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Navalshore

Na lanterna por pouco tempo

 

Seguro à construção naval é aposta de seguradoras pelos próximos anos. Cascos marítimos ainda têm baixa arrecadação


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Na lanterna no ranking da arrecadação de prêmios de seguros gerais (menos de 1% do volume total), o ramo cascos marítimos desponta como o mais novo filão do setor, mais especificamente o segmento de construção naval.  Resgatada pela demanda de inúmeros projetos da área de petróleo e gás, a indústria naval brasileira vive hoje um ciclo de desenvolvimento igual ou superior ao dos anos 70, quando figurava na segunda posição mundial em número de encomendas. São projetos com investimentos bilionários, centenas de embarcações encomendadas, estaleiros em construção e outros em fase de expansão. Esse cenário promissor vem gerando no mercado de seguros a expectativa de um verdadeiro boom de negócios no segmento de construção naval.

A projeção para a carteira nos próximos 10 anos é de um volume de prêmios da ordem de R$ 100 milhões, informa o diretor executivo da Allianz Seguros, Ângelo Colombo. Embora não falem em cifras, demais executivos do setor também dão como certa uma significativa expansão das vendas dos contratos para a construção naval. Isso sem nem mesmo saberem com exatidão quanto movimenta essa indústria atualmente.

A Superintendência de Seguros Privados (Susep) tem levantamento estatístico referente ao ramo de cascos marítimos como um todo, não sendo específico sobre os valores dos contratos de seguros de cascos e os de construção naval. De acordo com o órgão, no ano passado o ramo arrecadou R$ 202 milhões em prêmios.

O seguro para cascos marítimos cobre perdas e danos causados ao casco, máquinas e equipamentos das embarcações, entre outras coberturas usuais do setor. A abrangência vai desde navios de cruzeiros, de carga, navios de cabotagem, embarcações de apoio e pesqueiros industriais. Já o seguro de construção naval atende tanto aos estaleiros e reparadores navais, por meio de uma cobertura anual, como também embarcações únicas de armadores ou companhias de navegação. As coberturas vão desde incêndios e condições meteorológicas severas durante a fase de construção, até os riscos marítimos durante as provas de mar, que atestam a usabilidade da embarcação e a posterior entrega ao proprietário.

Além da carteira de cascos, o mercado brasileiro de seguros de construção naval também engloba a carteira do ramo de riscos de petróleo. A apuração dos resultados, no entanto, é feita separadamente. Em 2011, a carteira de riscos de petróleo movimentou R$ 400 milhões em prêmios, referentes às coberturas para a construção de navios-sonda, plataformas e sondas.

Os contratos da carteira, que se referem basicamente às plataformas e à frota da Petrobras, são os mais disputados no setor. Os números justificam: a Petrobras investirá US$ 250 bilhões na indústria naval nos próximos cinco anos, anunciou recentemente o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão.

“O setor de cascos marítimos encontra-se extremamente competitivo, o crescimento da indústria naval promete acirrar ainda mais a competição e a tendência é de que novos players briguem por uma fatia neste segmento”, avalia o diretor de riscos industriais e comerciais da SulAmérica, Luiz Alberto Mourão. Ele ressalta que “é importante que o mercado de seguros esteja voltado para as oportunidades e possíveis mudanças que certamente irão ocorrer nesta área”.

Felipe Smith, diretor técnico corporate da Tokio Marine, diz concordar com a opinião e admite que o setor ainda está se estruturando para atender a essa demanda. Segundo ele, atualmente a operação no mercado de construção naval está restrita a um pequeno grupo. “A maior parte dos contratos se refere à área de petróleo e gás, um setor de grande risco, que envolve operações de resseguro e requer especialização.”

De fato, ao que parece nem toda seguradora quer assumir os riscos de petróleo e gás, principalmente na área offshore. Nos últimos anos, grandes corporações nacionais reduziram suas carteiras de riscos de petróleo, cujas milionárias apólices cobrem riscos operacionais, lucros cessantes, veículos, instalações, estoques, máquinas e equipamentos. E justamente por envolverem vultosas quantias, têm seus riscos partilhados entre grupos de consórcios de seguradoras e entre grupos de resseguradores no mercado internacional.

Hoje o foco das seguradoras está na cobertura de construção naval, na negociação de apólices com cobertura semelhante à de riscos de engenharia de construção de um empreendimento. Para Humberto Siqueira, diretor comercial da Bradesco Seguros, trata-se de um mercado totalmente novo e com grande potencial de desenvolvimento, que engloba ainda a construção de embarcações fluviais, como barcaças e empurradores para o transporte de minério, grãos, derivados de petróleo, carretas, bem como rebocadores portuários e oceânicos, comboios oceânicos, barcaças-guindaste e barcaças para apoio offshore.

“Cada vez mais empresas entram nesse mercado, que apresenta um grande potencial de crescimento”, afirma Geiza Lima, gerente de marine da Aon Risk. Segundo ela, com índice de sinistralidade classificado como baixo, o seguro de construção naval apresenta poucos riscos. Para Geiza, a única preocupação do setor é com a qualificação da mão de obra. “Mas esse problema já vem sendo solucionado pelos estaleiros com a aplicação de programas de treinamento e qualificação.” Felipe Smith e Humberto Siqueira também consideram a melhoria na qualificação dos quadros técnicos dos estaleiros importante para a redução do risco da carteira, mas concordam que as empresas estão atentas à necessidade de resolver a questão.

Já para Alberto Mourão, os riscos são semelhantes aos de engenharia na construção de um empreendimento. “Devem ser avaliados vários aspectos, tais como o histórico de sinistros, os riscos geográficos, os procedimentos e processos do estaleiro de uma forma geral”, diz ele. O diretor de riscos industriais e comerciais da SulAmérica argumenta que “os sinistros podem ter proporções vultosas, principalmente no lançamento da embarcação, logo, apesar da baixa sinistralidade, torna-se necessária uma política de subscrição cautelosa”.

No que diz respeito ao resseguro, a coordenadora de Riscos Marítimos e de Transportes do IRB, Roberta Sermoud, ressalta que a  capacidade de produção dos estaleiros brasileiros de atender à grande demanda do setor de petróleo e gás é hoje um fator de risco. “Muitos estaleiros estão com várias encomendas e, até mesmo, sem espaço físico para estoque do material e construção. No que se refere à estocagem, percebe-se que, por falta de lugar, muitos equipamentos estão mal armazenados, o que pode danificá-los, gerando sinistro para apólice de construção.” Segundo ela, a saída para se conseguir cumprir o cronograma - apesar de não haver espaço para isso - é, em alguns casos, a parceria com outros estaleiros, onde as construções possam ser executadas a tempo. “Mas isso gera uma mudança no cenário de riscos”, continua, “porque o segurador/ressegurador precisa conhecer, também, o outro estaleiro, os procedimentos, quem construirá de fato a embarcação e as responsabilidades de cada um deles”.

Na avaliação da coordenadora do IRB, a instalação de novos estaleiros fora dos principais centros de construção é mais um fator de preocupação, que pode até mesmo resultar em risco. “Esses estaleiros tiveram, e ainda têm, que formar mão de obra, além de construir o próprio estaleiro. O segurador/ressegurador deve estar atento às consequências que isso pode gerar como atrasos nas obras, baixa qualidade na construção e possibilidade de maiores custos devido à distância dos centros de construção.”

Segundo ela, com essas alterações de cenário, “os seguradores/resseguradores precisam ser mais criteriosos, buscando vistoriar os estaleiros, revisar condições e restringir um pouco mais as coberturas geralmente oferecidas”.

 






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