A OGX está prestes a conseguir entre US$ 150 milhões e US$ 200 milhões com novos investidores. Os recursos seriam suficientes para a companhia terminar o campo de Tubarão Martelo e o campo adquirido da Petrobras BS-4. Como parte da negociação, a companhia trocou o núcleo central da direção.
Ricardo Knoepfelmacher, sócio da Angra Partners, assume o comando da empresa, na prática. Ele se muda para a petroleira já amanhã. A consultoria, especializada em reestruturações, deixa a holding EBX e concentra seus esforços na petroleira do grupo, a OGX - principal fonte de problemas do grupo.
Após essa capitalização, a recuperação judicial da OGX estará nas mãos dos detentores de bônus. Caso eles aceitem converter os títulos de dívida em ações, a empresa não precisaria mais pedir a recuperação. Este mecanismo só será acionado se houver necessidade de preservar o negócio e o dinheiro novo das exigências dos credores.
Os investidores que trarão o dinheiro novo serão os novos donos da OGX. Eike e os minoritários serão diluídos brutalmente, em troca da continuidade da empresa.
O Valor apurou que deve ser oferecido aos credores uma espécie de preferência, uma forma de participarem do bloco de controle da petroleira ao lado daqueles que serão os novos donos.
Caso não haja acordo, nenhuma medida oficial deve ser tomada antes do fim do chamado período de "cura" - a decorrência dos 30 dias desde que a OGX deixou de pagar US$ 45 milhões aos donos dos bônus, no dia 1º deste mês.
A saída de Luiz Eduardo Carneiro da presidência foi confirmada ontem à noite. Apesar de Ricardo K, como é conhecido, estar à frente dos trabalhos, Paulo Narcélio, que recentemente assumiu a diretoria financeira no lugar de Roberto Monteiro, acumula funções oficialmente. No estatuto da empresa, ele constará como presidente.
Outra modificação é a saída do diretor jurídico José Carlos Favaret. Ele será substituído por Darwin Corrêa, que também esteve ao lado de K na Brasil Telecom.
Ontem, na expectativa de novidades, as ações da OGX subiram 47,8%, para R$ 0,34. O valor de mercado da empresa voltou a superar R$ 1 bilhão - depois de ter ficado abaixo de R$ 650 milhões.
A notícia se espalhou no fim da tarde. Conforme apurou o Valor, as conversas tidas como "essenciais" começaram a ser feitas. Os principais bancos credores do grupo foram comunicados das modificações, bem como outras interlocuções do empresário.
Na segunda-feira, para mostrar a sua disposição de fazer um acordo e encontrar uma solução, o próprio Eike manteve contato via telefone com os detentores dos bônus. Tudo na intenção de acalmar as conversas e buscar um entendimento comum.
A despeito de as conversas com os donos dos bônus, na semana passada, terem melhorado, a OGX manteve contato com investidores nacionais e internacionais. Apesar de haver um líder com uma proposta à frente dos demais, existem quatro interessados na capitalização da empresa - o apetite vem de fundos internacionais e domésticos.
A migração da Angra Partners da EBX para a OGX foi uma solicitação dos próprios potenciais novos investidores, que queriam encerrar o capítulo das frustração de expectativas com o negócio. Mesmo assim, ainda havia comentários sobre o mal estar gerado com a exigência feita a Eike, por antigos diretores, para que honrasse o compromisso de capitalizar a empresa em US$ 1 bilhão.
A transição também foi possível porque já houve uma solução definitiva para MMX e LLX - a MPX já havia resolvido as questões antes da chegada de Ricardo K.
No mercado, surgiu um leve temor com as mudanças, a respeito da continuidade no corpo técnico. O Valor apurou que o núcleo operacional será mantido, para não afetar o ritmo das atividades.
As conversas com investidores potenciais e credores evoluíram com maior tranquilidade após o novo relatório da DeGolyer & macNaughton que aponta reservas da ordem de 90 milhões de barris para Tubarão Martelo. Outro pedido feito foi uma auditoria para verificação dos contratos da empresa.
Fonte: Valor Econômico./Graziella Valenti e Rodrigo Polito | De São Paulo e do Rio
PUBLICIDADE