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Lupatech reforma diretoria-executiva

A Lupatech, fornecedora de equipamentos e serviços para o setor de óleo e gás, reformulou sua diretoria-executiva e anunciou ontem um novo presidente, que assume com a tarefa de recuperar as vendas e a saúde financeira da empresa em um dos momentos mais delicados da companhia na bolsa desde que abriu o capital, em 2006.

Alexandre Monteiro, que desde abril ocupa a vice-presidência de finanças e a diretoria de relações com investidores e antes trabalhava no grupo de infraestrutura Libra, será o novo presidente da empresa, no lugar de Nestor Perini, que ficará apenas no comando do conselho de administração.

O posto de diretor financeiro ficará com Thiago Piovesan, atual diretor de controladoria. E a empresa ainda contará com um novo nome, César Paolini, que veio da Schlumberger, do mesmo setor da Lupatech, e comandará a diretoria de serviços. A vice-presidência comercial deixará de existir e José Abu-Jamra, que ocupava o posto, se dedicará apenas ao conselho.

A mudança na gestão visa adequar a Lupatech à nova regra de governança para as companhias listadas no Novo Mercado, que prevê que os cargos de diretor-presidente e presidente do conselho sejam ocupados por pessoas diferentes. Dessa forma, a empresa se antecipa em três anos à entrada em vigência da nova regra.

"O novo modelo de governança também é vital para que a empresa enfrente os desafios que tem pela frente", resume o novo presidente, Alexandre Monteiro.

E os desafios são muitos. Com a crise financeira global de 2008 e o adiamento na ocasião de pedidos da principal cliente, a Petrobras, a Lupatech perdeu receita e geração de caixa, que até hoje não se recuperaram plenamente. Para se ter uma ideia, o lucro antes de juros, impostos, depreciação e a amortização (Ebitda, na sigla em inglês) caiu de cerca de R$ 210 milhões em 2008 para R$ 68 milhões no ano passado. Nos seis primeiros meses deste ano, somou R$ 45 milhões.

Com a menor capacidade de gerar caixa, o endividamento da Lupatech atingiu patamares altos, o que causou o rebaixamento dos ratings pelas agências de classificação de risco. Tudo isso frustrou os investidores e se refletiu na bolsa.

As ações da companhia estão hoje perto do piso histórico, cotadas a R$ 9,80. Na abertura de capital, os papéis valiam quase R$ 22 e no melhor momento, em maio de 2008, chegaram a R$ 63,65. Do pico das cotações, quando o valor de mercado alcançou R$ 3 bilhões, até hoje, a Lupatech perdeu mais de 80% da capitalização, que está em R$ 468 milhões.

O novo presidente diz que a recuperação da empresa passa por três frentes no curto prazo: aumento da receita, redução de custos, principalmente com enxugamento de pessoal, e venda de ativos.

Para incrementar e dar mais previsibilidade à receita, a companhia pretende continuar elevando a atuação nos negócios de prestação de serviços. "São contratos de longo prazo e, portanto, menos sujeitos a oscilações bruscas como as de 2008", afirma Nestor Perini.

Na crise, os serviços respondiam por fatia entre 5% e 10% da receita da companhia. No fim deste ano o percentual deve chegar a 35% e em 2013 a algo próximo a 50%.

Na parte estratégica, a Lupatech também avalia a expansão do portfólio de produtos. "Estudamos, por exemplo, como entrar no mercado de equipamentos para operações de petróleo em águas profundas", disse Perini. Outra intenção é entrar em outros países da América Latina, como México e Peru, em dois ou três anos.

"A expectativa é que neste ano já possamos repetir a receita de 2008, um ano muito bom para as atividades", disse Monteiro. A receita líquida foi de R$ 704 milhões naquele ano e caiu para R$ 555 milhões em 2009 e R$ 581 milhões no ano passado. Nos seis primeiros meses de 2011, a receita atingiu R$ 309 milhões.

A racionalização das estruturas deve gerar um ganho de cerca de R$ 20 milhões ao ano a partir de 2012. E a venda de ativos, que deve se concretizar no segundo semestre deste ano, deve gerar um caixa de R$ 150 milhões a R$ 200 milhões para a empresa.

Outra aposta da Lupatech é a redução da dívida líquida, de R$ 1,1 bilhão. Embora seja de longo prazo, é alta para o tamanho da geração de caixa da companhia, de R$ 68 milhões no ano passado. "Além da busca por eficiência e mais receita, estamos conversando com os acionistas sobre uma forma de diminuir a dívida", disse Monteiro, sem detalhar os planos.

A relação entre a dívida líquida da companhia, desconsiderados os R$ 400 milhões em bônus perpétuos, e o Ebitda é de 10 vezes. "O ideal é que fique abaixo de 3,5 vezes." Esse indicador foi previsto na renegociação das condições de uma emissão de debêntures conversíveis, em junho, com o BNDES. No acordo, a companhia se comprometeu a atingir esse patamar de endividamento até o fim de 2012.

Fonte: Valor






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