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Aumento do número de encomendas mostra que setor continua em expansão. Até 2014 novos estaleiros chegarão para competir pelo mercado

 

O cenário da construção naval brasileira mostra que o setor continua em expansão. Documento elaborado pelo Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore (Sinaval) no mês de maio, referente ao primeiro trimestre do ano, apontam que a carteira de encomendas dos estaleiros aumentou para 386 obras em andamento em comparação com 312 no final do ano passado.

A tonelagem de porte bruto (tpb), que mede a capacidade de carga de um navio, em construção nos estaleiros aumentou para 6,9 milhões de tpb frente aos 6,2 milhões ao final de 2011.

 

Já no número de empregos, o sindicato registrou uma diminuição. No último mês de março de 2012, o total de empregos diretos de trabalhadores em estaleiros brasileiros somava 58 mil pessoas, enquanto que no final do ano passado esse número era de 59 mil empregados. A redução do emprego, explica o Sinaval, indica reajuste normal nos estaleiros com a conclusão no final do ano passado do casco da plataforma semissubmersível P-55, do navio petroleiro João Cândido, no Estaleiro Atlântico Sul, em Pernambuco, e a finalização e entrega do navio de produtos Celso Furtado, no estaleiro Mauá, no Rio de Janeiro.

Mas a expectativa do sindicato é de que haja um aumento no número de empregos este ano em função da construção de novos navios para os quais foram concedidas prioridades de financiamento pelo Fundo da Marinha Mercante (FMM); da conversão de cascos para a construção de FPSOs no estaleiro Inhaúma, no Rio de Janeiro, das sondas de perfuração em construção ou com contratos anunciados com a Ocean Rig e Sete Brasil; e no momento de pico na construção das plataformas de produção de petróleo.

Das 19 plataformas de produção de petróleo que estão sendo construídas por estaleiros nacionais, 14 serão inteiramente feitas no Brasil. Cinco cascos foram convertidos em estaleiros internacionais. “É nítida a ênfase na construção local desses equipamentos, implantando no Brasil uma ampla capacidade industrial para atender à demanda do segmento de produção de petróleo offshore”, diz o documento do Sinaval.

Atualmente também estão em implantação os estaleiros Rio Tietê, em São Paulo; Jurong Aracruz, no Espírito Santo; UCN Açu, no Rio de Janeiro; STX Promar, em Pernambuco; e Enseada do Paraguaçu, na Bahia. Destas novas unidades, o estaleiro Rio Tietê será o primeiro da lista a entrar em operação. Concluído neste mês de agosto, a construção das primeiras encomendas foi iniciada no último mês de julho.

O estaleiro Rio Tietê (ERT) é o responsável pela construção de 80 barcaças e 20 empurradores para o Promef Hidrovia. O investimento no projeto é de R$ 432 milhões, dos quais R$ 371,34 milhões são provenientes de recursos do Fundo da Marinha Mercante, através da Caixa Econômica Federal. Com capacidade de transporte fluvial de 7,2 milhões de litros de etanol, o primeiro comboio — formado por quatro barcaças e um empurrador — tem entrega prevista para o próximo mês de dezembro. Os demais serão entregues a cada 60 dias.

O estaleiro foi construído com recursos próprios dos acionistas e demandou investimentos de R$ 30 milhões. A companhia entrou com um pedido de financiamento no Fundo da Marinha Mercante de 75% do montante, equivalente a R$ 22,5 milhões. Inicialmente previsto para entrar em operação no primeiro trimestre do ano, o estaleiro sofreu um atraso no cronograma de obras devido à necessidade de acréscimo significativo no volume de terraplanagem para adequação do terreno e ao afloramento de rochas. “Além disso, as áreas de piso e de oficinas cobertas foram aumentadas em 70% para melhoria da produtividade e aumento da capacidade produtiva, visando à manutenção do cronograma de entrega dos 20 comboios”, explica o diretor do ERT, Fabio Vasconcellos. O índice de conteúdo local das embarcações é de 92%.  

De acordo com o executivo, as obras para a construção do estaleiro concomitantemente às dos navios não trouxeram obstáculos à companhia, já que o estaleiro foi construído na mesma sequência da linha de montagem das embarcações. Portanto, todas as áreas necessárias para início do processamento de aço, cuja capacidade é de cerca de 20 mil toneladas por ano, foram programadas para estarem prontas para a finalização dos blocos.

