Há dias, o ministro do Turismo, Henrique Alves – novato no setor – recebeu a Associação Brasileira de Cruzeiros Marítimos (Abremar) para uma audiência sobre os desafios do turismo. O Brasil tem hoje dez navios estrangeiros no turismo náutico, metade do que havia há quatro anos, e o presidente da Abremar, Marco Ferraz, pediu apoio ao ministro. O ministro repetiu a tese de que a ação desses navios estrangeiros gera desenvolvimento e, a cada temporada, movimentaria R$ 1 bilhão e geraria 15 mil empregos. “Temos de destravar as amarras do setor”, disse o ministro, repetindo que a chegada de um navio a cada porto dinamizaria toda a economia local. Nota da entidade critica a “falta de legislação clara e altos custos”. Só que a falta de legislação beneficia tais cruzeiros, que estão à margem do controle da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq).
O presidente do Sindicato Nacional dos Oficiais de Marinha Mercante (Sindmar), Severino Almeida, refuta totalmente as afirmações da Abramar. De início, frisa que pouco mais de 1% dos que andam nos navios pela costa brasileira são turistas estrangeiros. Ao contrário do que diz a “lenda”, os transatlânticos colhem turistas nacionais e levam os lucros para o exterior. Em geral, não são registrados em países sérios, como França, Itália e Alemanha, mas seus navios pertencem a Bermudas, Barbados, Panamá e Libéria, nações excessivamente liberais, do ponto de vista financeiro e de divisas.
– O primeiro ponto é que quase não há turistas estrangeiros. É por isso que, na atual crise do Brasil, o número de transatlânticos pela costa diminuiu. Se fossem estrangeiros os passageiros, deveriam até aumentar, pois o real caiu e dólar e euro subiram – disse Almeida. Para o líder marítimo, os empregos gerados pelos transatlânticos são contestados, pois o regime de trabalho é exagerado, e os contratos registrados no exterior. Lembra que não se sabe como é feita a taxação dos gastos com jogos de azar ao longo da costa.
Acentua Severino Almeida: “Os empregos que geram no mar nos trazem mais preocupações do que alegrias. Em terra, os únicos empregos que geram estão concentrados nos motoristas de ônibus e na movimentação de táxis. As compras são, de forma contumaz, realizadas a bordo, em lojas muito chamativas. Estes aspectos nem de longe compensam o que se perde em terra no setor de hotelaria e alimentação.” Como os pacotes incluem refeições, Almeida descarta os números otimistas alardeados sobre gastos em restaurantes de cada cidade visitada.
Começa dia 26, no Rio, a 2ª Conferência Brasileira de Posicionamento Dinâmico, a DPBrasil 2015, realização da Fundação Homem do Mar (FHM) e do Centro de Simulação Aquaviária (CSA), com apoio institucional do Sindicato dos Oficiais da Marinha Mercante (Sindmar). A 1ª DPBrasil, realizada em 2013, foi pioneira no Hemisfério Sul e um marco para a navegação no país. O sistema de DP compreende todos os equipamentos que, direta e indiretamente, afetam a capacidade de manutenção de posição em uma embarcação. Virão ao Brasil dirigentes de Global Maritime, Lloyd’s Register, Imca, ABS, Bureau Veritas e DNV. As inscrições se encerram dia 15.
Fonte: Monitor Mercantil/Sergio Barreto Motta
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