Nascimento deve voltar aos Transportes e PSB, manter Portos

Os cargos ligados à área de infraestrutura de transportes para o governo de Dilma Rousseff entram em fase de definição. Crescem as chances de que o senador Alfredo Nascimento, presidente do PR, volte a assumir o Ministério dos Transportes, do qual saiu para disputar o governo do Amazonas. Os portos tendem a ficar com PSB, setor que também é alvo da cobiça do próprio PR e do PMDB.

O Valor apurou que Nascimento já teria conversado a presidente eleita e aceitado o convite para voltar ao cargo depois de perder as eleições. A equipe de transição do governo não confirmou a indicação de Nascimento, o qual também não se pronunciou. Na cúpula do PR, é dada como certa a recondução de Nascimento aos Transportes.

Mas a indicação do senador enfrentaria resistências, caso do ex-governador amazonense Eduardo Barga, eleito senador pelo PMDB. Se surgirem obstáculos ao nome de Nascimento, o que parece improvável, aparece como alternativa no PR para Transportes o deputado federal Milton Monti, eleito por São Paulo e que preside a comissão de viação e transportes da Câmara dos Deputados.

Na área de portos, o PSB, que controla o setor no atual governo, aparece com mais chances de manter a cadeira. Ainda não está claro, porém, se o ministro Pedro Brito, que comanda a Secretaria Especial de Portos (SEP) vai continuar no cargo ou se outro nome do partido poderá assumir. Brito tem o apoio do empresariado, em especial do segmento de terminais de contêineres, e o próprio ministro está em campanha para ser reconduzido. Ele não fala sobre o assunto.

Um dos planos de Brito seria dar mais musculatura à secretaria reunindo portos marítimos e fluviais. Quem defende a manutenção de Brito, cearense e próximo de Ciro Gomes, advoga que ele só não fez mais porque a estrutura da SEP está restrita aos portos marítimos. Por esse raciocínio, o ideal seria que a secretaria encampasse os portos fluviais e o Fundo de Marinha Mercante, hoje sob o guarda-chuva do Ministério dos Transportes e do PR. E ainda os portos secos, braço dos portos marítimos no interior, subordinados à Receita Federal.

"A descontinuidade administrativa é a grande causa do atraso nos portos. O ministro é pragmático, é disso que o país precisa", disse o presidente da Associação Brasileira de Terminais Portuários (ABTP), Wilen Manteli. Ele elogiou o processo de profissionalização das companhias docas, que padeciam de um deletério loteamento político-partidário. "Hoje, pode-se dizer que são geridas por profissionais de mercado", afirmou o secretário-executivo da SEP, Augusto Wagner Martins.

Pode residir aí o entrave à permanência de Brito. Uma fonte avalia que a gestão foi excessivamente técnica e manteve uma quase assepsia em relação à interlocução política, o que pode ter dificultado mais avanços. "O Lula é como a bíblia, você tem de interpretar. Na posse do ministro, o presidente disse que queria uma gestão técnica e Brito incorporou isso de maneira total." Outra fonte disse que Brito teria rejeitado indicações feitas pelo PSB para as docas e feito indicações pessoais nos quadros técnicos e gerenciais da SEP, sem acatar indicações do partido. Segundo a fonte, o PSB não defenderia a recondução de Brito.

No livro "Muito a Navegar", que lançou recentemente, Brito lembra que os portos sempre foram fonte constante de desgaste político. Em um trecho, afirma: "Na área portuária, no período em que a administração cabia ao Ministério dos Transportes, cada partido da base governista tinha sua fatia de indicações nas companhias docas. O partido mais forte indicava o presidente e os demais indicavam os diretores. É claro que esse método não poderia funcionar, porque o foco dos diretores nomeados era o alcance político do cargo, e não o negócio portuário em si, que é estritamente técnico (...)"

No livro, Brito se autodefine: "Sempre fui um quadro técnico." As possibilidades de ele permanecer à frente dos portos seriam na cota pessoal de Dilma ou por indicação do flanco cearense encabeçado pelos irmãos Cid e Ciro Gomes. No partido, também surgem como opções os deputados federais Beto Albuquerque (RS) e Márcio França (SP).

O atual presidente do Complexo Industrial e Portuário de Suape (PE), Fernando Bezerra Coelho, próximo a Campos, está cotado para ocupar o Ministério da Integração Nacional. O plano B para Coelho seria a SEP.

"Não analisamos indicações, preferimos ver os resultados da SEP: um ambicioso programa de dragagem em plena execução e o plano geral de outorgas, por meio do qual os empresários já sabem que áreas têm vocação portuária. São coisas que se estivessem diluídas numa estrutura gigantesca como a Pasta dos Transportes não estariam resolvidas", diz o presidente da Associação Brasileira dos Terminais de Contêineres de Uso Público, Sérgio Salomão.

A possibilidade de criação de uma pasta única para portos e aeroportos, como chegou a se cogitar, parece ter perdido força, assim como a retomada dos Transportes pelo PMDB. A ideia de que os portos voltem ao âmbito dos Transportes parece remota. O setor de navegação vê essa possibilidade com restrições. Considera que a Pasta dos Transportes não deu a devida importância à navegação, priorizando as rodovias.

Fonte: Valor Econômico/Francisco Góes e Fernanda Pires | Do Rio e de Santos

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