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Navalshore

Lula entrega navio e destaca bom momento

Presidente lançou a última embarcação do seu governo, de 46 encomendadas pela Transpetro

Rio - Com 95% do transporte de cargas sendo realizado sobre rodas e dependente quase 60% do modal rodoviário para fazer fluir as riquezas do País, o Brasil deu ontem, mais um passo no sentido de fazer a indústria naval retomar seu curso, desviada nos últimos 20 anos do século XX e que agora volta a ser impulsionada. Em clima de despedida e em sua última visita a um estaleiro, o presidente Lula da Silva lançou na Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro, o navio de produtos derivados claros de petróleo, denominado Sérgio Buarque de Holanda.

"Queríamos ainda ir a Pernambuco lançar mais um navio (o Zumbi dos Palmares), mas ele não ficou pronto. Portanto, esta é a minha última visita a um estaleiro e o último navio que lanço" antes de deixar o governo, disse o presidente Lula, ao fazer o batismo da embarcação ao lado da biofarmacêutica cearense Maria da Penha Maia Fernandes, que é a madrinha do novo navio. Terceira embarcação de um total de 46 encomendadas pela Transpetro, por meio do Programa de Modernização e Expansão da Frota (Promef), o navio tem capacidade para 48,3 mil toneladas de porte bruto e 183 metros de comprimento. "Esse é um ato de vitória, que mostra que quando a gente quer a gente pode e a gente consegue", declarou o presidente. Aclamado por oradores que o antecederam nos discursos como o "pai do renascimento da indústria naval", Lula disse que "não sei se fui eu que ajudou a Petrobras, ou a Petrobras que me ajudou, mas sei que estou com a consciência tranquila de ter feito mais do que muitos outros (presidentes)".

Trabalho no Brasil

Em discurso rápido, diante da pressa em lançar o navio ao mar na hora exata do pico da maré alta, Lula preferiu comentar sobre a geração de 200 mil empregos anotados em outubro último, o que, segundo ele, resultará na geração de 2,5 milhões de empregos formais, nos primeiros dez meses deste ano. "Enquanto o Brasil está gerando 2,5 milhões de empregos, os Estados Unidos estão perdendo 60 mil vagas", contou o presidente, diante de dezenas de operários do Estaleiro Mauá, que passou 16 anos sem produzir grandes navios. Minutos antes, ainda no palanque, ele chegou a cobrar "olha a maré, olha a maré", para que os discursos fossem mais rápidos. Ao fim da cerimônia, Lula falou que "meu maior orgulho, o maior orgulho de uma pessoa, de um trabalhador, é poder, levar para casa, o pão de cada dia, uma lembrancinha de Natal para a mulher, para o marido". A declaração gerou aplausos dos trabalhadores, que aguardavam com ansiedade a descida do navio, na carretilha, rumo ao mar.

"Igual a coelho"

"Este ano, presidente, lançamos três navios, mas em 2011 serão mais seis. A partir de agora, vai ser que nem coelho, rapidinho", discursou o presidente da Transpetro, Sérgio Machado, antes da solenidade de batismo. Segundo ele, a Estatal projeta investimentos de mais R$ 10 bilhões para ampliação da frota, a qual espera contar com mais de 100 embarcações em 2015.

EXPANSÃO
Gabrielli: "quase 200 embarcações em contratos"

O presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, emendou as falas do presidente Lula e de Sérgio Machado, ressaltando: "contamos quase 200 navios em contratos". Conforme ele, além dos 96 navios encomendados pela Transpetro, há dezenas de projetos de outras empresas navais brasileiras, em análise no Fundo de Marinha Mercante (FMM), para construção de novas embarcações. O FMM sinaliza com aprovação de mais R$ 12 bilhões, em projetos, nos próximos quatro anos.

"Com o pré-sal, a Petrobras vai continuar a fretar navios, mas desde que sejam navios novos e construídos no Brasil", sinalizou Gabriele, lembrando que para a produção de petróleo, serão necessários mais plataformas, sondas, rebocadores, navios de apoio e demais tipos de embarcações. "Nos próximos anos, vamos precisar de 4, 5 6 plataformas, por ano, e isso significa a necessidade de mais estaleiros. Isso é o que faz a indústria naval renascer", declarou.

Já o ministro dos Portos, Pedro Brito, destacou a importância do amadurecimento do setor, como forma de se fortalecer a modal marítimo, em substituição ao modal rodoviário. "O Brasil depende, hoje, de quase 60% do transporte rodoviário. Precisamos investir mais na matriz hidrovia e ferrovia", alertou Brito, ao defender maior integração entre os modais.

Promar atrasado

O navio Zumbi dos Palmares, em construção no Estaleiro Atlântico Sul (EAS), em Suape, (PE), não é único que está atrasado. As obras de construção do Estaleiro Promar (ex- Promar Ceará) e o consequente início dos oito navios gaseiros encomendados pela Transpetro também, ainda não saiu do papel. O empreendimento, orçado em US$ 100 milhões, ainda aguarda a conclusão do Eia-Rima da área, para obtenção do licenciamento de instalação.

Fonte: Diário do Nordeste (CE)/CARLOS EUGÊNIO






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