Onip).
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"Nós jamais colocaríamos os nossos trabalhadores e o nosso sistema em risco. Todas as decisões de continuar as operações acontecem porque temos certeza de que esses elementos que precisam de mais conservação não ameaçam a integridade da plataforma, nem das pessoas", acrescentou o presidente.
Ontem, a operação padrão posta em prática pelo Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense (Sindipetro NF) atingiu 10 plataformas de produção da estatal na bacia de Campos, além da P-33.
De acordo com Valdick Oliveira, diretor de formação do Sindipetro NF, o objetivo do movimento, que aconteceu apenas ontem, foi chamar a atenção para as condições de segurança nas plataformas da estatal, sem incluir na pauta reivindicações salariais da categoria. A data foi escolhida para lembrar os 26 anos do acidente na plataforma da Enchova, no qual morreram 37 trabalhadores da companhia.
Oliveira explicou que a intenção do Sindipetro NF não é mudar as atuais normas de segurança, mas apenas obrigar a companhia a cumprir o que está determinado nos manuais.
"É só executar o que já está escrito hoje. O que não tem é coerência entre o que está escrito e o que é feito", disse Oliveira, acrescentando que até o momento o sindicato não foi procurado por representantes da companhia.
Procurada, a Petrobras garantiu que a operação padrão não afeta a produção da companhia e não confirmou o número de plataformas atingidas pela medida.
Gabrielli também fez questão de frisar que a companhia contestou imediatamente a decisão da agência de petróleo de parar as operações na P-33.
"Porém, a ANP decidiu cautelarmente tomar essa decisão. A Marinha vai visitar a plataforma, as certificadoras vão visitar e vamos ver qual será o resultado das apresentações", ponderou.
Fonte: Valor Econômico/Rafael Rosas, do Rio