Em audiência pública realizada na Câmara dos Deputados essa quarta-feira (30), a presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, mudou o tom sobre compra da refinaria de Pasadena, nos EUA. Ela destacou que a análise de "mau negócio", que fez anteriormente no Senado sobre a aquisição da unidade, foi baseada nas informações atuais de mercado e que, na época da compra, a compra seria um projeto "muito razoável".
Foster disse que a compra da refinaria nos EUA pode ser analisada sob dois recortes temporais. Segundo a executiva, entre 2006 e 2008 "o negócio era potencialmente bom". "Porque faríamos a renovação do parque de refino para processar o petróleo pesado (também conhecido como revamp), maioria do extraído no Brasil", afirmou. Após 2008, Pasadena se tornou um projeto de baixo retorno porque as margens foram reduzidas, as condições do mercado mudaram e a Petrobras não fez o revamp planejado.
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A presidente da Petrobras também rebateu as declarações recentes de Nestor Cerveró. Ela reafirmou a importância das duas cláusulas omitidas no resumo executivo elaborado pelo ex-diretor internacional da Petrobras, que levou a estatal decidir pela compra de Pasadena.
A audiência, promovida pelas comissões de Fiscalização Financeira e Controle e de Minas e Energia da Câmara dos Deputados, contou com a participação de diversos parlamentares, tanto do governo quanto da oposição. Deputados da oposição destacaram a mudança no tom das declarações de Foster ante o que ela havia falado antes na audiência do Senado. Alguns parlamentares disseram que a Foster estaria tentando eximir a presidente Dilma Rousseff de quaisquer responsabilidades na compra de Pasadena.
Eles também lembraram da lei que rege as Sociedades Anônimas, como a Petrobras – a lei n. 6.404/76. De acordo com alguns parlamentares, as penalidades previstas nessa norma podem afetar os conselheiros da estatal na época (como a presidente Dilma Rousseff), caso seja comprovada a total responsabilidade deles na compra de Pasadena. Por outro lado, deputados do governo afirmaram que a oposição estaria tentando desestabilizar a Petrobras para privatizá-la futuramente.
Graças Foster também comentou a aquisição da refinaria de Okinawa, no Japão. Deputados questionaram que, apesar da capacidade total de processamento da unidade japonesa ser a mesma de Pasadena, o valor de compra foi muito inferior. Segundo a presidente da Petrobras, a localização de Pasadena - em um dos principais centros (hubs) de refino dos EUA - é responsável por grande parte do valor da planta.
A executiva disse que Okinawa está no Plano de Desinvestimento da empresa. Mas, tanto a refinaria japonesa, quanto Pasadena serão mantidas no portfólio da Petrobras pelo menos até o fim do ano para que a estatal "possa responder com segurança" as suas operações.
"Na minha gestão, estamos restringindo novos projetos. O foco agora é aumentar a produção para gerar receita. Temos que focar na Refinaria de Abreu e Lima (PE) e no Comperj (RJ). Precisamos de caixa para investir nas refinarias Premium I (MA) e Premium II (CE)", finalizou Graças Foster.
Sobre as penalidades previstas na Lei das Sociedades Anônimas, Foster disse que a Petrobras “conseguiu reverter o prejuízo com a compra de Pasadena". "E podemos conseguir um resultado melhor com a venda de gás", avaliou. Mas tudo dependerá de uma reação do mercado, com melhora da margem de refino e aumento de consumo de derivados. No final, a executiva agradeceu o convite à participação na audiência e disse que a Petrobras vem colaborando com todos os pedidos de informação sobre as suas aquisições e operações internas desde 2012.
(Da Redação, com agências)