Embora a companhia ainda não tenha novos contratos firmados, o estaleiro tem recebido consultas de empresas interessadas na construção de comboios tanto para carga seca como para derivados. “Já temos condições de assumir novos compromissos de construção para entregas de comboios ao longo de 2013”, avisa Vasconcellos.

O executivo também destaca que o país vive um período de demanda alta não só decorrente dos projetos ligados à produção de petróleo, mas também de uma maior procura pelo modal hidroviário em função da necessidade de minimização do custo logístico. Para aumentar a competitividade das commodities nacionais, o Brasil não pode, alerta ele, prescindir da logística hidroviária. “O governo federal deveria estudar com muita profundidade, para inclusão no PAC, a ligação entre as diversas bacias hidrográficas brasileiras através de canais artificiais, o que aumentaria de maneira significativa a participação do modal hidroviário, tirando milhares de caminhões das estradas e uma economia dramática no consumo de combustível fóssil e melhorando ainda mais a competitividade de nossos produtos no mercado externo”, avalia.

Outro novo empreendimento é o estaleiro Jurong Aracruz (EJA), que estará operacional a partir de junho de 2013 e concluído no final de 2014. “Hoje estamos em fase de terraplenagem e contratação das obras de construção do quebra-mar, cais e dique seco. Os guindastes e galpões estão em fase final de engenharia”, diz a diretora institucional do EJA, Luciana Sandri. O investimento no empreendimento, que será instalado no município de Aracruz (ES) e ocupará uma área de 825 mil metros quadrados, está estimado em R$ 1 bilhão, proveniente de capital próprio da companhia. O estaleiro contará com um dique seco, que terá 510 metros de extensão, 120 metros de largura e 11 metros de profundidade. O cais sul e o cais norte terão, respectivamente, 805 metros e 150 metros.

Antes mesmo de começar a operar, o estaleiro já tem uma encomenda de um navio-sonda e negocia com a Sete Brasil a contratação de outras cinco sondas de perfuração. Além disso, a companhia também está participando de processos licitatórios junto à Petrobras e negociando outras encomendas com potenciais clientes. Pertencente à  Jurong Shipyard, integrante do grupo Sembcorpmarine (SCM) de Cingapura, especializado em construção naval, o EJA terá um conceito integrado em construção e reparos navais e será focado em construções offshore, como barcos de apoio, plataformas de perfuração e de produção. Com capacidade de processamento mensal de aço de quatro mil toneladas, o estaleiro deve gerar 2,5 mil empregos durante a construção e seis mil na operação.

Segundo Luciana, por ser um polo metalmecânico e pela desmobilização de outros empreendimentos, a região onde o estaleiro está sendo implantado possui mão de obra qualificada. Ainda assim, a companhia está capacitando pessoal e criou um plano de transferência de tecnologia,  no qual estudantes do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes) serão beneficiados. Através do Programa de Cooperação Educacional entre Ifes e o Ngee Ann Polytechnic de Cingapura, alunos serão qualificados para o trabalho na indústria naval. Eles ficarão lá por um ano fazendo pós-graduação em tecnologia naval e estágio no estaleiro da Jurong. A ideia é que voltem como multiplicadores.

No mesmo ano de 2013 o estaleiro Enseada do Paraguaçu (EEP), localizado no município de Maragogipe, na Bahia, iniciará parte de suas atividades. A conclusão da unidade será totalmente finalizada em 2014. As obras civis começaram no último mês de julho após a finalização da terraplanagem. O investimento no projeto é da ordem de R$ 2 bilhões. Deste total, aproximadamente R$ 1,7 milhão serão provenientes de recursos do Fundo da Marinha Mercante. Quando estiver operando a plena capacidade, o EEP poderá processar até 36 mil toneladas de aço por ano.

Formado pelas empresas Odebrecht, OAS e UTC, o estaleiro terá como parceira tecnológica e sócia, com 30% de participação, a Kawasaki Heavy Industries (KHI). De acordo com o EEP, a joint venture garantirá transferência tecnológica para o desenvolvimento da indústria naval brasileira e capacitação de mão de obra local. Além do treinamento dos trabalhadores, já estão sendo fechadas parcerias com a Odebrecht para implementar o Programa Acreditar que, segundo o estaleiro, já qualificou mais de 50 mil profissionais no país. A expertise do Prominp, da Petrobras, também será aplicada na capacitação da mão de obra.

