Moradores apoiam estaleiro, mas querem os empregos

Maioria dos moradores revela ser a favor do estaleiro. Eles dizem que falta de emprego é o pior problema da área
A impressão que dá, após uma tarde de conversas com alguns moradores do Pirambu, é que o maior de todos os problemas sociais da área é a falta de trabalho. Porém, também fica a certeza de que a geração de emprego e renda para a comunidade é a principal razão para dizer sim à instalação do estaleiro Promar Ceará. Pelo menos essa é a opinião que prevalece para a maioria das pessoas ouvidas pela reportagem na tarde de ontem, dia de comemoração pelos 48 anos de desapropriação das terras onde hoje existe o bairro.
Para a presidente da Federação do Movimento Comunitário do Pirambu (Femocopi), Dalva dos Santos, há carência de investimentos públicos na região. "A última obra estruturante foi a duplicação da Avenida Leste Oeste, na época do Dr. Juraci. Isso é muito pouco para mais de 300 mil pessoas que vivem no Grande Pirambu", destacou. "Todo empreendimento tem vantagens e desvantagens. Isso vale para cá ou para qualquer outro lugar. No nosso caso, vejo mais ganhos do que perdas. Sou a favor do estaleiro, mas é preciso que se aproveite a mão-de-obra daqui", complementou.
A representante dos moradores do Pirambu ressaltou a insatisfação com a única intervenção pública em andamento no bairro, o Vila do Mar, da Prefeitura. "Está quase parado. Muito lento mesmo. A verdade é que falta uma grande obra de infraestrutura aqui", reiterou. Para um dos diretores da Femocopi, Luís Ferreira, o equipamento poderá amenizar a situação de muitas famílias na comunidade. "Há muita ociosidade nessa região. Falta algo que ocupe os pais de família desempregados", emendou. Isnar Lopes, outro diretor da entidade, também disse ser a favor do estaleiro, mas com a ressalva de se apresentar um estudo que revele os benefícios para os moradores e os impactos ambientais, inclusive, para os pescadores da área.
"Eles têm que nos ouvir e apresentar um estudo sobre as consequências do estaleiro para conquistar o nosso apoio e o da população", confirmou Lopes.
Entretanto, na própria Femocopi, há quem divirja da opinião dominante. "Sou contra do jeito que querem fazer. Empreendimentos de grande porte não podem ser colocados em áreas de grande densidade demográfica, dentro das grandes cidades. Lá em Pernambuco o estaleiro é distante de Recife", afirmou Antônio Silva de Oliveira, também membro da diretoria da Femocopi. No ponto de vista dele, o Pirambu não é lugar mais adequado para o estaleiro. "Com certeza, muitos terão de deixar suas casas. Além disso, acho que não adiantam mil empregos, se, de fato, para as pessoas do bairro, só serão oferecidas 100 vagas, por exemplo. Digo isso porque a maioria dos empregos deverá vir de fora do Estado", assinalou Antônio, que ainda chegou a contestar a utilização do equipamento após a construção dos oito navios gaseiros. "E depois que passar essa demanda? A praia vai ficar cercada com um gigante no meio sem utilidade alguma?", questionou.
Concordâncias e divergências à parte, o fato é que os pensamentos das famílias do peixe-roncador (tradução para a escrita tupi Pirambu) não são tão diferentes das opiniões favoráveis ou críticas ao empreendimento do Serviluz, onde fica a Praia do Titanzinho, local preferido pelo Governo do Estado e investidores responsáveis pelo estaleiro. Até porque a situação dos moradores de ambas as localidades não é muito distinta. Pelo contrário, há mais semelhanças do que incongruências entre elas, sobretudo, no que diz respeito ao súbito interesse pelo bem-estar das famílias destes locais, que nos últimos anos estiveram desprovidas de atenção das autoridades públicas municipal e estadual.

Fonte: Diário do Noreste (CE)/ILO SANTIAGO JR.



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