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EAS entrega o ‘Zumbi dos Palmares’ à Transpetro e recupera contratos do Promef suspensos desde maio de 2012

A Transpetro recebeu, no dia 20 de abril, o segundo navio petroleiro Suezmax construído no Estaleiro Atlântico Sul (EAS), da séria encomendada para o Programa de Modernização e Expansão da Frota (Promef). O Zumbi dos Palmares foi entregue 23 dias após o prazo contratual, pelas contas do cronograma corrigido em função do atraso na construção da primeira unidade, o João Cândido. Após a solenidade, o petroleiro partiu para carregamento na P-38, na Bacia de Campos (RJ), sob o comando do comandante Carlos Alberto Costa.

A solenidade contou com a presença da presidenta Dilma Roussef, do governador de Pernambuco, Eduardo Campos; dos ministros Edison Lobão (Minas e Energia), Fernando Bezerra (Integração Nacional) e Aldo Rebelo (Esporte), da secretária de Comunicação Social, Helena Chagas; do presidente do Senado, Renan Calheiros; da presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster; da diretora geral da ANP (Agência Nacional do Petróleo), Magda Chambriard, e do presidente da Transpetro, Sérgio Machado, assim como dos prefeitos do Recife, Geraldo Júlio, e de Ipojuca, Carlos Santana.


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A presidenta Dilma Roussef reafirmou, durante a cerimônia, o compromisso do governo federal com a indústria naval. “Nós queremos ser não apenas um grande produtor de petróleo, mas também um grande produtor de navios e plataformas e equipamentos. E não abriremos mão do conteúdo nacional para a indústria naval. É um dos meus compromissos”, garantiu. “Eu vi o programa nascer; algumas vezes não sabíamos aonde nos dirigir, como fazer. Mas deu certo pelo empenho. E hoje esse compromisso está refletindo em 26 estaleiros em operação e 11 em implantação. Essa é uma indústria em crescimento acelerado. A carteira de encomendas dos estaleiros brasileiros soma quase 400 obras e temos a terceira maior carteira de encomendas de petroleiros do mundo”, disse a presidenta.

Dilma ressaltou que a indústria naval passou de dois mil para 54 mil trabalhadores nos últimos dez anos e agradeceu aos que fabricaram o navio “por mostrar que o Brasil pode, sim, construir um navio deste tamanho”.

Ao comentar a escolha do nome da embarcação, a presidenta afirmou que é uma homenagem a um dos heróis do Brasil. “Temos o nome, nesta embarcação, do Zumbi dos Palmares, que representa, sem dúvida, a luta contra a escravidão no país.” Segundo Dilma, trata-se do reconhecimento da cultura negra como parte fundamental do que são os brasileiros, além de um sinal de repúdio à discriminação racial.

O presidente da Transpetro, Sérgio Machado, destacou que o EAS está ganhando produtividade, com a continuidade das obras. “O retrabalho no primeiro petroleiro, o João Cândido, foi de 40%, no Zumbi dos Palmares caiu para 12% e que a expectativa para o Dragão do Mar, terceiro da série, é que fique na casa dos 3%”, afirmou Machado.

O presidente do Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore (Sinaval), Ariovaldo Rocha, participante da solenidade, destacou que as entregas de navios e plataformas estão se tornando frequentes no Brasil. “O primeiro navio foi um trabalho mais pesado. Hoje o retrabalho nos navios são bem menores do que se poderia esperar de uma indústria que está retornando com dez anos de vida, sendo que hoje está quase numa competitividade com os asiáticos, que estão há 30 anos preparados e assim mesmo atrasam obras a serem entregues para o nosso país. Estamos prestes a sair da curva de aprendizagem. Só erra quem trabalha”, disse Ariovaldo.

Durante o discurso para um público aproximado de cinco mil pessoas, a presidente da Petrobras, Graça Foster, reforçou a necessidade de o Brasil fortalecer sua indústria naval. Afirmou que a produção de petróleo é crescente, e que a demanda por navios, sondas e plataformas será cada vez maior. “Vamos precisar de cada vez mais navios para buscar petróleo em alto-mar”, disse, ressaltando que hoje a Petrobras produz dois milhões de petróleo, em sete anos passará a quatro milhões e pouco tempo depois, a cinco milhões.