Além da construção de unidades de perfuração offshore e de produção, como plataformas fixas e flutuantes, o estaleiro também terá como focos navios especializados para apoio offshore, como PLSV, MSV e Construction Support Vessels. A companhia prevê a geração de três mil empregos diretos durante a construção e cinco mil após o início da operação do estaleiro, além de dez mil indiretos. De acordo com o EJA, no pico da obra cerca de 55% dos profissionais contratados serão prioritariamente da região.

Para o segundo trimestre de 2014 está prevista a conclusão do estaleiro considerado o maior das Américas. Mas a construção da UCN Açu prevê entregas parciais de importantes seções do estaleiro, que permitirão o início das operações já no primeiro trimestre de 2013. Neste período serão iniciadas as atividades operacionais da área de montagem junto ao cais norte, da área industrial, do cais para o primeiro FPSO. De acordo com a OSX Construção Naval, as dimensões e o projeto do estaleiro, especialmente dos cais e das áreas de montagem, permitem a entrada em operação em fases sucessivas, sem interferência significativa com a conclusão das obras.

A OSX atualmente possui 21 unidades em sua carteira de pedidos. Deste total, 16 já estão previstas para serem construídas no UCN Açu ao longo dos próximos anos. No segundo e quarto trimestres de 2014 estão previstas as entregas dos FPSOs OSX-4 e OSX-5, respectivamente. Também no quarto trimestre de 2014, o estaleiro entrega à Sapura Navegação Marítima um PLSV (Pipe Laying Support Vessel), destinado ao lançamento e instalação no fundo do mar de linhas submarinas flexíveis. As plataformas fixas de produção de petróleo WHP-3 e WHP-4 para a OGX ficarão prontas em 2015. Com a Kingfish do Brasil o estaleiro também tem contratos para a construção de 11 navios-tanque do tipo MR (Medium Range) que serão entregues entre o segundo trimestre de 2015 e o quarto trimestre de 2017.

Com capacidade de processamento de aço de 180 mil toneladas por ano expansíveis até 400 mil toneladas anuais, o estaleiro estará capacitado a construir ainda embarcações mais complexas, como semissubmersíveis, TLWPs e navios-sonda. Para a construção da UCN Açu, cujas obras foram iniciadas em julho de 2011, a OSX contratou com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e com a Caixa Econômica Federal (CEF) o financiamento com repasse de recursos do Fundo de Marinha Mercante,  no valor aproximado de R$ 1,35 bilhão cada, totalizando cerca de R$ 2,7 bilhões, que é parte do total estimado em aproximadamente US$ 2 bilhões a serem investidos.

O prazo do financiamento é de 252 meses para ambos os agentes financeiros, com 42/36 meses de carência para amortização de principal e 36/30 meses de carência para pagamento de juros junto ao BNDES e CEF, respectivamente. A taxa média de juros prevista é de US$ + 3,38% ao ano com pagamentos mensais junto às amortizações de principal após a carência. A prioridade do apoio financeiro contratado pela OSX junto ao BNDES e CEF foi aprovada pelo Conselho Diretor do Fundo da Marinha Mercante (CDFMM) em junho do ano passado.

De acordo com a OSX, a UCN Açu vai gerar cerca de 14 mil empregos, dos quais quatro mil na fase de construção e outros 10 mil na etapa de operação. Para treinar e capacitar profissionais dedicados às carreiras que compõem as equipes da UCN e da OSX, a companhia concebeu e implementou o Instituto Tecnológico Naval (ITN). Em parceria com a Firjan, por meio do Senai-RJ, o instituto contará com investimentos de cerca de R$ 13 milhões para a formação de técnicos qualificados para o empreendimento e viabilizará a capacitação de 3,1 mil profissionais neste ano.

Após duas semanas de inscrições, realizadas no último mês de abril, o programa de qualificação profissional em construção naval teve mais de 19 mil interessados dos municípios de Campos dos Goytacazes e São João da Barra em concorrer as vagas. Os candidatos selecionados recebem uma bolsa auxílio. De acordo com a OSX, são 23 cursos gratuitos em metalmecânica, eletricidade, metalurgia, automação/instrumentação, petróleo, operação automotiva, construção civil e gestão. Parte desses cursos tiveram suas aulas iniciadas no último mês de junho nas duas localidades do norte fluminense.

Enquanto os novos estaleiros não entram em operação, os atuais continuam com a construção das embarcações a todo vapor. (DJ)

 



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