A OGX, petroleira do empresário Eike Batista, começa só agora e integrar o processo de reestruturação do grupo EBX, apesar de ser justamente o maior problema do conglomerado.
A mudança na diretoria financeira - com a demissão de Roberto Monteiro e a rápida eleição de Paulo Narcélio - coloca a empresa dentro da estratégia centralizada, que está sob a coordenação de Ricardo Knoepfelmacher, da Angra Partners.
Narcélio é velho conhecido de Ricardo K, como o reestruturador é chamado. No passado, trabalharam juntos na Pegasus Telecom e na Brasil Telecom. Narcélio fez ainda a abertura de capital do UOL e atualmente estava na Locaweb.
A OGX, mais recentemente, estava apartada de Eike Batista. A empresa e suas alternativas de reorganização financeira vinham sendo conduzidas quase que exclusivamente pela administração executiva - pressionada pela tensa situação e com uma relação de desconfiança com o controlador desde que os problemas se agravaram.
Agora, o futuro da petroleira volta para as mãos de Eike, ou mais propriamente, vai para as de K - que cuida pessoalmente de tudo.
A esperada renúncia do atual presidente Luiz Carneiro pode não ocorrer. A EBX quer tentar manter o executivo, por conta de seu conhecimento e reputação, e tem se esforçado para isso.
A negociação entre a OGX e os detentores dos bônus internacionais vinha sendo conduzida por Monteiro, com assessoria da Blackstone. A estratégia não estava de acordo com o que o conselho julgou mais apropriada para a situação da empresa.
A percepção é que as soluções desenhadas estavam mais favoráveis aos credores do que à OGX. Por isso, a mesma reunião de conselho de administração de domingo à noite que elegeu Narcélio também optou por contratar mais um assessor para o diálogo com os investidores dos bônus, o Lazard Signature - com grande experiência no mercado como representante de empresas em negociação com credores. O chefe do Lazard para essas situações é David Kurtz, que será o representante da companhia.
Os bônus, um volume de US$ 3,6 bilhões, representam a maior parte da dívida da OGX. A petroleira ainda tenta levantar novos recursos para explorar o campo de Tubarão Martelo. São necessários mais US$ 500 milhões para iniciar a produção.
O envolvimento do Lazard com a OGX irá além da negociação com os detentores dos bônus. Ele também buscará investidores. Ontem mesmo já passou o dia reunido com investidores.
Mesmo em busca de novos recursos, a companhia também se prepara internamente para um possível processo de recuperação judicial. Em duas semanas, tudo que for necessário deve estar pronto para essa medida - se for considerada a mais conveniente.
Pelas regras de processos como esses, aqueles que colocam dinheiro novo no negócio têm prioridade sobre os demais credores. Há um mercado especializado no financiamento de companhias em situações como essas. A particularidade da OGX - o que torna o caso um desafio maior - é o fato de não ser ainda uma empresa produtiva.
Fonte: Valor Econômico/Graziella Valenti | De São Paulo
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