Até o fim de 2025, os investimentos privados devem representar 72,2% do total aplicado em infraestrutura no Brasil, especialmente nos setores de energia, transportes e saneamento. A previsão é de que o setor receba R$ 277,9 bilhões neste ano, segundo estudo inédito da Confederação Nacional da Indústria (CNI), realizado pela Inter B Consultoria. Em 2023, o capital privado respondeu por 70,5% dos R$ 266,8 bilhões investidos. Desde 2019, mais de 70% dos recursos para infraestrutura vêm da iniciativa privada.
Apesar dos avanços, o Brasil ainda enfrenta obstáculos significativos para modernizar sua infraestrutura, entre eles entraves regulatórios, morosidade no licenciamento ambiental e volume de investimentos insuficiente. O presidente da CNI, Ricardo Alban, ressalta que o crescimento do aporte financeiro, embora relevante, não é suficiente por si só. Ele aponta que juros elevados e um ambiente macroeconômico desfavorável dificultam a atração de novos investimentos, afetando diretamente a competitividade e o bem-estar da população. A modernização da infraestrutura, segundo Alban, é crucial para reduzir desigualdades e estimular o crescimento sustentável.
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Em 2024, os investimentos em infraestrutura alcançaram 2,27% do PIB, um aumento de 0,24 ponto percentual em relação ao início do ciclo 2021-2024. Para 2025, a projeção é de 2,21% do PIB, com destaque para avanços em saneamento básico e transportes, além de pequenas altas em telecomunicações e energia elétrica. Em valores, os setores mais contemplados em 2023 foram energia elétrica (R$ 112,8 bilhões), transportes (R$ 84,6 bilhões), saneamento (R$ 41,1 bilhões) e telecomunicações (R$ 28,3 bilhões).
O Brasil, com suas dimensões continentais e protagonismo na transição energética, é considerado um destino promissor para investimentos em infraestrutura, especialmente pela força da agroindústria e do potencial de descarbonização com energias renováveis. Para Roberto Muniz, diretor de relações institucionais da CNI, o principal desafio está em mobilizar mais recursos privados e qualificar os investimentos públicos, garantindo retorno social efetivo. Segundo ele, a expansão da participação privada exige um ambiente de negócios estável, com menor custo de transação e menos barreiras à entrada.
O estudo da CNI aponta oito pilares para modernizar a infraestrutura brasileira: transformar os investimentos em política de Estado; ampliar os recursos públicos de forma responsável; planejar com rigor e foco no retorno social; assegurar segurança jurídica; fortalecer a regulação e as agências reguladoras; ampliar o papel do mercado de capitais; garantir protagonismo ao BNDES na estruturação de projetos sustentáveis; e aumentar gradualmente os investimentos até atingir 4% do PIB.