A dinamarquesa Maersk Supply Service, tradicional fornecedor de serviços da Petrobras, tem planos de acompanhar o crescimento da indústria de óleo e gás no Brasil, o principal mercado da empresa no mundo. Para atingir esse objetivo, a Maersk poderá aumentar em mais de 60% a frota de navios de apoio em operação no país para atender às plataformas de petróleo. Hoje a companhia tem 15 navios offshore operando no Brasil, número que vai chegar a 18 em dezembro deste ano e que, até o fim da década, tem possibilidades de alcançar, pelo menos, 25 embarcações.
"Esse é o número [de navios] que gostaríamos de ter até 2020 se formos acompanhar o crescimento do mercado", diz Viggo Andersen, diretor da Maersk Supply Service Apoio Marítimo, subsidiária brasileira da Maersk Supply Service, empresa que tem entre 25% e 30% do faturamento no mercado brasileiro. Andersen disse que a empresa também tem a intenção de analisar a construção de navios em estaleiros no Brasil. "Estamos olhando e fazendo cotações no mercado brasileiro", afirmou.
O executivo disse que os novos estaleiros em construção no país para atender a demanda de navios de apoio offshore vão poder, a médio prazo, entregar embarcações a preços mais competitivos. Hoje o preço de um navio de grande porte, especializado em movimentar âncoras de plataformas, fica, em média, entre 25% e 30% acima do mercado internacional, estimou Andersen. São os chamados AHTS, iniciais em inglês de Anchor Handling Tug Supply, segmento no qual a Maersk se especializou.
A empresa tem cerca de 20% do mercado mundial de grandes AHTS, com potência entre 15 mil BHPs e 23 mil BHPs. A partir de dezembro, três novos AHTS da Maersk começam a operar para a Petrobras. As embarcações, de bandeira estrangeira, passaram por reformas no estaleiro Remontowa, na Polônia, que exigiram investimentos de US$ 35 milhões. Os recursos foram aplicados em grande parte para reforçar o convés dos navios e permitir que movimentem âncoras torpedo, usadas pela Petrobras em unidades de produção. As âncoras torpedo levam esse nome pois seu formato se assemelha a um torpedo ou míssil usados no setor de defesa.
As três novas embarcações têm contratos para operar com a Petrobras por quatro anos no valor de US$ 275 milhões. No mercado internacional, embarcações como essas têm taxas de afretamento entre US$ 65 mil e US$ 70 mil por dia. Por questões contratuais, a Maersk não informa qual é a taxa diária de afretamento acertada com a Petrobras para os novos navios.
Hoje a Maersk já tem dez navios operando para a Petrobras e cinco trabalhando para outras operadoras de petróleo ou aguardando contratos. Da frota total da Maersk no Brasil, dois navios têm bandeira brasileira e 16 possuem bandeira estrangeira. Os navios brasileiros são dois PSVs (Plataform Supply Vessel), de 4,5 mil toneladas cada um, construídos no estaleiro Brasfels, de Angra dos Reis, em 2005. A empresa também tem dois navios de combate a contingências conhecidos no jargão da indústria como OSRVs operando no Brasil.
No mundo, a frota total da Maersk situa-se entre 67 e 70 embarcações. A empresa opera no Mar do Norte, no Canadá, Austrália e no oeste da África. A frota brasileira atual da Maersk, de 15 embarcações, representa pouco mais de 20% da frota internacional da empresa.
No Brasil, a Maersk analisa as perspectivas de expansão considerando os planos de crescimento da Petrobras, seu principal cliente em termos internacionais. Entre 2012 e 2020, a Petrobras planeja construir 38 plataformas de produção, unidades necessárias para garantir o aumento da produção de petróleo de 2 milhões de barris por dia para 4,2 milhões de barris diários.
O aumento no número de plataformas vai exigir também um incremento na frota de navios de apoio offshore. De acordo com a Petrobras, até 2020 serão necessários 568 barcos de apoio e embarcações especiais, um crescimento de quase 100% sobre a frota existente no fim de 2010, de 287 embarcações.
Fonte: Valor Econômico//Francisco Góes | De São Paulo
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