 

A Transpetro assinou dois dias após a entrega do Zumbi dos Palmares os aditivos para a retomada dos contratos de compra e venda de 12 navios encomendados ao Estaleiro Atlântico Sul (EAS), que estavam suspensos desde maio de 2012. O estaleiro cumpriu as exigências para prosseguir na construção das embarcações, que integram o Promef. O estaleiro pernambucano terá assistência técnica da japonesa IHI Marine United, que se comprometeu a fornecer os projetos dos 12 navios que estavam com contratos suspensos, de acordo com as especificações estabelecidas. Os projetos da primeira série de 10 suezmax foram fornecidos pela coreana Samsung, que deixou de ser parceira tecnológica do estaleiro. Este fato levou a Transpetro a suspender as 12 encomendas, até que o EAS apresentasse um novo parceiro de padrão internacional.

Concebido pela Transpetro, com o objetivo de revitalizar a indústria naval brasileira, o Promef prevê a construção de 49 navios em estaleiros brasileiros. Desse total, cinco embarcações já entraram em operação num prazo de 18 meses: os suezmax João Cândido e Zumbi dos Palmares, construídos pelo EAS, e os navios de produtos Celso Furtado, Sérgio Buarque de Holanda e Rômulo Almeida, encomendados ao Estaleiro Mauá, em Niterói (RJ). O terceiro dos 22 navios que serão entregues pelo EAS, o Dragão do Mar, ficará pronto até o fim desse ano.

“A indústria naval brasileira está ganhando tração, superando a curva de aprendizado de forma acelerada. Em menos de 18 meses, o Zumbi dos Palmares já é o quinto navio entregue. O Promef está no rumo certo, dando uma contribuição fundamental para o processo de consolidação da indústria naval brasileira, um setor estratégico para o país e com grande capacidade de gerar empregos e desenvolvimento econômico. O Brasil já possui escala suficiente para elevar gradualmente seu grau de produtividade e ser internacionalmente competitivo”, afirmou Machado.

O presidente do Estaleiro Atlântico Sul, Otoniel Reis, agradeceu a todo o time envolvido na produção do Zumbi dos Palmares. “Esse mar de gente nos inspira, nos dá energia e certeza no futuro glorioso que nos espera. Ver todos os dias os nossos colaboradores trabalhando com amor à camisa, comprometimento, paixão pelo EAS e pelo Brasil, nos faz olhar para o futuro com a convicção de que todos os nossos desafios serão superados”, exultou Otoniel.

Além dos dois primeiros navios Suezmax do Promef, o EAS já entregou o lower hull (parte inferior do casco) da plataforma de produção semissubmersível P-55, da Petrobras, totalizando três encomendas entregues e em absoluta conformidade com as exigências internacionais do setor.

Atualmente, o estaleiro está produzindo quatro embarcações simultaneamente. São mais três navios Suezmax do Promef — Dragão do Mar (em fase de edificação de megablocos), C-004 (em fase de montagem de blocos e pré-edificação) e C-005 (em fase de fabricação e montagem de blocos) —, além da primeira plataforma de perfuração que será construída no Brasil. Encomendada pela Sete Brasil, a plataforma já recebeu 10 mil toneladas de chapas e 3,6 mil toneladas de perfis metálicos. Em março passado, houve o primeiro corte de chapas.

 

Com mais de 274 metros de comprimento e boca modelada (largura) de 48 metros, o Zumbi dos Palmares tem porte bruto de 157,7 mil toneladas e capacidade para transportar um milhão de barris, o que representa mais de 45% da produção diária de petróleo no país. Trata-se de uma embarcação, com a dimensão máxima para a passagem pelo Canal de Suez, que liga os mares Vermelho e Mediterrâneo.

“Desde o lançamento do Estaleiro Atlântico Sul, estamos trabalhando forte e constantemente para aprimorar nossos processos e acabamentos e o Zumbi dos Palmares é mais um passo que demos neste sentido”, avalia Otoniel. Para o executivo, este é um importante avanço para a indústria naval brasileira. “O EAS é, atualmente, o maior e mais moderno player de construção naval e offshore do Brasil e todas as nossas encomendas estão enquadradas nas exigências de conteúdo nacional. É um grande ganho para o país”, complementa.

A produção do Zumbi dos Palmares envolveu quase dois mil profissionais e utilizou mais de 21 mil toneladas de aço. Sua autonomia é de 20 mil milhas náuticas, o que significa que a embarcação poderia dar a volta ao mundo sem a necessidade de abastecer.

 

O estaleiro inaugurou, em janeiro, o seu Centro de Desenvolvimento Humano (CDH), empreendimento bem mais arrojado que o seu primeiro Centro de Treinamento. O objetivo do CDH é proporcionar ao quadro da empresa um processo de aprendizagem profissional permanente, em acordo com a estratégia de gestão do conhecimento do estaleiro. O centro tem capacidade para atender a 500 pessoas simultaneamente, numa área com cerca de 950 metros quadrados. A estrutura atende aos diversos programas de capacitação, qualificação e treinamento da empresa, em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai).






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