SÃO PAULO - O presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, afirmou hoje que a revisão dos investimentos da estatal para o período de 2011 a 2014 - que passaram de R$ 265 bilhões para R$ 250 bilhões - não implica em corte de projetos da companhia petroleira. Segundo ele, a redução de valor é apenas resultado de uma atualização interna dos investimentos programados, após a estatal passar um " pente fino " no programa de crescimento. A revisão retira a participação de alguns sócios nos projetos, assim como exclui da conta os investimentos que serão realizados apenas após 2014, disse Gabrielli.
"Aí, fizemos um ajuste fino e reduzimos a parte da Petrobras nesses projetos", disse o executivo em entrevista a jornalistas, durante evento organizado em São Paulo pelo Grupo de Líderes Empresariais (Lide).
Além dessa revisão, o Conselho de Administração da estatal aprovou ontem investimentos de R$ 462 bilhões após 2014. Já em 2010 está previsto um aporte de R$ 88,5 bilhões.
Para viabilizar os desembolsos previstos para os próximos anos, Gabrielli repetiu hoje que a Petrobras precisará de uma capitalização, independentemente da aprovação pelo Congresso da cessão onerosa de até 5 bilhões de barris de petróleo, uma operação comercial que está vinculada ao plano de emissão de ações.
No entanto, o executivo preferiu não especular qual seria o tamanho do aumento de capital no caso de a estatal não poder levantar recursos com o pagamento dos barris da União. "Trabalhamos com a hipótese de capitalização com a cessão onerosa. Se isso não ocorrer, nós vamos avaliar", disse.
A possibilidade de levantar capital com novas dívidas esbarra nos limites de alavancagem da estatal, que restringem a relação entre o passivo líquido com a geração de caixa a um nível inferior a 2,5 vezes, afirmou o executivo.
O executivo disse ainda que uma das metas da estatal é crescer no mercado de etanol, com aquisição de participações em usinas existentes ou construção de novas plantas. Nesse sentido, o braço da companhia no setor, a Petrobras Biocombustível, tem um orçamento de US$ 2,8 bilhões para os investimentos entre 2009 e 2013, informou.
Gabrielli também fez algumas colocações pessoais sobre possíveis mudanças nos rumos da empresa com a sucessão presidencial. Segundo ele, todo governo pode orientar a companhia, uma vez que a maior parte dos membros de seu conselho de administração é indicada pelo acionista controlador, a União.
No entanto, ressaltou que a estatal sempre trabalhou com planejamento estratégico que vai além dos governos, já que os projetos no setor de petróleo são de longo prazo.
Segundo ele, é importante que os candidatos abordem em seus programas os planos para a companhia petroleira. "A Petrobras é relevante para o país e os candidatos precisam se posicionar sobre o que pensam sobre ela", apontou.
Fonte: Valor Online/Eduardo Laguna
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