Do Rio - Com potencial de abrigarem 12 bilhões de barris de petróleo - poucos menos que as atuais reservas do país -, Libra e Franco, os maiores reservatórios com alto potencial da União no pré-sal, formavam parte dos blocos BS-4 e BS-500, operados respectivamente pela Shell e pela Petrobras.
Gaffney, Cline & Associates, consultoria contratada pela Agência Nacional do Petróleo (ANP) para avaliar áreas do pré-sal, estima que Franco tenha 5,45 bilhões de barris de petróleo (sem incluir o gás) e Libra mais 7,9 bilhões de barris.
Licitadas novamente na Sexta Rodada de Licitações da Agência Nacional do Petróleo (ANP) realizada em 2004, as duas áreas devolvidas não tiveram nenhum interessado. A Shell, que era sócia da Petrobras no BS-4, fez um poço dentro da área de Libra, mas parou na camada de sal, sem ir mais fundo.
A regra no Brasil prevê que as empresas retenham a área onde fizeram descobertas, devolvendo o restante do bloco para a agência reguladora.
A Shell descobriu os campos de Atlanta e Oliva no pós-sal do BS-4 e devolveu o resto, enquanto a Petrobras descobriu Uruguá e Tambaú no BS-500.
Magda Chambriard, que trabalhou 22 anos na área de exploração e produção da Petrobras antes de assumir uma superintendência na agência que hoje dirige, diz que os dois casos mostram que a percepção das empresas muda com o tempo.
"Não existe essa coisa de olhar [uma área] com uma lupa que permita dizer que o que se está vendo hoje é o mesmo que se verá daqui a 20 anos. Não é assim. O conhecimento é progressivo e a inserção da tecnologia vai fazendo com que as empresas façam mais descobertas, mais e mais barato", explica a executiva, que estimou em 50 bilhões de barris as reservas do pré-sal em 2008, quando tomou posse como diretora.
Ela admite que o pré-sal não é uma área com risco zero. Exxon e BG, por exemplo, encontraram dois poços secos depois de anunciar descobertas no BM-S-22 e no BMS-52, respectivamente.
"Dizer que o pré-sal não tem risco não é verdade. Áreas diferentes do pré-sal têm riscos diferentes. O que se pode dizer é que o risco é significativamente menor do que o da bacia de Campos, que é uma área de alto potencial. Dizer que não tem risco é uma metáfora, não uma coisa que possa ser levada ao pé da letra", afirma Magda.
Fonte: Valor Econômico
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